O veredicto

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MELANIE

Todos os alunos do curso de arquitetura foram convidados para uma reunião sobre a formatura e eu já podia imaginar que passaríamos horas naquela enorme e lotada sala.
Claire e eu passamos com dificuldade por entre as pessoas para chegar à alguns assentos desocupados que se encontravam na extremidade oposta do espaço, sentamos lado a lado e aguardamos pacientemente a aparição de nossa reitora, a qual só apareceu cerca de vinte minutos depois quando a desordem reinava no ambiente, com todos os alunos conversando e rindo extremamente alto.

Nosso coordenador de curso vinha logo atrás da senhora Burnner e foi ele quem exigiu de nós o silêncio. Ambos se colocaram sobre o pequeno palco que havia na sala e com a ajuda de uma planilha começaram a nos passar detalhes sobre a formatura, coisas básicas como buffet e decoração foram decididas mas a confusão maior foi em relação à cor que usaríamos.

Alguns sugeriram a cor vermelho, mas está já havia sido escolhida pelas turmas de direito. O verde também já havia sido escolhido pelas turmas de enfermagem, o azul claro já pertencia à turmas de medicinas, o laranja estava com o pessoal de licenciatura. Inúmeras pessoas falavam ao mesmo tempo, com opiniões diferentes e outras levantavam a voz para dizer que não apoiavam tal cor. Mais uma vez a desordem reinou na sala.

__ Se vocês não fizerem silêncio eu serei obrigada a adiar a reunião. - a senhora Burnner gritou para que pudéssemos ouvir-la e obteve êxito, pois todos calaram-se imediatamente. - E vocês sabem que não é todo dia que eu posso reunir todas as turmas do curso e ainda estar presente.

Ninguém se pronunciou ou ao menos fez menção, assim, ela pôde continuar a falar tranquilamente.

__ Peço que uma pessoa de cada vez sugira uma cor.

Uma garota sentada na primeira fileira à direita, ergueu a mão e lhe foi concedida a vez de falar.

__ Eu sugiro a cor rosé.

__ Nossa amiga aqui sugeriu a cor Rosé, levantem a mão se concordarem.

Não levantei a mão, pois achava que aquela cor não combinaria com meu tom de pele, Claire também não ergueu a mão e a mantia sobre o colo, ela alegara que a cor não acentuava com seus cabelos ruivos.

Olhei ao redor vendo que muitos haviam mostrado estar de acordo com a sugestão, mas ainda assim não eram maioria, por isso passamos para a próxima sugestão.

Depois de ouvir muitas opiniões e ouvir contradições na mesma quantidade, decidimos que nossa cor seria azul marinho.

Após mais um dia estressante e cheio de atividades, Claire, Tristan e eu resolvemos nos encontrar ao final da tarde na nossa lanchonete preferida de toda a cidade, a qual ficava à uma distância mínima de nossas casas e por isso era de fácil acesso...

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Após mais um dia estressante e cheio de atividades, Claire, Tristan e eu resolvemos nos encontrar ao final da tarde na nossa lanchonete preferida de toda a cidade, a qual ficava à uma distância mínima de nossas casas e por isso era de fácil acesso à nós três.

Tristan foi o último à chegar ao local, ele estava um pouco atrasado quando parou em frente a porta do estabelecimento e passou alguns minutos falando ao telefone, seus movimentos mostravam que havia algo o tirando do sério e eu tive certeza disto quando ele adentrou as portas duplas de vidro com uma expressão nada boa.

__ Tive que atender uma ligação. - justificou assim que sentou e agora a mesa redonda que já era nossa marca estava completa.

__ Pela sua cara já sei que era a Brithanny.

Bastou ver que Tristan havia travado o maxilar para que eu desejasse que Claire nunca houvesse dito nenhuma daquelas palavras. Ele esfregou as mãos em jeans de lavagem clara e assentiu, tomando o cuidado de relaxar suas expressões, escondendo mais uma vez seu incômodo por nos dizer que sua namorada não gostava que ele estivesse em nossa companhia.

__ Eu avisei a ela que viria até aqui com vocês mas ela não gostou muito.

__ E porque não a convidou? - questionei - Posso contar nos dedos de uma de minhas mãos todas as vezes em que ela esteve conosco.

