Capítulo 1

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Manchete

  -Obrigada pela participação.-olho para a câmera e escuto um "corta". Essa palavra me alivia só de pensar que conclui mais uma reportagem.
  Guardo meus pertences em meu armário e vou para a sala do diretor.
  -Que bom que chegou,Gabi!-ele se vira na cadeira assim que entro- Sente-se.- aponta para a cadeira em sua frente-Gostaria de voltar à sua antiga cidade? Sei que gosta de lá.
  -Sim! Com certeza!- me animo- Mas com sua permissão, claro.- abaixo o tom.
  -E terá minha permissão! Pois vai à trabalho.
  -Ah, sim.- já estava fazendo os planos em minha mente para quando encontrasse a minha família. Pelo jeito ele é o senhor estraga prazeres.
  -Será um trabalho divertido, te garanto.- ele pega alguns papéis que estavam espalhados em sua mesa- Você irá entrevistar um assassino.
  Só pode estar brincando!
  -Aqui nesta ficha está tudo a respeito dele.- ele me entrega- Te dou um mês e três dias para me trazer uma matéria completa sobre o caso.
  -Mas...
  -Patrick irá com você e partirão amanhã de manhã.- ele se levanta- Tudo bem?
  Me levanto para apertar sua mão:
  -Sim! Não irá se decepcionar!

  Ando de um lado para o outro em minha sala. Estou com medo, muito medo.
  Um assassino?! Ele poderá me matar a qualquer momento! Sem falar que algumas perguntas podem irritá-lo.
  -Gabriela?- escuto alguém bater na porta. Espero que não seja o diretor novamente.
  Abro:
  -Ah, oi Patrick!
  Foi o máximo que consegui demonstrar a minha animação.
  -Como vai?- ele passa por mim e entra na sala- Já organizei todas as minhas coisas para amanhã! E você?
  Olho para a minha mesa:
  -Estou organizando.
  -Sei que ainda não leu a ficha do pobre rapaz,- POBRE RAPAZ? ELE É UM ASSASSINO!!!- mas estou pedindo para não ler ainda. Quero ler junto com você, assim que chegarmos lá.
  -Tudo bem.-concordo.
  -Vamos ser uma dupla brilhante, acredite!- ele aumenta o seu sorriso.
  -O diretor Wilson já conversou com você?
  -Já sim.- ele vem em passos lentos até mim- Até amanhã, Gabriela.
  Sorrio e fecho a porta assim que ele sai. Espero que este trabalho não seja tão difícil quanto estou imaginando.

  Chegando em casa resolvi ligar para os meus pais, dando a notícia.
  -Não irei ficar muito tempo, ok?
  -E pode ficar tranquila que não iremos te atrapalhar, querida.- diz meu pai. Consigo imaginá-lo sorrindo do outro lado da linha.
  -Só preciso de mais um quarto e tudo estará certo.
  -Mais um quarto? Pra quem?- meu pai fala, confuso.
  -Pro meu parceiro. O Patrick.- torço para esta informação não tê-los animado muito. Por causa da minha escolha de não me relacionar com ninguém até subir de cargo, eles vivem no meu pé tentando mudar a minha opinião.
  Fica um silêncio.
  -Pai?- digo.
  -Sem problemas, ele terá um quarto ao lado do seu!
  -Mas ao meu lado é o quarto da Alice.
  -Tenho que desligar agora, querida.- ele diz com pressa.
  -Ok. Até amanhã.
  -Até.- e desliga. Achei estranha a mudança de assunto repentino. Mas tudo bem.
  Vou para o banho, mas antes, vejo a última postagem de Patrick. Admiro o quão social ele é. Isto certamente não combina comigo. A legenda dizia: "Já estou com saudade de casa." Drama também não combina comigo.      
  Curti e entrei no banho.

  Acordo com o toque do meu celular extremamente alto. Tenho que me lembrar de mudar isto.
  -Alô?- me sento na cama ao atender.
  -Bom diaaaa!!!- grita Patrick- Estou na calçada te esperando.
  -Mas...
  Ele desliga.
  Corri para o banheiro e me troquei. Quase esqueci o celular ao fechar a porta. Desci rápido as escadas e o vi encostado em um poste. Sorri ao ver a cena.
  -Dormiu bem?- ele abre um sorriso.
  -Sim, e acordei melhor ainda!- espero que tenha entendido a indireta e que fui irônica.
  -Eu sou um ótimo despertador!- ele sorri e começa a andar ao meu lado. É, ele entendeu.- Deixa eu adivinhar... não tomou café?- balanço a cabeça, negando- Sabia!
  Andamos juntos até a cafeteria. Pessoas ao nosso redor nos olhavam; e pareceu chamar ainda mais a atenção assim que sentamos juntos. Dava vontade de gritar:"SOMOS APENAS PARCEIROS!", mas também iria soar estranho e suspeito.
  -Não vejo a hora de começarmos a investigar!- Patrick diz animado, assim que o seu café é colocado na mesa. É tão organizado que até as gotinhas de seu adoçante são contadas e caem perfeitamente. Me irrita e me seguro para não revirar os olhos.
  -Será apenas uma entrevista.- com um assassino;completei mentalmente.
  -Não, não!- ele mastiga o seu bolinho e faz uma pausa até terminá-lo- Será emocionante e a melhor matéria que todos já viram, pois vamos trabalhar juntos!
  A última palavra me deu um frio na barriga. Uma mistura de medo e ansiedade.
 

Repórter de um crimeOnde histórias criam vida. Descubra agora