Gabriélla a Dama de Vermelho

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                    Origem

   Naômi era uma linda garota dentro dos seus recém formados dezoito anos e que sempre chamava atenção por onde passava . Trabalhava no balcão de uma lanchonete de dia e cursava na Universidade Federal Fluminense de Niterói R j a noite.
Alimentava dois sonhos na vida, viajar pelo mundo e ter um filho cor de canela considerando essa a cor mais bela dentre todos os tons de pele no mundo. Sabia que para realizar o segundo sonho teria que colar com um cara branco pois ela trazia na pele uma invejável côr de jambo. Conheceu Gabriel, um jovem branco de família religiosa classe média alta muito desejado pelas garotas da faculdade, mas que só tinha olhos para ela desde o primeiro dia que a viu. Naômi percebeu então que o universo enfim sorria para ela que vinha de família muito humilde. Apesar de não sentir o mesmo por ele Naômi viu ali sua grande oportunidade de realizar os dois sonhos com uma tacada só. Conferiu meticulosamente a tabela e utilizando de sedução o atraiu para o lugar mais apropriado para uma noite tórrida de amor... uma cama bem aconchegante.

Três meses depois começaram os bochixos pelos corredores do colégio. Naômi estava grávida.

Gabriel sentiu a responsabilidade de um pai pela primeira e única vez pesar em seus ombros. Procurou Naômi que negou ser dele a criança que trazia no ventre. Sim ela se arrependeu. Com uma relação mais estreita entre os dois ela acabou descobrindo nele um ser humano que não merecia a pessoa gananciosa que ela se julgava naquele momento e depois de muito pensar decidiu poupa-lo dela mesma. O bebê não tinha culpa de nada sabia ela, porém também não se permitia mais usar Gabriel como uma ponte para a realização dos seus sonhos. A partir daí Gabriella já não tinha mais toda aquela alegria e confiança que prendia todas as atenções para ela. Andava meio ausente e com vergonha de si mesma, mas em uma outra noite andando pensativa pelas areias da praia encontrou Gabriel por acaso que aproveitando pressionou-a novamente a contar-lhe a verdade. Ele sabia que ela estava mentindo, mas Naômi virou-se noutra direção para sair dalí. Não conseguia falar com ele. Sentiu no entanto sua mão presa dentro da dele. Gabriel precisava saber.

- Por favor... Disse ele. Ainda relutante ela acabou se abrindo. Entendia que ele tinha o direito de saber que era o pai da criança. Falou de seus sonhos e que viu nele a oportunidade de se dar bem.

Chorando, pediu desculpas dizendo que ia entender se ele a odiasse por conta disso.

- Fiz tudo errado... Me perdoa. Você não tem que assumir nada... Fica tranquilo, eu não vou me aproveitar dessa situação, você merece coisa melhor que isso - ele ficou sem ação. Viu sinceridade nas palavras dela que lhe fizeram sentir um misto de emoções, frustração, pena, raiva e ternura. Era pra estar revoltado, mas seu coração se negava a isto. Na verdade seu coração ria ter um filho da pessoa que amava.

Tinha de dizer algo e a abraçou carinhoso como sempre fora.

- Calma! Tá tudo bem... - afagando as costas dela como consolando-a. - Olha só... Você não fez nada sozinha tá bom?! Agende vai encarar essa junto...

Assim que souberam do acontecido os pais dele fizeram o maior barraco, pois eles tinham tudo muito bem desenhado para o futuro dele, que julgaram não deu valor algum. Cobraram-lhe sobre o que sempre o ensinaram como sendo talvez a coisa mais importante na vida de um ser humano, a responsabilidade. De qualquer forma o que está feito, está feito! Resolveram então apoia-lo no que fosse preciso. Com o passar dos dias foram eles também se acostumando com o fato de se tornarem avós antes do esperado. Pediram pra conhecer a garota que aparaceu em um jantar em sua residência.

