Repórter de um crime

Capítulo 8

Nova proposta

    -Gabriela?- ouvi meu nome sendo pronunciado por uma voz feminina do outro lado da linha- É a agente Lopes. Está ocupada?   
    Olhei assustada para Patrick.   
    -Desculpa de te ligar a esta hora, mas é muito importante.- Luísa insistiu.          -Ok, pode falar.- Patrick já me encarava com uma expressão confusa no rosto. Pensei em colocar a ligação no vivo a voz, mas repensei ao perceber que a conversa era importante e sigilosa.
    -Pesquisei sobre o seu trabalho e desempenho. Vejo que tem se dedicado muito a profissão, Gabriela.   
    -Sim.- um sorriso apareceu em meus lábios com o ótimo comentário da agente. Por que estaria pesquisando sobre mim?   
    -E vi também que sua família mora aqui, e não na cidade em que trabalha.- ela deu uma pausa- Isso não te incomoda?   
    -Sim.- eu estava olhando para um ponto no quarto enquanto Patrick mudava as expressões em cada palavra que eu dizia.- Mas eles aceitaram a minha decisão, então não tem porquê eu mudar de ideia sobre isto.  
    -Entendo.- percebi que o seu tom de voz se abaixou. Imagino que esteja pensando nas próximas palavras- Podemos marcar de nos ver amanhã de manhã? Quero conversar pessoalmente. Ah, e sem o Patrick. Por favor.   
    -Tudo bem.   
    -Então até amanhã,Gabriela.- e desligou.      -Era o senhor Wilson?- perguntou Patrick ainda me olhando.   
    -Não.   
    -Então quem era?- não pude responder pois meu pai entrou no quarto.   
    -Venham! Temos visitas!- ele disse, animado.    
    Fomos até a sala e me deparei com a minha tia Viviane. Ela tinha a aparência jovem. Seu aniversário foi no mês passado, completando 47 anos. Me lembro pois liguei no domingo de manhã para parabenizá-la.   
    -Gabriela, querida!- disse ela vindo de braços abertos até mim. Seu perfume doce era o mesmo.-Quando soube que estava na cidade, vim logo que pude. Não podia deixar de ver a minha sobrinha preferida!   
    Sorri e retribui o abraço. 
    -E quem é este rapaz?- disse logo que me soltou, indo de encontro com Patrick.    
    -Me chamo Patrick. Prazer.- e apertou a mão de minha tia.- Sou o parceiro de trabalho da Gabi.   
    Meu sorriso aumentou ao ouvir isto.   
    -Que sortudo!- minha tia disse.-Precisamos colocar o papo em dia e saber das novidades, não é?   
    Seguimos minha mãe até a cozinha, onde o jantar foi o mais animado que tivemos desde que eu e Patrick chegamos.   
    -Seus pais me disseram o quanto você está trabalhando, querida.- tia Vivi disse-me-E me orgulho disto. Ao menos sempre me deu notícia e não sumiu como sua irmã.   
    Meus pais se olharam. Patrick e eu já sabíamos de quase tudo, então não ficamos surpresos com o silêncio que se fez a seguir.         Quando minha tia foi embora me deu um relógio de presente, pois não sabia quando nos veríamos novamente. A abracei e segurei as lágrimas.   
    -Achei desnecessário ela comentar sobre Alice.- disse minha mãe ao fechar a porta.    Fingi não ter escutado e segui com Patrick para a sala de pesquisas.   
    -Vamos dormir agora, ok?- ele disse, colocando as coisas de sua cama em cima da mesa do computador- Já está tarde e hoje tivemos um bom progresso.   
    -É.- sorri- Boa noite, Patrick.
    Fui para o meu quarto e peguei no sono assim que me deitei.   

    Acordei antes de Patrick e fui para a delegacia encontrar a agente Luísa Lopes.   
    -Eu sei bem como gosta do seu trabalho, Gabi.- ela disse ao nos sentarmos em uma mesa de um café em frente a delegacia.- Mas a proposta que irei lhe oferecer não irá interromper o que você faz de melhor,mas sim, te proporcionar coisas melhores.   
    Assenti, esperando que continuasse.   
    -Estamos precisando de uma pessoa assim como você aqui.- ela sorriu- Que ouve os depoimentos e trabalha nisso, criando uma história com mais referências e informações sobre o caso. E você é a pessoa ideal! Irá ser uma jornalista e... investigadora, se é que é assim que podemos chamá-la.   
    -Isso seria incrível!- eu disse. Estava feliz por ser tão reconhecida.-Quando vai conversar com Patrick também?    
    -Gabi,- sua expressão havia mudado. Não estava mais demonstrando aquele sorriso de confiança- VOCÊ é a pessoa ideal para isso! O Patrick é apenas o seu parceiro.   
    -Mas também sou parceira dele! Trabalhamos juntos!- eu disse, me levantando.   
    -Pelo o que estou vendo, só você está se esforçando no caso.   
    -Isso...- encarei-a, acreditando na possibilidade de ser verdade- isso é mentira!   
    -Te darei até amanhã para me dar uma resposta.- ela se levantou e olhou para os dois lados, afim de atravessar a rua.- Pense bem, Gabi. Pense em você.   
    Fiquei parada olhando-a caminhar até a delegacia. Como pôde excluir Patrick? Somos uma dupla, trabalhamos juntos! Ou será que é verdade? Só eu estou me esforçando?  
    Cheguei em casa e fui direto para o meu quarto. Estava parecendo uma adolescente zangada. Não queria me comunicar com ninguém. As falas da agente ainda estavam na minha cabeça.   
    -Gabi?- ouvi as batidas de Patrick na porta- Está tudo bem? Vamos nos atrasar para ir à delegacia.   
    -Não vou hoje.- respondi, ainda no quarto.   
    -Ok. Volto logo, então.   
    E saiu.   
    Fui até a sala de pesquisas e li tudo o que tínhamos descoberto até agora. O que mais me assusta é a probabilidade de minha irmã estar envolvida. Entrei em seus perfis nas redes sociais e encontrei uma foto com seus amigos na sorveteria em que eu e Patrick fomos investigar. Não tinha percebido que Jack  estava no fundo da foto. Usava uma aliança, assim como Alice. Mas ele não estava com sua atenção na foto, estava conversando com uma garçonete.   
    -BINGO!- gritei.   
    -Gabriela? Está tudo bem aí?- minha mãe gritou de outro cômodo e escutei seus passos vindo até a sala de pesquisas.-Por que as fotos de sua irmã estão abertas no seu computador?   
    -Chega de mentiras, mãe.- me virei na cadeira, para ficar de frente com ela.-Por que estão escondendo a Alice?

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