Capítulo 2

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No dia seguinte,eu estava exausto, não é como se eu não estivesse acostumado a madrugar,mas meu cérebro doía de tanto pensar, fiquei a noite inteira pensando em quem poderia ser o autor da mensagem, minha conclusão foi que só há um Davi em toda  escola,  que é da outra turma do segundo ano, conhecido como "O cientista maluco", então é bem provável que tenha sido ele, mas se estava falando sério, eu não tinha como saber.
Na hora do recreio vou até a sala do outro segundo ano, para confirmar se havia mesmo sido ele.
Eu não tive problemas em em entrar lá do nada, porque todos os alunos faziam Isso.
Vou até uma das carteiras do meio, onde há uma garota dormindo, era Ayla. Eu a conhecia, pois estudamos juntos no primeiro ano e costumávamos conversar de vez em quando. Era uma menina legal, mas um tanto esquisita( se é que eu tinha qualificação para julgar alguém), muitas vezes parecia esconder algo e não era raro que sumisse por dias e depois voltasse como se nada tivesse acontecido.
_ Ayla?_ Chamo.
Ela levanta a cabeça sonolenta e me encara com seus olhos de cor violeta, que faziam com que suas olheiras se destaquem na pele pálida de seu rosto, que servia como plano de fundo para uma infinidade de sardas sobre seu nariz.
_ O que foi?_ Ela pergunta.

_ Você sabe quem é o Davi?_

Ela olha para trás e aponta para o fundão com a cabeça. Fios de seu cabelo castanho-avelã, que estavam para fora do rabo de cavalo, que caía sobre seu ombro balançam enquanto ela o faz

_ Eu sou Davi._ Responde um garoto moreno, magrelo de óculos e com um  cabelo que parecia um Black Power, só que com menos volume.

_ Você deve ser o Johan._ Ele ajeita seus óculos.

_ Sim sou eu._ Respondo, indiferente._Você gosta de ficar passando trotes então?_
Ele riu.
_ Eu estou falando a verdade! Você acreditou ou pelo menos se impactou, quando eu te encontrei na rua.

Os outros alunos olharam para nós, como se estivessem prestando atenção a nossa conversa (eu não estranharia se estivessem mesmo fazendo isso).

_ Se você tinha meu número, não era mais fácil só mandar uma mensagem?_ Indaguei e depois me toquei da situação em que estava. _ Espera! Como você conseguiu meu número?_ Olhei desconfiado.
_ Se eu fizesse isso, você não teria dado tanta importância! E eu consegui seu número com a dorminhoca ali._ Ele apontou para Ayla, que havia voltado a dormir.

_ Traidora!_ Murmurei antes de voltar a Davi._ Indo direto ao ponto, o que quis dizer com aquilo?_ Pergunto, levando a mão a testa.

_ A Lírio foi assassinada essa é a verdade! Quem a matou fez parecer que era um suicídio. Ela era solitária, sem amigos, ninguém duvidaria, o crime perfeito._ Ele cuspe tudo de uma vez, como uma metralhadora.
_ Tá mas como você sabe disso?_  Pergunto, ainda sem acreditar.
_ Eu vi tudo._
Sua resposta faz com que meus olhos quase caiam do meu rosto de tão arregalados.
_ Como assim , você viu ? Como sabe quem sou eu? Como sabe que eu a conhecia? _Começo a fazer um monte de perguntas, aquela história toda estava me deixando confusa.
_Quer mesmo saber?_ Ele perguntou com um sorriso sádico.
_ Sim ,pare com esse suspense ! _Grito fazendo com que todos olhem.
Ele se aproxima, como se fosse falar algo no meu ouvido.

_ Certo mas aqui não ,apareça na minha casa , hoje a tarde as 15:00, eu prometo que te conto tudo._ O garoto volta ao seu lugar.
_ Você tá de sacanagem, né?_ Esbravejo revoltado.
_ Por que eu brincaria com a morte de alguém ? Você tem a minha palavra de que é tudo verdade._ Ele levanta a mão em sinal de rendição.

