Twenty

21 1 7
                                    

"My father gave me the greatest gift anyone could give another person, he believed in me."
Jim Valvano

- Rafael Peterson

Me olhei no pequeno espelho uma última vez, precisa demonstrar força e coragem, acho que o terno cinza chumbo conseguiu transmitir bem isso. Os policiais já me esperavam do lado de fora, eu seria levado no carro de Josephine e um policial iria conosco, por mera precaução.

Chegamos no tribunal em poucos minutos, de cara percebi que várias pessoas se encontravam do lado de fora. Elas gritavam alguma coisa, segurando cartazes na entrada do edifício, pareciam furiosas. O prédio era bem majestoso, acho que para impor poder, ainda assim, era feito de tijolinhos vermelhos, como várias construções em Leeds.

Entramos por uma porta dos fundos, no intuito de evitar a confusão, logo percebi que aquelas pessoas estavam contra mim, provavelmente queriam me matar ou algo do tipo, o que fazia muito sentido.

Josephine nos levou até uma sala, que mais parecia um escritório devido às suas várias estantes de livros e da escrivaninha no centro. Nela pudemos nos preparar para o julgamento, revisar tudo o que seria perguntado e o que eu deveria falar. Ela já havia me avisado isso antes, mas fez questão de repetir com as seguintes palavras: " desprovemos de quaisquer chances de o senhor ter como sentença final a sua inocência", traduzindo: você se fodeu! 😀👍🏻

Mesmo assim, eu sabia a importância do dia de hoje, se eu fizesse tudo certo poderia pegar uma pena menor. Tudo o que eu teria que fazer era admitir todos os meus crimes, isso reduz a pena consideravelmente por diversos motivos que Josephine me explicou, mas que eu já esqueci todos.

Minha advogada estava ajeitando seus papéis e revisando alguns detalhes dos argumentos que ela iria utilizar, quando alguém bateu na porta. Josephine não deu tanta importância, mas pediu para que a pessoa entrasse. Provavelmente pensou que era um dos milhões de estagiários que ela tinha que não paravam de segui-la nem por um segundo, ambos pensamos isso, mas estávamos levemente enganados quanto a isso.

A porta começou a ser aberta numa velocidade torturante, era tão devagar que acentuou o ranger estridente causado pelas dobradiças enferrujadas. Fiquei encarando a porta com uma careta, pronto para fuzilar com o olhar quem quer que fosse o idiota que estivesse causando aqueles barulhos agonizantes. Até Josephine parou o que estava fazendo para olhar irritada na direção  em que os rangidos vinham.

De repente, um sorriso lindo, e agora já familiar, surgiu detrás da porta. Quase caí da cadeira de surpresa, literalmente quase caí, porque eu estava me balançando na hora em que Laura entrou na sala, o susto foi tão grande que me obrigou a me segurar com força na mesa para que eu não caísse com tudo para trás.

- Oi - ela disse sorrindo - Desculpa por isso - direcionou sua cabeça para a porta. Pelo menos ela notou o que ela fez.

Eu estava prestes a cumprimenta-la quando Josephine me interrompeu.

- Você não tem permissão de entrar aqui. Estamos com o réu do caso... - ela estava falando séria, e até mesmo irritada, quando Laura a ignorou por completo e veio me dar um abraço.

- Desculpa, moça, mas eu preciso falar com meu namorado. - ela disse depois de me abraçar, o que fez Josephine bufar, ao contrário de mim, que abri um sorriso de orelha a orelha. Eu não podia ter surpresa melhor.

Sob as mesmas estrelas Onde histórias criam vida. Descubra agora