Capítulo 6

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   Saí do carro. Minhas amigas estavam a minha espera. Acenei enquanto travava o veículo. Olhei para os dois lados, atravessado a rua com cuidado.

― Oi! ― saudei-as assim que me aproximei. Sam, Úrsula e Raissa eram as amigas que qualquer garota adoraria ter.

Beijei-lhes no rosto.

― Pandora, você está horrível! ― Raissa disse com sua extrema sinceridade. ― Pega isso aqui e amarra essa tua juba, amiga, que do jeito que está não pode ficar! ― entregou-me uma caneta.

Peguei-a, enrolando o cabelo em volta dela, num coque alto. Algumas mechas caíram. Coloquei-as atrás da orelha.

― Você precisa disto também ― Úrsula tirou um batom de sua bolsa, estendendo-me, juntamente com um pequeno espelho.

Sorrindo, peguei, passando-o nos lábios.

― Mais alguma coisa? ― devolvi o acessório a ela.

― Um perfume cairia bem... Aí! ― acertei minha bolsa em Sam. ― Você tá fedendo a listerine! ― defendeu-se.

― Será que é porque eu passei o dia trancada no consultório extraindo e colocando dente nas pessoas?

A risada das três foi impagável!

Eu estava de costas para a rua, Samanta, Úrsula e Raissa estavam de costas para o portão da faculdade. Sam soltou um baixo pigarro, ao mesmo tempo em que fingiu coçar atrás de sua orelha. Eu não conseguia entender aquele olhar que me lançava.

― O que foi? ― franzi o cenho. Odiava quando apenas eu não entendia o que se passava.

Úrsula olhou discretamente para o lado, aproximou-se mais de mim, sussurrando:

― Não olha agora, mas tem um gato... ― suspirou. ― Um tremendo gato encostado a seu carro, amiga.

Elas tentavam a todo custo não olhar. Mas eu já sabia de quem se tratava. Eu conseguia sentir aquele olhar queimando as minhas costas. Respirei profundamente.

― Obrigada pela caneta e obrigada pelo batom ― assim que terminei de agradecer, dei meia volta, saindo em direção ao lindo homem que se encontrava com os braços cruzados, uma perna levantada, apoiada na porta do meu carro. Sua cabeça inclinada e aquele sorriso torto que exterminava todas as minhas defesas.

― O que houve com o "depois eu te ligo"? ― aproximei-me dele.

― Não gostou de eu ter vindo lhe ver? ― fingiu estar ofendido.

Bufei.

― Não é isso. É que, eu não vou poder te dar atenção. Tenho que entrar e...

Tales levou sua mão ao meu rosto, pondo para trás da minha orelha uma mecha de cabelo que escapara. Meu corpo inteiro vibrou perante a aproximação. Fechei os olhos tão forte que foi o meu delírio. Suspirei pesadamente, abrindo-os logo em seguida.

Eu sabia o que via naqueles olhos. Sabia também o que estava nos meus naquele momento... Era o reflexo do que existia nos dele: desejo.

Eu o queria, desejava-o! Estava excitada apenas com o simples fato dele estar perto de mim, ter me tocado tão carinhosamente. Imaginei se resolvêssemos aprofundar as caricias... Logo veio a minha mente a imagem de nós dois, em uma cama colossal, redonda, com lençóis de seda vermelha, um espelho no teto, Tales sobre meu corpo, arremetendo sem pudor, fazendo-me delirar ao mesmo tempo em que admirava sua bunda através do espelho. Eu sabia que ele deveria ter uma bunda de arrasar, pois não deixava nada a imaginar sob seus jeans apertados.

DUAS FACESOnde histórias criam vida. Descubra agora