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Assim que cheguei à praça, sentei em um banco e dei um breve suspiro. O clima estava agradável. Frio, mas agradável. Próximo a uma árvore haviam algumas crianças brincando de jogar uma bola umas para as outras. Por um momento senti inveja delas. Era tudo tão fácil para elas, poder brincar, se divertir, estar juntas e não se preocupar com nada. Eu gostaria de viver assim, mesmo sabendo que não seria possível na minha idade. Fui tirado de meu pensamento quando alguém sentou ao meu lado e chamou minha atenção.

- Olá! - Disse Amanda sentando-se ao meu lado e abraçando meu braço.

- Olá, por que não foi à aula hoje? - Olhei para ela que estava muito bonita por sinal. Ela usava um conjunto de moletom rosa com azul bebê e uma touca que combinava muito bem com os olhos dela.

- Ah, então... Acabou que eu não acordei. - Disse ela me soltando e me olhando com um sorriso tímido no rosto.

- Ah, tudo bem. - Sorri de volta pra ela e retornei minha atenção para a praça. E ali ficamos por longos minutos.

Quando já eram por volta das seis da noite, eu decidi que ia para casa. Amanda havia me dito mais cedo que precisava ir para a casa da avó dela e eu continuei alí por mais algumas horas, até que era muito bom passar um tempo sozinho, somente pensando. Quando eu saí pelo portão da praça e atravessei a rua, cheguei à calçada da escola. Para minha surpresa, Daniel estava saindo pelo portão principal e rapidamente me avistou. Ele acenou para mim e eu apenas sorri em retribuição, indo até ele logo em seguida.

- Olá - Sorri para ele que estava com uma caixa na mão.

- Olá senhor guia. - Disse ele sorrindo.

- Guia? - Olhei para ele sem entender direito o motivo pelo qual ele me chamou daquele jeito.

- Sim, guia, você me levou até a sala do diretor hoje cedo esqueceu? - Ele riu da minha incompreensão.

- Ah, entendi! Mas um guia normalmente guia pessoas por onde elas não conhecem e você sabia o caminho, eu só te acompanhei. - Sorri forçado e ele me olhou sério.

- Nossa, que estraga prazeres. - Franziu a testa me olhando.

- Desculpe. - Acabei rindo da cena.

- Ah, mas então, o que pretende fazer agora?

- Eu estava indo para a minha casa, já está um pouco tarde.

- Hm, entendi. Bom, você não quer tomar um chocolate quente comigo? Tem uma cafeteria muito boa do outro lado da praça, o que acha? - Ele me olhou esperançoso com um enorme sorriso no rosto.

- Não sei se seria uma boa ideia. Meus pais chegam do plantão hoje e podem ficar preocupados quando não me encontrarem em casa.

- Mande uma mensagem para eles! Ah, vamos. Preciso te retribuir por ter me ajudado hoje pela manhã. Vamos vai!? - Me olhou com cara de cachorro pidão e aqueles olhos lindos acabaram por me convencer.

- Tudo bem então, vou mandar uma mensagem de texto para minha mãe e então podemos ir.

- Eba, então. Enquanto você manda a mensagem vou só botar essa caixa no porta malas do carro do diretor, devolver a chave do carro dele para ele e então podemos ir.

- Tudo bem. - Comecei escrever para minha mãe enquanto Daniel foi fazer o que havia sido mandado.

Cinco minutos depois ele voltou e fomos em direção a cafeteria. O lugar era muito aconchegante, sua decoração era rústica e as luzes do ambiente eram bem baixas, o que fazia com que o clima ficasse bem agradável. Pedi um chocolate quente e ele pediu um cappuccino. Acabamos conversando sobre várias coisas como por exemplo minha família, a família dele, sonhos que temos para o futuro, ele contou bastante coisa sobre a faculdade e sobre o que quer fazer quando se formar.
Por fim chegamos a um assunto um pouco complicado, que é relacionamento. Eu nunca havia me relacionado com ninguém e ele era bem mais experiente do que eu, mas não me contou muitos detalhes sobre isso. O primeiro relacionamento dele foi no primeiro ano do ensino médio e ele acabou sofrendo de mais. Depois disso só namorou mais duas vezes e todas acabaram da mesma forma, com ele sendo rejeitado.
Era bem triste saber que ele já havia passado por coisas do tipo, mas não havia nada que eu pudesse fazer.

Quando me dei conta já estava perto das dez horas da noite e eu precisava ir para casa pois já estava bem tarde e eu ainda andaria um longo pedaço de chão até chegar em casa. Me despedi dele, que insistiu várias vezes para que eu deixasse ele me levar até minha casa, mas eu acabei por não concordar com essa ideia. Depois de se dar por vencido, ele apenas apertou minha mão e seguiu seu caminho. Da mesma forma que eu segui o meu.

Ao chegar em casa, meus pais já estavam lá e eu fiquei um tanto feliz pois eles deveriam estar bem cansados de trabalhar vários plantões seguidos. Decidi não atrapalha-los, apenas cumprimentei os dois com um beijo na bochecha e fui para o quarto.

Arrumei minhas coisas para o dia seguinte e fui dar uma rápida olhada nas redes sociais, mas como não tinha nada de interessante, apenas tomei um banho morno, vesti meu pijama e deitei na cama pronto para dormir, quando meu celular vibrou intensamente várias vezes seguidas. Assim que eu peguei o celular e desbloqueei, eram várias mensagens de Miguel, ele estava mandando várias mensagens com meu nome nelas várias vezes seguidas. E eu decidi responder.

Yuri: O que foi?

Miguel: Tá acordado?

Yuri: Não, sou sonâmbulo e estou mandando mensagem enquanto durmo.

Miguel: Nossa Yuri...

Yuri: O que vc quer?

Miguel: Nada, só saber se você estava bem.

Yuri: Ué, eu estou ótimo.

Miguel: Que bom. Vai pra aula amanhã né?

Yuri: Vou sim, e vc?

Miguel: Eu também vou, amanhã tenho biologia e como vc deve saber, eu sou péssimo em biologia.

Yuri:  É, eu sei... Preciso ir dormir.

Miguel: Hm, tudo bem... Boa noite então, dorme bem ok?

Yuri: Ok.

Desliguei o celular e coloquei na mesinha ao lado da cama. Eu não havia entendido muito bem o motivo daquelas mensagens tão repentinas e muito menos o sentido daquela conversa. Mas decidi que não ia pensar sobre isso e iria apenas dormir mesmo pois já estava tarde e eu estava bem cansado. Assim o fiz, eu geralmente demoro um pouco para dormir, mas o dia foi tão cansativo que peguei no sono em poucos minutos.

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⏰ Última atualização: Jun 11, 2018 ⏰

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