Maluca! Totalmente, completamente, inteiramente, e não sei mais o que, doida!
Mas tão linda, tão delicada quando esta cozinhando, ou cuidando de suas rosas. Suas. Posso ser dono dessas terras, mas cada canto dessa casa, rosa, eu, pertence a ela.
Suas palavras penetraram meu coração. Tão real. Sou um monstro, e não somente nas atitudes, mas na aparecia. Tão medonho.
Choramingo quando lembro dela tão feliz ao lado daquele bastardo! Tão feliz. Alegre.
Eu daria tudo que tenho apenas para ver aquele sorriso direcionado a mim. Ela é como uma avalanche. Um furacão.
Apareceu na minha vida de forma tão medíocre, e destruiu cada parede que coloquei ao meu redor. Como um soco na boca do estômago.
Ela é toda perfeita. As mãos tão pequenas, os pés de princesa, a forma como se movimenta na cozinha quando esta fazendo o que mais ama. Ou quando canta ridiculamente desafinada pela casa. Gritando palavras em ritmos incomum, ou quando gargalha pela própria bobeira de pular de sofá em sofá quando esta limpando. Tão jovem, mas tão mulher. Guerreira, batalhadora, delicada, honesta, tão... minha.
Caio de joelhos no meio da sala escura quando penso que nunca será minha realmente. Como poderia? Quem se colocaria nesse lugar? Ao meu lado? Ao lado de alguém deformado. Destruído pelas fatalidades da vida.
Lagrimas molham meus olhos. Faz onze anos que não choro. Tinha 21 anos quando o acidente aconteceu. Eu era tão jovem, imaturo.
Tive sorte, eles dizeram.
Com tanto dinheiro, e tanta liberdade, eu era o que chamavam de Playboy. Bêbado, dirigindo, as quatro da manha.
O carro derrapou pelo chão molhado, capotou cinco vezes seguidas, levou tudo com ele. Fiquei preso entre as ferragens. Senti quando marcas foram abertas em meu rosto, costelas, braço e costas. O lado esquerdo amassado e marcado pelas partes afiadas.
Cicatrizes cobrem cada pequeno pedaço de pele. São enrugadas, feias. Cirurgias não foram capaz de esconder a tragédia.
Mas a culpa nunca me assolou. Sei meu pecado, mas agradeço todos os dias por não ter ferido ninguém.
Sair daquela festa e pegar meu carro, mesmo sabendo que estava bêbado, foi uma escolha minha. E viverei com ela para sempre.
Não tem essa de Deus, destino ou nada disso. Apenas eu e minhas escolhas. E agora, as consequências.
Viver sozinho por anos, foi fácil. Não tenho nada, meus pais se foram a anos, nada de tios, avós, nada. Meus amigos se afastaram, se não poderia tirar fotos e sairem em revistas como meus amigos, eu não valia de nada.
Suspiro afastando os pensamentos. Não sinto falta deles, não sinto falta de nada. Eu só queria ser um pingo mais bonito, para ela.
Tanta beleza não merece ser afogada por tanta feiura.
Olho para a parede onde estão as telas. Câmeras em cada canto da casa. No começo era segurança, mas depois, se transformou em algo como meu programa preferido. Ver ela todos os dias tão animada, era meu consolo. Quando a vi pela primeira vez, não pude acreditar. Tão nova, tão bela. Não pude me impedir, perdi tanta coisa, queria me dar ao luxo de ter algo precioso.
Ela é como a rosa mais linda em todo o jardim. Colorida, amada, confortável, desajeitada, bela... Minha Bela.
Fecho os olhos ao ver a casa tão apagada. É engraçado que mesmo tão pequena, ela ocupa cada canto dessa casa enorme.
Eu quero ela, quero seu carinho, atenção, amor.
Mas como alguém com mãos tão doces, poderia acariciar uma pele tão marcada. Repulsiva.
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Beauty and the Beast.
Romance+18. Livro único. Completo. Sem revisão. Podemos treinar nosso corpo para esquecer, mas nunca nossas mentes. E algo que viver sempre te ensina, é que o seu passado, marca você para sempre. Há onze anos trás, Kael aprendeu que não temos o controle de...