Eu odeio o amor

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Atrasei um dia, perdão, gente! Mas aqui está o novo, com narração do Sorata, espero que gostem!

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Sorata

Saí correndo pela rua como se fosse um louco, sem me importar com os olhares que atraía pela rua. Não me importei nem em dar satisfações a Akira, não era como se fosse me importar com essas pessoas.

Mas o que eu iria dizer para Akira? Iria dizer que não aguentava mais olhar na cara dele, mas que iria ficar na casa dele porque não tinha para onde ir?

Eu sempre desprezei incesto, quero dizer, desde que o meu tio começou a se aproveitar de mim. Achava doentio uma pessoa nem se importar se a outra é da família, não podia encontrar outra pessoa na rua, não? Com Akira, eu aprendi que nem tudo se baseia em luxúria, mas alguns relacionamentos se baseiam em amor. Como o que eu tinha com ele, mesmo sem sexo, nós nos amávamos.

Até mesmo passei a deixar de sentir nojo do que Yuki tinha com Aaron. No entanto, isso não queria dizer, de maneira alguma, que eu conseguisse me sentir desse jeito por algum membro da minha família. E então, eu descubro que Akira é meu primo de primeiro grau. Não iria fazer tanta diferença se ele fosse meu irmão ou coisa assim. Eu sentia tanto ódio e nojo de mim mesmo. Como eu pude desejar alguém da minha família? Como eu pude quase transar com essa pessoa?

Céus, quando Aoyama diz que eu sou quebrado, que eu sou estragado, ele está certo. Eu não sou muito diferente dele, eu quase fiz com Yuki o que ele fez comigo e me relacionei com alguém da minha própria família. Eu me apaixonei pelo filho do meu estuprador. Lindo, né? Eu devo ser um doente!

Tenho nojo de mim mesmo, se eu me olhasse no espelho provavelmente vomitaria ao ver a podridão que eu sou. Como pude me apaixonar por Akira, como? Ele parecia ser tão diferente de Aoyama... mas eles eram da mesma família, tinham o mesmo sangue, Akira era metade do meu tio.

Eu não podia me relacionar com ele, não conseguia mais nem olhar para ele e distinguir seu sorriso doce do sorriso maligno do meu tio. E por quê? Porque eles eram muito parecidos pelo fato de serem pai e filho.

Uma parte do meu cérebro gritava que Akira nunca poderia ter culpa por algo que Aoyama fez, mas uma parte de mim não conseguia mais ver Akira como o garoto fofo, tímido e meio chato de vez em quando, essa parte de mim só conseguia vê-lo como filho do monstro do Aoyama. E essa parte de mim era o meu coração.

Como eu poderia falar disso com ele? O garoto idolatrava seu pai antes mesmo de saber quem era. E se ele defendesse Aoyama, eu não iria aguentar.

E, sejamos realistas, era muito possível que à partir de agora, ele quisesse se aproximar do meu tio e conviver com ele, conviver com o seu amado papai. Eu era só um cara que nem conseguia satisfazê-lo na parte sexual, ele poderia encontrar qualquer um que fizesse mais por ele em qualquer boate, mas Aoyama era seu pai.

E claro que meu tio iria fazer o que ele quisesse para que isso não viesse à tona. Presentes, dinheiro, viagens... poderia até mesmo passar uns dias com Akira para que ninguém soubesse que ele tinha um filho. Ele não daria seu sobrenome para Akira, nem amor, mas podia lhe dar o que o dinheiro comprasse. Podia dar um pai ao garoto, um pai que não presta, mas um pai.

Quanto mais eu pensava, mais eu tinha certeza que ele iria preferir Aoyama, e eu não conseguia aceitar isso. De jeito nenhum. Pelo menos, não de um jeito maduro. Então, fiz o que qualquer pessoa imatura faz quando termina um relacionamento: fui encher a cara em um bar.

Fui até o primeiro que encontrei e pedi ao barman:

—Quero uma garrafa da coisa mais forte que você tiver.

Apaixonado por um antissocialOnde histórias criam vida. Descubra agora