Assim falou Zaratustra. 3,90.
"Por que tão duro!" -falou ao diamante um dia o carvão: "não somos afinal parentes próximos?"
Por que tão frágeis? Ó meus irmãos, assim vos pergunto: vós não sois afinal - meus irmãos?
Por que tão frágeis, tão prontos a ceder e a amoldar-se? Por que há tanta negação, tanta
renegação em vossos corações? Tão pouco destino em vossos olhares?
E vós não quereis ser destino e algo inexorável: como poderíeis um dia vencer comigo?
E se as vossas durezas não querem relampejar e cortar e despedaçar: como poderíeis vós criar
comigo?
Todos os criadores são em verdade duros. E venturança precisa parecer-vos imprimir a vossa
marca sobre milênios como sobre cera, -
Venturança de escrever sobre a vontade de milênios como sobre bronze - como sobre algo mais duro
do que o bronze. Totalmente duro solitariamente é o que há mais nobre.
Esta nova tábua, ó meus irmãos, coloco sobre vossas cabeças: tornai-vos duros!
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Crepúsculo dos idolos
RandomCrepúsculo dos Ídolos, ou Como Filosofar com o Martelo, foi a penúltima obra do filósofo alemão Nietzsche, escrita e impressa em 1888, pouco antes de o filósofo perder a razão.