No Topo do Mundo

Saudades de casa ( Lorena)

Soltei um espirro e limpei meu nariz. Aquele lugar onde os bandidos me colocaram era lotado de poeira.
Era um quarto minúsculo, escuro e com uma única cama pequena e dura como mobília. As paredes estavam totalmente desgastadas, algumas partes tinham até rachaduras. Eu dormia com medo daquele lugar desabar na minha cabeça.

Não parava de pensar na minha família. Como devem estar. Será se estão me procurando? Não consegui mais ligar para a Raquel depois do dia que cheguei neste lugar, eles me pegaram com celular e tomaram o aparelho de mim.
(N/a: Ah se fosse comigo a pessoa já teria morrido. Ninguém pode encostar no meu celular)

Escutei um barulho da porta sendo aberta. Devia ser a hora que os bandidos me trariam comida.
E eu estava certa. Um deles, possivelmente o mais intimidador, dada a sua cara de malvado, veio até mim lentamente e deixou no chão ao meu lado um prato de comida.
— Come tudo menina. Quando eu voltar não quero um pingo de comida nesse prato— ele ordenou e voltou para a porta.
— Se eu comer, posso ligar para minha família?!— eu tentei.
— Tem a obrigação de comer, você não recebe presente por se manter alimentada— foi a única coisa que o sequestrador falou antes de fechar a porta.

Suspirei, tristemente. Como eu estava com saudades da minha casa, da escola, de tudo.

Benício

Parecia que a rua inteira estava triste pelo sumiço da Lorena. Todos estavam preocupados e tentavam ajudar o Seu Durval como podiam. Todos, menos o meu irmão.
Ele não parecia preocupado com nossa vizinha, ou se estava, tentava não demonstrar. Gael sempre achava que as mulheres eram inferiores.
(N/a: cof cof machista mirim cof cof)

Eu não parava de pensar nela todos esses dias. Onde estaria? Será se estava bem? Os sequestradores a mantiam alimentada? Como será que a levaram? O que queriam com ela?
Essa última me dava arrepios. Tinha vezes que eu dormia e sonhava com o pior.

Mário e eu iríamos hoje a noite procurar pistas de seu paradeiro. Seja como o sequestro tenha ocorrido, certezamente os bandidos teriam deixado alguma pista de para onde foram.
Eu estava neste momento preparando a minha mochila.
— Vamos ver... lanterna? Ok! Celular? Ok! Biscoitos caso tenhamos fome? Ok! Lupa? Ok! O que será que tá faltando?— eu me perguntava, sentindo que esqueci de alguma coisa.
— Um telescópio— escutei a voz de Gael atrás de mim e me virei, espantado. Fui pego!
— O que?— eu não conseguia pronunciar mais nada.

Gael soltou uma risada.
— Tá faltando um telescópio. Como você quer analisar as pistas sem algo que te dê todos os detalhes?— meu gêmeo cruzou os braços, se sentindo o espertão.
— Como você sabia?— eu perguntei. Eu tinha certeza de que ninguém tinha escutado minha conversa com Mário.
— Ah fala sério Benício, eu vi como você e Mário estavam desde que o Seu Durval gritou para a rua inteira que a Lorena foi sequestrada— Gael soltou.
Abaixei a cabeça.
— Por que não me contaram que iam buscar pistas? Um clube é para ser unido— ele perguntou, parecendo estar magoado.

Suspirei.
— Mário e eu tivemos medo de você não apoiar nossa missao— revelei.
— Ah por favor, eu não gosto da Lorena mas nem por isso vou dispensar uma missão— Gael falou.
— Então você tá com a gente?—perguntei.

Gael apenas sorriu e isso foi o bastante para entender sua resposta.
— Mas antes de tudo, precisamos de um telescópio— Gael retucou.
— E como vamos conseguir um?— indaguei.
Gael pensou por um momento.
— A Lorena ganhou um do pai dela. Podemos ir na casa dela escondidos e pegar, depois devolvemos quando encontra-la— Gael deu a ideia.
Concordei e fomos para a casa de Mário. Ele estranhou ao ver Gael, mas expliquei tudo a ele, que aceitou de boa.
Fomos até a padaria e conseguimos passar sem sermos vistos até a parte de cima, onde Lorena morava com o pai e a irmã.

— Beleza, só temos que encontrar o telescópio— Gael sussurrou.
Mário e eu assentimos e seguimos Gael para o quarto da Lorena.
Olhamos em volta. Até Gael tem que admitir que o quarto dela era bem maneiro.
Ao contrário do que pensávamos, não era decorado todo de rosa, pelo contrário, era um bege claro, com as paredes decoradas com várias fotos de vários tipos de animais. Até a cama era decorada com uma cabeceira em formato de uma cabeça de tigre e a colcha era amarelo com listras pretas, para representar o corpo do animal.
— Incrível— para minha surpresa, Gael falou, olhando para o quarto.
— Onde será que ela deixou?— Mário olhou ao redor, em busca do telescópio.

— Deixou o que?— uma voz feminina nos fez pular de susto.
Era Raquel, a irmã mais velha da Lorena.
Ela estava de braços cruzados, nos olhando como se fosse nos matar.
— O que estão fazendo aqui?— ela perguntou.
Mário e eu olhamos para Gael, que olhou de volta para nós.
Nos ferramos.

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Quero ver como eles vão sair dessa agora 😂😂😂

Lascou- se pra eles 😂