Repórter de um crime

Capítulo 5

Quebrando a cabeça

    Após eu e Patrick chegarmos em casa e organizamos todas as nossas descobertas do dia, vimos que já dava para ter uma conversa com o senhor Wilson.
    -O que vocês tem à me dizer, meus jornalistas preferidos?- ele só estava puxando o nosso saco pois já suspeitava de que tínhamos novidades- Estou ansioso para ouvir!
    -Hoje fomos pela segunda vez até a delegacia e tivemos mais tempo com o assassino.- eu disse ao pegar o caderno com as anotações. Wilson me fez voltar a atenção para ele, assim que ergueu a mão indicando um pare.
    -Quero que me enviem por escrito tudo o que descobriram.- ele nos encarou, arrumando seu óculos- E se acharem que está encerrado, podem voltar ao meu encontro.
    Eu e Patrick nos olhamos. Ainda faltavam peças nesse quebra-cabeça para procurar e montar tudo em seu devido lugar.
    -Vamos ficar por mais alguns dias.- Patrick disse- Creio que com mais informações, a notícia será impactante!- ele disse a última palavra lentamente, parecendo querer que Wilson desse atenção à ela e concordasse.
    -Tudo bem. Me mandem amanhã o resultado e continuem com a busca. Até mais!- e desligou.
    Mais uma vez me senti tranquila e pude respirar normalmente após a chamada de vídeo ser encerrada. Acho que por Wilson ser nosso chefe, sentia que devia mostrar as minhas melhores qualidades à ele e isso me deixava nervosa e sobre pressão.
    -Você irá revisar a notícia e mandar para ele?- disse Patrick que foi caminhando até a porta e se virou para mim- Eu queria sair hoje.
    -Sim, pode deixar!- falei animada, mas não estava muito. As sextas-feiras eu costumava descansar após chegar do trabalho. Isso quer dizer que não costumava revisar notícias importantes. Mas como ele está sendo um bom parceiro, aceitei e não demonstrei tédio.
    -Muito obrigado, Gabi! Sua competência me dá orgulho!- disse isso e saiu da sala de pesquisas, pulando. Não sei se o motivo era eu ter aceitado fazer a tarefa, ou estava animado pro lugar que iria. Não quis me intrometer.

    Às dez da noite terminei a manchete. A história de Jack parecia com a de qualquer um, por isso, antes pesquisei seu histórico na Internet. Nada. Tudo normal. Por quê não me dá mais respostas sobre o que aconteceu, heim Jack? pensei.
    Fechei o notebook e fui para o meu quarto ler um livro. Estava cansada, mas ainda tinha ânimo para uma boa leitura. Durante os primeiros capítulos, percebi que todos naquela história tinham um segredo. Me lembrei rapidamente de Jack William. Eu sabia que como nós (eu e Patrick), não somos seus amigos, seria difícil de ele nos contar alguma coisa/segredo íntimo. Apenas o tempo irá nos dizer e talvez provar o contrário da minha opinião.
    Fui até a cozinha pegar um copo d'água e vi meu pai sentado na cadeira em frente a mesa, montando um quebra-cabeça. Me sentei ao seu lado.
    -Sem sono?- ele me disse, sem me olhar. Estava muito concentrado nas peças.
    -Pelo contrário. E você?
    -Estou sem sono. O perdi assim que me deitei na cama, e então me lembrei deste antigo quebra-cabeça e resolvi montá-lo.- sorriu, parecendo relatar um acontecimento normal que fazia todas as noites.
    -Mas já está tarde, pai!- toquei em sua mão, fazendo com que olhasse para mim- Quer ajuda?
    Ele concordou e começamos a resolver aquele sonolento e divertido enigma de quebrar a cabeças.

    No outro dia de manhã, minha mãe disse que iríamos todos almoçar fora, já que era sábado. Concordei e quis aproveitar o seu momento de bom humor.
    Como hoje não era dia de entrevistas (pelo menos não para Jack William), Patrick se animou com a ideia de sair para um lugar que não fosse a delegacia. Não entendi muito bem, já que estava saindo à noite.
    Entrei na sala de pesquisas e enviei por e-mail a manchete para o senhor Wilson. Talvez ele demorasse para me dar uma resposta, já que tinha o costume de sair com a sua família nos finais de semana.
    Patrick se sentou ao meu lado na cama, lendo a manchete. Parecia gostar, pois seu sorriso aumentava a cada linha.
    -Realmente fizemos um bom trabalho, Gabi! Estou orgulhoso!- me disse ao terminar de ler.
    -Mas ainda não acabou. Certo?
    -Certo! E ninguém irá nos impedir de concluir essa matéria!
    -Nem a agente Lopes?
    -Esqueci dela.
   Nós dois rimos e fui para o meu quarto me arrumar para o tão esperado almoço em família no sábado. Meus pais estavam incluindo Patrick nisso, e isso me deixava feliz.
    Dei uma olhada no celular e havia mensagem de uma antiga amiga minha. Devia estar sabendo que estou na cidade.

    Olá!!! Podíamos combinar de sair hoje, como nos velhos tempos de amigas, o que acha?

    Estava pensando em como não ser mal educada em dizer não ao seu convite. Sara sempre foi uma boa influência para mim. Só nos separamos porquê me mudei e nos afastamos. Pensando bem, seria bom vê-la novamente.

    Sim! Me encontre na sorveteria mais popular daqui, às 15h. Não se atrase! ;)

    Mas é claro que também iria tirar vantagem disso e concluir mais um pedacinho desse mistério chamado Jack William. A sorveteria me daria mais respostas!

    Chegamos no restaurante e meu pai teve a grande ideia de tirar uma foto, para guardar de recordação daquele dia. Chamou um garçom e arrumamos as nossas cadeiras para ficarmos perto um do outro. Patrick estava se segurando para não rir, porquê achava o momento muito engraçado. Minha mãe sorria de orelha à orelha; certamente orgulhosa por conseguir reunir todos para um almoço. Meu pai demonstrava seu maior e sincero sorriso. Isso sim que me deixava orgulhosa. Ele não forçava só porque estava prestes a ir para uma foto. E eu, fiz o meu sorriso simples, o mesmo de sempre, mas feliz por estar ali, com eles. Com certeza colocaria esta foto na minha mesa de trabalho e me lembraria desta cena.
    Durante a refeição, falamos sobre vários assuntos, menos sobre a minha irmã. Por um lado agradeci, pois se comentasse qualquer coisa sobre ela, o clima ficaria tenso.
    Estava ansiosa para que chegasse a hora de eu ir até a sorveteria. Meu instinto de jornalista me dizia que lá teria mais respostas do que eu esperava. Comentei com Patrick sobre, mas disse para ele fingir que não nos conhecíamos. Seria melhor para não tirar a nossa concentração durante a pesquisa. Além do mais, eu não teria que ficar respondendo perguntas de Sara sobre quem era ele.
    Tudo estava sobre controle.