Eu nem queria vir nessa viagem

2.3K 118 64
                                    

Olá! Estou muito feliz em postar essa história, ela é um spin-off do meu livro Apaixonado pelo meu irmão, mas elas são independentes entre si, então podem ler apenas essa. Embora vão ter alguns pequenos spoilers de Apaixonado pelo meu irmão, não é algo que atrapalhará a sua leitura. No entanto, ficaria muito feliz se você lesse as duas.

Espero que goste dessa história! :)

********************

Me espreguicei ao entrar naquele ônibus cheio de adolescentes falantes e animados. Ninguém, simplesmente, ninguém calava a droga da boca! Não que eu fosse dos mais quietos, pelo contrário, eu falava e falava demais, especialmente quando tinha alguém irritado por eu estar falando, mas hoje o dia já começou ruim.

Bufei ao me lembrar e sentei no fundo do ônibus sozinho. Eu não tinha nenhum amigo, aquela coisa de é melhor ser temido do que ser amado é pura bobagem! Ninguém tem medo do garoto de cabelos castanhos e sorridente chamado Yuki que estava a alguns assentos de distância, mas ele tinha amigos que falavam com ele. Talvez se eu não passasse o tempo atormentando as pessoas, eu tivesse amigos. Peraí, o que estou falando? Eu sou um garoto frio, malvado e manipulador, ninguém acha que eu tenho sentimentos... o quanto eu queria que isso fosse verdade! Eu queria ser forte, não ter medo de nada e ser a pessoa que eu fingia ser. Mas eu sei desde cedo que querer não é poder.

Eu já nem queria ir para aquela viagem, eu não estava falando com ninguém depois do incidente com Yuki, mas entre ficar com meus pais e ir viajar, eu escolhi ir viajar. Sem contar que Akihiko, meu irmão, iria ficar bem, ele ia ficar cercado por babás e o meu tio estava nos Estados Unidos, então, ele estava seguro. Bom, a sanidade dele não estava, mas é isso que é viver na minha família.

Meu pai não é tão mau, ele passa todos os dias e noites no trabalho, normalmente chega em casa quase meia noite e, de vez em quando, ele vem acompanhado por alguém. Por alguma mulher. Falei uma vez isso para minha mãe e ela me deu um tapa no rosto com força, dizendo para eu nunca mais repetir aquilo.

Minha mãe passa o tempo todo em casa, ela é uma ex-modelo que meu pai conheceu quando já era um fotógrafo renomado. Ela tinha 17 anos, estava começando a carreira e era linda, segundo o que ela mesma dizia. Meu pai, que tinha quase 40 anos na época, pensou que ela era a mulher certa para ser sua esposa troféu e mostrar que ele estava bem depois do seu divórcio com uma estilista famosa.

Minha mãe não trabalha, apenas vai à festas e eventos beneficientes para se encontrar com as amigas e algumas vezes aparecer nas revistas com os famosos, ela é louca por fama e sente falta de estar em frente a uma câmera. O resto do tempo que ela não passa no shopping ou no cabelereiro, ela passa em casa, fazendo questão de azucrinar a mim e ao Aki. Eu não entendia como uma mulher que passava tanto tempo sem fazer nada não podia dar um pouco de carinho aos filhos ou mesmo uma conversa no café da manhã que não consista em "abaixa esse topete do seu cabelo" para mim e "para de brincar com a comida, é deselegante" para o meu irmão. Porra, ele tem cinco anos, deixa ele fazer carinhas felizes com a comida!

Hoje foi pior, ela estava tomando seu dry martini da manhã e gritou:

–Sorata!

–O que foi, mãe?- eu respondi de mal humor, estava pensando se eu acordava ou não o Aki antes de ir.

–Querido, pode ir pegar uma azeitona para mim na dispensa? Não posso tomar um dry martini sem azeitona, não é? Sem contar que aquela incompetente da empregada não pôde vir porque estava sentindo contrações. Dane-se se o filho dela vai nascer, eu preciso de um dry martini!- ela reclamou dramaticamente, sentada no sofá, ainda com um robe de seda preta longo. Se fosse qualquer outra coisa, eu teria pego logo, mas eu não queria ir para a dispensa.

Apaixonado por um antissocialOnde histórias criam vida. Descubra agora