Capítulo 2

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"Talvez o seu pouco seja o meu muito" L.N

     Nine Threads vem de uma família rica, tem dois irmãos, um de oito anos e outro de onze. Ela costuma me contar por horas a fio sobre sua vida, sua família.

Eu sentia uma certa empolgação até mesmo nas brigas e nas coisas que os irmãos aprontavam. Era irritante para ela, mas dava para ver que Nine não conseguiria viver sem eles. E era em momentos como esses, em que as pessoas falavam de seus pais, irmãos, tios, cachorros... tudo aquilo que lembrava a família, eu sentia um aperto no peito em não saber quem eram meus pais, de onde eu vim, e por que me deixaram na porta do orfanato.
Meu coração anseia por isso!

    Quando criança eu corria atrás da Sra. Estela pedindo para que ela me contasse pelo menos um pouco sobre o dia em que eu cheguei.
     Ela me contou a dramática história de que me viu pela primeira vez com apenas com uma manta velha e uma pulseira escrita "Mirella". Bem, eu me chamo assim por causa daquela mistoriosa pulseira. Alguém colocou em mim, e eu queria tanto conhecer esse alguém! É perdi muito?
Mas até agora, eu continuo sem respostas, e continuo sem a pulseira desde o dia que David foi embora. Que saudade daquele pestinha...
A Sra. Estela, depois de falar essa parte misteriosa da minha chegada, concluía de seu jeito rude.

-Você não foi desejada, isso acontece em algumas famílias... os pais simplesmente não queriam ter filhos, e, para não fazer coisa pior, os deixam em um orfanato qualquer. - Ela me olhou com desprezo, antes de finalizar - Agradeça por eu ter acordado bem cedo no dia que você estava na porta!

- Obrigada, Sra. Estela! - Eu a abracei, sem ligar para o jeito ofensivo que ela me tratava. Hoje em dia eu ligo mais do que deveria quando ela me trata desse jeito. 

- Nunca se deixe levar pelas emoções, elas podem te consumir. Viva pela sua razão, Mirella!

     E lá vinha ela com suas frases prontas.
     Mas eu constatei que era estranho o que ela me disse: o fato de eu não ser deseja. Porque eu tinha uma pulseira... tá bem, era uma coisa simples, mas era algo que fazia eu me sentir amada! Então eu preferia acreditar que o problema fosse dinheiro, que talvez meu pais não tivessem o suficiente nem para manter a si mesmos, por isso me deixaram lá.
      "Ou talvez não. Talvez ninguém um dia me quis. Talvez..." Meus pensamentos me atormentavam com isso.
      Mas como e onde eu encontraria resposta para tantos questionamentos?

                      🌻🌻🌻

      No final de semana estávamos liberados do I.E (Internato Evermmy) para irmos as nossas respectivas casas (no meu caso, Orfanato).
      Eu ainda não havia conversado com Nine. Ela tentou falar comigo mais eu me convenci de andar o mais rápido possível pelo corredor lotado, e por fim, ela desistiu.
Eu estava no estacionamento, quando Jack se aproximou, enquanto eu procurava com os olhos o carro cinza da governanta.
- Falou com Nine? - Ele perguntou de imediato.
- Oi para você também, Jack - falei com sarcasmo.
- Foi mal, Ella. Eu só estou tentando ajudar, fico preocupada com vocês duas... Com a nossa amizade.
- Cara, eu realmente estou mais estressada que o normal...
- Então... Você não falou com ela?
- Não. E eu realmente não quero. Eu espero que você entenda... - suspirei.
- Mas ela quer falar muito com você! Mirella, você tinha que ver como ela ficou te procurando pelo corredor.
- Jack, não se preocupe... eu não sou a única amiga dela. Na segunda converso com Nine e vai ficar tudo certo - Disse com um sorriso fraco.
- Assim eu espero - Jack não argumentou mais.
     Nine é popular e extrovertida, vai ficar bem sem mim, e ele sabia disso.
     Me despedir de meu amigo quando percebi a aproximação do carro da Sra. Estela. Ele se juntou aos meninos do time de basquete que ele fazia parte.
    Julie e Grisela caminharam em direção ao carro, sem antes entregarem suas bolsas gigantes para mim. Adiantava reclamar? Eu corria o risco de levar uma bronca daquelas da governanta e eu estava sem nenhuma paciência para escutar sermão.
As meninas entraram no carro e colocaram os fones de ouvido. Elas ignoraram perfeitamente a mim, e a mãe delas fez o mesmo, já que apenas se dirigia as filhas enquanto perguntava como foi a semana das mesmas.
      Mas antes de irmos, pude ver pela janela do carro, o rosto sorridente de Nine, enquanto recebia um abraço apertado de sua mãe. Eu sentia falta disso. E é estranho sentir falta de algo que nunca teve.
     No entanto, eu lembrei de algo, ou melhor, de alguém, que me esperava ansiosamente no orfanato! Instantaneamente abri um sorriso, que vinha carregado de expectativas para aquele final de semana!

                         🌻🌻🌻

O que será que espera Mirella no Orfanato? hahaha

Votem e comentem, bjs <3

Obs.: Os capítulos estão sendo postando em dias bem aleatórios, mas aos poucos vou normalizar e postar em um dia específico da semana. ;)

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