Meu Segredo

CAP 10

Chegamos a um lugar deserto. Era uma casa antiga. As janelas estavam quebradas e não havia mais porta. O mato rodeava todo o terreno, a impressão que tive é que ninguém passava por ali a muitos anos.

-Por qual motivo o senhor me trouxe aqui?

-Laura, essa casa tem a ver com sua vida.

-Minha vida? -perguntei confusa.

-Sim. Eu sei que o que eu vou dizer agora não vai ser fácil de ouvir, mas preciso dizer.

Naquele momento eu me arrependi de ter seguido Getúlio. Me arrependi, não queria ouvir mais nada. Minha vontade era de sair correndo dalí.

Ele se aproximou e me olhou nos olhos por alguns minutos. Em seguida colocou meu cabelo para trás da orelha.

-Você tem noção do quanto procurei por essa marca? -Ele me olhou com ternura.

-Que marca -respondi grossa.

Proximo a orelha eu tenho uma marca de nascença inconfundível, são 3 borrões avermelhados que vão do meu nariz a orelha esquerdae e o mais interessante é que tenho as mesmas marcas, quase idênticas na perda direita.

-Sua marca, Laura. Eu procurei incansáveis 20 anos por essa marca, por você. Até que eu desisti, achei que nunca mais te encontraria. -Ele disse chorando.

-Eu não estou entendendo, Getúlio! -exclamei eufórica.

Nesse momento eu ja fazia idéia do que se tratava essa conversa, mas me fiz de desentendida.

-Laura você e minha filha. -ele soltou uma respiração que parecia estar presa a tempos.

-Não, não sou. -comecei a tremer.

-Laura, à 33 anos você e Pedro nasciam, nós esperávamos apenas um menino, segundo o que o médico nos disse.

-Eu não quero ouvir! -gritei.

Virei as costas e fui saindo. Não ia ouvir mentiras. Ele que guardasse essas baboseiras para ele.

-Filha, ouça! Eu estou doente, logo não estarei mais aqui para te esclarecer toda a verdade.

-Eu não quero ouvir a sua verdade eu tenho a minha: Meus pais biológicos são uns monstros! Abandonar um filho é para pessoas sem coração. Eu não pedi para vir ao mundo. -continuei andando.

-Você tem as mesmas marcas do rosto na perna direira, pouco a cima do joelho -ele gritou para me fazer parar de andar.

Nesse momento eu parei de andar e fiz uma recaptura da vez que o vi, e tenho certeza que eu estava de calça.

-Eu nunca procurei meus pais biológicos. Eu não me interesso por eles, assim como eles não tiveram interesse por mim.

-Eu me interesso! Ouça, Laura!

Eu queria ir embora, mas ao mesmo tempo queria ouvir algo. Queria ouvir por qual motivo eles me abandonaram. O que eu fiz para eles? Eu era apenas um bebê.

Me virei e ele caminhou até mim falando:

-Carmen sempre quis um filho homem. Quando o médico contou a novidade que seria um menino ela enlouqueceu de felicidade.
Ela arrumou tudo, esperando por  Pedro.
No dia do parto logo depois de dar a luz ao Pedro, Carmen começou a sentir dores novamente e derepente você nasceu. Foi uma surpresa boa, eu me senti realizado. Mas percebi que Carmen não ficou muito feliz. O primeiro dia ela nao te amamentou e nem te pegou no colo, eu fiz tudo por você dei banho, mamadeira, troquei sua fralda... você era tão frágil e linda.
Mas no seu segundo dia de vida eu precisava trabalhar, nós eramos pobres eu trablhava de garçom. Naquele dia antes de sair para trabalhar tratei de você e implorei a carmen que cuidasse de você, e ela afirmou que cuidaria. Dei um beijo em você em Pedro e sai.
Quando eu voltei pra casa estava perto de anoitecer, cheguei ancioso pra ver meus filhos e você nao estava lá. Me desesperei  gritei com Carmen perguntando o que ela havia feito com você. De tanto eu insistir ela assumiu ter deixado você num orfanato aqui da cidade. Nesse momento eu sai correndo e fui em direção ao tal orfanato eu corri muito pois ainda não tinha carro. Cheguei lá sem fôlego e me disseram que ja tinham levado você. Meu mundo caiu, eu ajoelhei no chão e comecei a chorar, o pessoal do orfanato não me passou nenhum informação de onde você estava, era o protocolo deles. Então desde esse dia meu sonho era encontrar você. Minha filha que tanto amo.

- Eu não sou sua filha. Você esta ficando louco. Eu despreso você, tenho nojo.