Estava meio indeciso se deveria ou não ir. E se aquele cara estivesse zoando comigo?
Como ele viu o que aconteceu com a Lírio, viajou no tempo por acaso?
Eu estava realmente desconfiado,
mas a curiosidade falou mais alto e no horário combinado eu estava na porta da casa de Davi, considerando ir embora.
Depois de alguns instantes decidindo se valia mesmo a pena perder tempo com aquilo, aperto a campainha.
O silêncio paira no ar.
_ Só espero que não seja uma pegadinha._
Após um tempo ele aparece e abre a porta.
_ Você veio mesmo._ Ele me olha surpreso._ Achei que você ia interpretar como uma pegadinha e não viria._
_ É, eu quase não vim mesmo, sua história não é lá muito convincente._ Reviro os olhos, eu estava com os braços cruzados, era a minha "pose de defesa". Embora eu soubesse, no fundo, que aquilo não convencia ninguém.
_ Bom, melhor você entrar já que está aqui, não é?_ Ele abre a porta mais um pouco, me dando espaço para entrar.
_ E então, vai me contar ou não?_ Pergunto logo assim que entramos na residência.
_Vamos com calma, ok?_ Ele abaixou as mãos, demonstrando que eu deveria me acalmar._ Não é um assunto simples._
_ Se você diz._ Dou de ombros.
Passamos pelo corredor e pela sala, parecia uma casa normal até
Davi começar a me guiar por uma porta metálica bem grande.
_ Mas que bosta é essa?_ Perguntei espantado.
_ Você já vai descobrir Johan._
Ele abriu a porta, isso demorou um pouco, pois a fechadura era na verdade um cofre. Passamos então pela imensa porta e entramos em um grande cômodo cheio de ferramentas e parafernálias que eu nunca tinha visto antes.
_ Esse é o meu laboratório, e aqui está a sua resposta._
Ele me entregou um relógio.
_ Um relógio? Que tipo de brincadeira é essa?_
pergunto, me sentindo um otário por ter dado corda àquele idiota.
_ Não é um simples relógio , é uma máquina do tempo._ Ele explicou, em tom de rendição.
_ Ah, foi muito engraçado, tchau._ Me viro em direção a saída.
_ Espera , não estou brincando, me deixe provar._ Paro em frente a ele, com os braços cruzados._ Prove então, só acredito vendo._

Davi pega o relógio ou máquina do tempo e o ajusta.
Por um segundo tudo desaparece e de repente estou em minha antiga escola da época do fundamental, vejo uma garotinha parada na minha frente. Ela tinha cabelos escuros, lisos e curtos, na altura do queixo, em seu rosto havia traços orientais. Era Lírio! Exatamente como nas minhas lembranças de 10 anos atrás.
Tão rápido como saímos, voltamos ao laboratório.
_ O que foi isso?!_ Perguntei, com as mãos sobre os joelhos, estava apavorado e ao mesmo tempo maravilhado.

_ Você viajou no tempo._ Davi respondeu com tanta calma, que parecia até que ele estava simplesmente dando um "bom dia".

_Então é verdade?_ Eu estava ofegante.

_ Sim._ Ele balançou a cabeça.

_ Você tem certeza de que ela não se matou?_ Perguntei.
_ Tenho, foi o que eu vi pelo menos! Uma pessoa adulta matou ela e usou medicação pra dizer que foi um suicídio._
Eu ouvi aquelas palavras com dificuldade, quem poderia ter assassinado uma criança?

_Essa é a oportunidade Johan , você pode mudar tudo, pode salvar a Lírio! É o que você quer, não é? Consigo ver isso nos seus olhos!_
Davi estava certo, eu sempre quis salva-la, talvez por isso sua imagem não saiu da minha cabeça, mas...Eu conseguiria fazer isso?

O dia em que eu te vi pela primeira vezOnde histórias criam vida. Descubra agora