Henry

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"Os olhos são a janela da alma .."

                                             Sexta-feira 

O avião tinha pousado a exatos vinte minutos e eu tentava de todo custo pegar as chaves do meu carro no guarda-volumes. A minha preocupação maior era com a senha que eu por algum acaso havia esquecido, mas ao olhar aquele cadeado me lembrai de imediato da bendita senha. Ao entrar em meu Mustang prata me dependi de ligar para Alice minha secretária e verificar minha agenda.


- Consultório do Dr. Henry Richards em que posso ajudar? - disse logo educada.

- Olá Alice sou eu Dr. Henry, gostaria de passar minha agenda pra hoje por gentileza. - dizia enquanto tentava manobrar o carro ..

- Ah sim Doutor, agora pela manhã eu fechei sua agenda porque imaginei que o Senhor chegaria muito cansado da sua viagem .. - respondeu educada.

- Ah Alice, muito obrigada por tamanha compreensão. Irei ao consultório ainda hoje atender aos pacientes da tarde e resolver algumas coisas ... - disse esfregando a mão na testa já exausto.

- Tudo bem então Dr., até mais tarde!
- Obrigada Alice, Até.

Guiava meu carro já exausto de todos os acontecimentos que sobreviveu sobre mim e ainda mais por essa viagem, mas confiante que o meu final de semana seria surpreendente quando eu chegasse em meu apartamento e deitaria sobre minha cama afim de dormir por longos dias ou até anos.

Cheguei em meu apartamento já tirando minha roupa e indo direto para uma ducha quente e revigorante.
Enquanto a água caia sobre mim eu revia todas as minhas frustrações e os sentimentos que me atormentavam à todo o momento por senti-los.
Meu corpo estava relaxado e eu só pensava na dança daquela mulher e em seu companheiro chegando para acabar com tudo enquanto as gotas de água que caiam por sobre minha pele branca a deixando vermelha... Era surreal a sensação de sentir algo tão simples fazer a diferença em mim como uma quentura marcando a minha pele afim de lavar todas as minhas mágoas. Afinal eu também precisava de algo tanto quanto meus pacientes.
Sai do chuveiro com mãos e pés já enrugados mas com a certeza que eu iria me fechar para um possível romance a vista, decidi que não era pra mim e enfrentaria todas as consequências sobre minha decisão.
Deitei na minha cama e foi questão de minutos para eu pegar no sono.

Acordei sobressaltado com o celular tocando, tateei a cama afim de encontrá-lo e ainda com os olhos fechados atendi.

— Alô? - falei meu grogue de sono.

— Interrompi o sono da Cinderela?

— Ah não, você patolino? Uma hora dessas? - perguntei bufando com meu sono indo pro ralo.

— Esperava outra pessoa pateta? - perguntou sorrindo ao telefone.

— Vai ver se me esquece! - rebati já irritado.

— Cara pra quê tanto mal humor hein? Só queria te chamar pra tomar alguma coisa e conversar um pouco... tem uma mulher aí que tá tirando meu sono. - sua voz já estava mais baixa e até melancólica.

Bufei — Tá bem patolino, vou atender alguns pacientes e depois te ligo. - falava enquanto esfregava meus olhos.

— Combinado pateta, falo com você depois então... ah e vê paga a bebida hoje por que é sua vez hein?! - disse já sorrindo.

— Patolino você não tem mais o que fazer não? Me erra. - desliguei sem tempo para mais conversa.

Levantei da minha cama indo em direção ao banheiro com o corpo todo doído mas sabendo que teria de ir ao consultório de qualquer maneira. Esperava que ao menos compensasse eu sair da cama e ir até lá.
Mal sabia que meu inferno pessoal estava vindo ao meu encontro e sem suspeitar disso eu me vesti e fui trabalhar.

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