Penélope andava pelo quarto, de um lado para o outro, há mais ou menos uns quinze minutos. Jessica e Carla tinham saído fazia horas, e mesmo depois de fazer de tudo um pouco, na tentativa de se acalmar, ela não conseguia. Tales não lhe saía da cabeça. Pandora não lhe saía da cabeça... Toda aquela situação não lhe saía da cabeça. Penélope chegara a cogitar olhar para o chão e ver se seus insistentes passos não cessados em nenhum instante pelos últimos quinze minutos, não fizeram nenhuma diferença no piso de madeira polida do seu quarto.
Mas foi quando Penélope ouviu duas batidas fracas em sua porta que tudo piorara. Perguntou-se em que momento Pandora tinha chegado em casa, já que ela de instante em instante ia até sua janela, espiando para fora tentando ver algum sinal de que ela havia chegado.
Mais que depressa, e se atrapalhando com as chaves, Penélope abriu a porta do quarto, dando passagem para a irmã entrar.
Para Pandora era impossível não se importar com o desastre que era o quarto da irmã: Roupas para todos os lados, sapatos jogados por todo o chão do quarto e nem mesmo o seu material de estudo era organizado em um único lugar. Pan se perguntava como que a irmã conseguia se encontrar em meio a tanta bagunça! A passos rápidos e precisos, Pandora se aproximou da cama, com uma mão afastou algumas roupas amarrotadas, para não sentar em cima, e sentou-se.
― Como foi seu dia? ― Penélope foi a primeira a falar, enquanto puxava sua cadeira da mesa do computador, sentando-se de frente para a outra.
Uma podia sentir a tensão que emanava da outra.
― Exaustivo! ― comprimiu os seus lábios. ― Phil quase tira o meu couro hoje ― Pandora falava, mas sua concentração estava em outro assunto. ―Pene... ― suas palavras perderam-se em sua boca, as mãos estavam suando, o que denunciava o quão grande era o seu nível de nervosismo. E para piorar, pensou Pandora, o silêncio que rondava o local era assustador, ouvindo-se apenas o "cri, cri" de alguns insetos que rondavam do lado de fora.
― E como foi a noite de ontem? Não tivemos oportunidade ainda de conversar sobre isso ― finalmente Penélope tocou no assunto. Mas ela também estava nervosa, isso se dava ao fato de que ela tinha recebido um beijo, ou melhor, o melhor beijo de toda a sua vida. Pene não podia negar que Tales mexera com ela... A desestruturara completamente. Mas não seria por causa de seu bel-prazer que ela iria destruir qualquer sentimento que Pandora tivesse nutrido por Tales durante a noite passada. Penélope podia ver nos olhos da irmã que alguma coisa nascera dentro dela.
― Foi legal... ― respondeu, tentando não transparecer suas verdadeiras emoções. ― Tales é uma ótima pessoa ― levantando o seu olhar, Pan tentou decifrar o que se passava no da irmã quando ela mencionou o nome de Tales. Mas Pandora não conseguiu perceber nada, nem um brilho a mais e nem a menos. Os olhos de Penélope continuavam os mesmos desde a hora eu que Pandora entrara no quarto.
Contudo, para Penélope estava sendo completamente doloroso tentar esconder o que havia acontecido, ou melhor, tentar fingir que nada tinha acontecido, pois soubera no exato momento em que a irmã entrou em seu quarto, que ela só esperava um sinal verde de sua parte para deixar seus desejos virem à tona. E não seria ela a negar-lhe aquilo.
Então, colocando em seu rosto uma máscara de frieza, ela sorriu, dizendo:
― Acredita que eu o vi hoje? ― fingiu não se importar com o fato.
Pandora olhou-a mais fundo ainda, pois não conseguia entender por que sua irmã estava agindo daquela maneira. Ela escondia algo e Pandora sabia disso.
― Tales me ligou quando eu estava indo para a faculdade ― Pandora coçou a sua testa, passando a mão pelos cabelos. ― Ele disse que tinha "me" visto pela manhã. Na hora saquei que ele falava de você.
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DUAS FACES
RomanceDuas mulheres. uma mesma face.Por essa Tales Couto não esperava! Uma era meiga, discreta, tímida e maravilhosa. A outra era vivaz, irritante, descolada e... Maravilhosa! Quando Penélope e Pandora Albuquerque entraram feito um furacão na vida de Tale...