__ É claro que eu a chamei para vir junto comigo, mas já sabia que a resposta seria não. Brithanny é alguém difícil mas tem um coração bom, é só ter paciência. Eu ainda tenho esperanças que um dia vocês finalmente serão amigas.

Estremeci ao relembrar da garota de cabelos pretos e brilhantes, usando saltos e vestidos de cores terrosas. Brithanny é considerada por toda a universidade uma patricinha, mas atrás de sua imagem esplendorosa existe uma pessoa humilde e gentil. Infelizmente nunca pude desfrutar deste seu lado, pois ela nunca simpatizou muito comigo - nem com Claire - mas Tristan faz questão de nos contar todos os detalhes que a fazem parecer mais legal ao nosso ver, é claro que Tristan é suspeito sobre falar de Brithanny mas acredito que ele não exagera em seus relatos.

__ Infelizmente a sua namorada não entende que nós três, somos amigos, apenas.

Chutei levemente a perna de Claire por baixo da mesa, a alertando que aquele assunto deveria ser encerrado ali mesmo, pelo bem do nosso momento.

__ Como foi no teste? - perguntei adicionando um pouco de empolgação à minha fala.

Tristan sempre sonhara em ser jogador de futebol americano, não apenas por influência de sua família que tem um histórico fantástico dentro do esporte, mas sim porque seu talento dentro do gramado é incrível, nem mesmo o peso dos equipamentos ou o esforço necessário para realizar cada jogada podem se tornar barreiras para ele, Trista é simplismente um prodígio do futebol americano e eu o apoio na sua luta para conquistar seu sonho até o fim.
Ele havia feito um teste para jogar num dos melhores times do Estado à cerca de dois dias e esta era a primeira oportunidade que eu tinha de tocar no assunto.

__ O resultado sai na terça, mas sinto que fui bem, gostei da minha performance dentro do campo. Tenho certeza que me destaquei entre os outros participantes.

__ Isso é ótimo, tenho certeza que uma daquelas vagas será sua.

Ficamos ali, jogando conversa fora até o anoitecer, quando o sol já havia ido embora para dar lugar a lua e o horizonte ganhara agora um tom de azul escuro, mas ainda assim, havia nuvens rosadas e arroxeadas espalhadas pelo céu. Eu segui meu caminho sozinha, recusando qualquer carona, pois queria apenas aproveitar a brisa refrescante da noite recém chegada e refletir um pouco sobre coisas aleatórias.

Passei por um parque onde árvores de copas extensas se estendiam sob a luz do luar, crianças corriam em pura alegria e pássaros cortavam o céu de tempos em tempos, entretanto, apesar de querer passar um tempo a mais ali, não me demorei muito ali, pois em casa meus pais me esperavam para dar o veredicto sobre ir ou não ir viajar junto com Lisa.

Meus pais compartilhavam o mesmo sofá da sala quando adentrei as portas da casa, a televisão que reproduzia um programa de entretenimento foi habilmente desligada por minha mãe quando me aproximei mais, ela fez sinal para que eu sentasse no sofá vazio em frente aos dois e eu cruzei os dedos para que as palavras que seriam ditas fossem favoráveis a mim.

__ Prometemos te dar uma decisão hoje e cá estamos nós. Eu e seu pai conversamos bastante e chegamos a conclusão de que você pode sim viajar, sem problema algum.

Sorri não podendo conter minha imensa alegria, mas eu sabia bem que a conversa que ela insistia em dizer que ocorreu, foi na verdade uma pequena discussão.

__Mesmo? - questionei apenas para reforçar a decisão, desta vez depositei meu olhar sobre o meu pai que permanecia indiferente e ele entendeu o recado.

__ Eu confio na idéia de que você também será responsável longe dos nossos olhos. - ele comentou recebendo um sorriso de aprovação por parte de minha mãe. - Só vá e aproveite bastante a viajem, não se preocupe conosco.

Levantei ainda um pouco surpresa pela postura pacífica de meu pai e beijei a bochecha de ambos, agradeci pela confiança que depositaram em mim e finalmente subi para o quarto, para primeiramente arrumar as malas e segundamente avisar a Lisa que eu estaria pronta para passar o final de semana fora de casa.

Difference of Love ♣ Jay ParkOnde histórias criam vida. Descubra agora