No Topo do Mundo

Meu melhor amigo

Tia Luisa teve que resolver um compromisso e não pôde passar a tarde comigo, então sugeriu que eu ficasse na casa de minha mãe. Mas eu não queria, porque sabia que ela ignoraria minha presença. Então pedi que tia Luisa me levasse pra casa do tio Marcelo.
Ela relutou, mas consegui convence-la. Eu queria muito ver meu amigo, o João.

Por sorte, quando chegamos, Marcelo e João estavam sozinhos. Débora havia saído.

– Olá Poliana– tio Marcelo sorriu para mim e dirigiu o olhar para minha tia– Oi Luisa– ele sempre parecia encantado ao vê-la.
– Eu preciso resolver algumas pendências e a Nanci e o Antônio saíram também e eu não podia deixar a Poliana sozinha...será que ela pode ficar aqui?– minha tia foi direta. Ela evitava conversar com o Marcelo, motivo qual eu desconhecia.

– É claro, vai ser bom o João passar a tarde com uma amiga– Marcelo sorriu para o garoto.
João sorriu para mim e eu retribui.

– Ótimo, obrigada. Se cuide, Poliana– ela deu um beijo na minha testa e foi embora.
– Entra aí Poli, o Marcelo tava me ensinando a tocar uma nova música, queria que você escutasse– João sorriu para mim e segurou minha mão, me puxando pra dentro.

Nos sentamos no sofá e ele pegou seu violão, começando a tocar os acordes.

"Foi Deus que fez o céu..."
(N/a: eu n sei essa música toda, Sorry)

Sorri ao escutar aquela melodia. João conhecia a minha música favorita, a música que um único dia ouvi minha mãe e minha tia cantando juntas, como grandes amigas. Infelizmente, depois disso, mamãe apenas nos desprezou.
Olhei fixamente para João o tempo todo que ele cantava e balancei meu corpo conforme a melodia.
Meu coração estava com borboletas, e meus olhos fechados me davam a sensação de estar nas nuvens.

Logo, estávamos cantando todos juntos.
– Foi uma linda apresentação– tio Marcelo sorriu, elogiando.
– E aí, menina, gostou?– eu adorava o sotaque cearense do João.
– Eu adorei, essa é a minha música favorita– sorri para eles.

– Percebi depois que tu começou a acompanhar. Tua tia te ensinou?– João quis saber.
– Não, eu ouvi ela e minha mãe cantando uma vez e nunca mais esqueci– me abri.
– A Alice ainda não está falando muito com vocês?– Tio Marcelo perguntou.

Apenas balancei a cabeça, negando.
– Fica tranquila, menina, eu sei que tua mãe ama tu e tua tia, ela só é mei abestada– eu ri com o jeito acolhedor do meu amigo.
Fui até o João e o abracei, agradecendo o apoio. Ele retribuiu o abraço, sorrindo. O mundo pareceu parar enquanto eu estava abraçada a ele.

Mas claro, nosso belo momento foi interrompido por saltos batendo contra o chão.
– Poliana?– professora Débora me olhou com desdém. Parece que o tio Marcelo não ligou avisando que eu estaria aqui.