O jantar que começou esquisito com todos meio que se estudando terminou em auto astral, Naômi era daquelas pessoas que da vontade de estar perto, irradiava uma energia muito agradável e por conta disso sempre teve facilidade pra conquistar as pessoas ao seu redor. Foi aí que os pais de Gabriel entenderam o porque ele se apaixonou. Perto dela parecia que o tempo parava e tudo ficava mais colorido, isso explicava tudo.

Gabriel se sentiu o cara mais feliz do mundo quando a criança nasceu. Com um sorriso contagiante no rosto pegou no colo o bebê mais fofo do mundo pela primeira e última vez.
Ainda naquele mesmo dia voltando do hospital pra casa sofreu acidente de carro e morreu pedindo que pais que não se esquecessem do nenê, seu filho.

Naômi foi acolhida na casa dos pais de Gabriel como já havia sido combinado para quando deixasse o hospital, mas apesar de se sentir bem alí também achava que sua presença e a do bebê lembrava Gabriel o tempo todo e isso deixava um clima triste na casa, então aproveitou que os avós da criança tiveram de fazer uma viagem a Europa e voltou para sua casa onde morava com sua amiga Léia que passou a ajudar com o bebê sempre que chegava do trabalho. Trancou a faculdade e saiu do emprego pois o dinheiro que Gabriel deixou para as primeiras despesas com o nenê dava pra se manter por pelo menos uns quatro meses tranquilamente. Pensou que o Rio de janeiro não era um bom lugar para se criar um filho por conta da violência e que ela própria não tinha estrutura para isso. Tinha de deixar-lo aos cuidados de alguém com mais juízo que ela, mas não achava justo impor a criança aos avós.
Estranhando a si mesma por estar com esses pensamentos na cabeça lembrou-se do único irmão que morava no interior do estado, então se viu decidida deixar a criança aos cuidados dele Fernando quarenta e cinco anos, casado, sem filhos, que trabalhava como vigilante de banco, assim sendo aquele bebê nascido carioca cresceria em Volta Redonda bem estruturada cidade do aço trezentos mil habitantes.

Chegou bem cedinho na casa de número 401 onde bateu na porta até ouvir a voz de Gení sua cunhada.
- Já vai! - eram cinco e meia da manhã quando chorando Naômi deu um último beijo se despedindo silênciósa com um aceno de princesa para seu anjinho que já acordado agitava as delicadas mãozinhas.
Se virou e saiu antes que a porta se abrisse. Passando por um homem magro que vinha no sentido contrário, achou estranho ele estar usando um sobretudo já que apesar de ser muito cedo também era verão.

Naômi só reaparecería um ano depois quando no primeiro aniversário de seu filho, mas sumiria novamente. Foi embora deixando o bercinho com o bebê junto a mochila que trazia uma carta explicando tudo, uma mamadeira, uma lata de leite em pó, um pacote de fraldas e ainda além de umas roupinhas a certidão de nascimento onde constavam além dos nomes dos avós o seu próprio nome como sendo a mãe e o nome da menina como uma homenagem à Gabriel... Gabriélla Bela.

Gabriélla cresceu apresentando a mesma personalidade da mãe e como achava chato tudo que era muito certinho ou demorado de mais acabou se envolvendo com uma galerinha nóia que foi sua turminha por um bom tempo até perceber que não era aquela vida que queria pra ela. Foi quando viu Matheus seu melhor amigo ser assassinado pelos traficantes do morro. Naquele dia repensou sua vida e decidiu recomeçar tudo do zero se mudando para o Rio de janeiro onde depois de passar por dificuldades  conseguiu encontrar um novo sentido para ela. Isto se deu quando estava começando a se afundar novamente. Conheceu um cara muito estranho que lhe ensinou toda uma nova filosofia. Viu a página sendo virada e uma outra começando uma nova história, uma outra parte. Em pouco tempo se tornou a Dama de vermelho, uma heroína da pele cor de canela com uma força de dez homens. mas essa parte... já é outra história...

Subman - OrigensOnde histórias criam vida. Descubra agora