prólogo
∞
Residência Secreta da Família Ivanov, Sibéria (Rússia)
TEMPO ATUAL – 2019
Gostaria de saber dizer como é que tudo começou.
Qual foi a faísca que, no meio de tanta loucura, levou à revolução.
A tudo isto que aconteceu.
Nunca estive de acordo comigo mesma sobre o início de toda a história. Nunca fui capaz de pôr um ponto final na história, porque agora me tornei o passado de que tanto queria fugir. Ainda não tenho a certeza de ser suficientemente corajosa para me apresentar como Rose Lightwood a um estranho na rua.
Continuo a preferir o nome com que vivi todos estes anos.
Agora, isto tornou-se parte de mim. Tudo isto. Esta confusão, que absorvi, agora faz parte do que sou. Do que serei um dia.
Abato o homem à minha frente, agradecendo por ter o silenciador instalado na arma nova. Ele cai morto, como um saco de batatas, sem barulho, sem gritos. Apenas um baque frio e seco contra o azulejo do chão.
Olhei para Liam, que deixa um beijo na minha testa antes de avançar para o esconderijo seguinte.
O meu coração bate tão forte, de receio por ele, que eu até chego a pensar que os inimigos o conseguem ouvir, no andar de cima da casa.
Imagino os passos da família e do seu exército no andar de cima. Sei que é apenas paranoia minha, e que, sendo o piso blindado a noventa e nove por cento, seria impossível ouvi-los a caminhar, mas não consigo evitar pensar... E se estivermos a ser observados por câmaras ocultas? E se eles conseguirem ouvir-nos a nós?
Estou nervosa. Mais do que nervosa, estou aterrada.
Aponto o meu fuzil com as mãos trémulas, com o dedo no gatilho e o carregador cheio, pronta a disparar se alguém aparecer na hora errada.
Ele chega em segurança, e eu finalmente solto a respiração, que mal tinha dado conta de estar a prender. Yeager é como uma pantera, move-se com delicadeza, suavemente. Indetetável.
Certo?
Merda, eu não o devia ter arrastado para isto. Estou nervosa demais para raciocinar a cem por cento, tal como deveria. Estou demasiado concentrada em verificar se ainda está vivo, se não foi atingido por nenhum tiro, mesmo ele já sendo maior e vacinado e sabendo muito bem o que está a fazer.
Está demasiado em jogo, é demasiado perigoso e agora não dá para voltar pelo mesmo caminho de onde viemos.
Se algum dia conseguíssemos sobreviver a todas as minas soterradas na neve sem o holo-mapa, os próprios Ivanov me matariam com as próprias mãos ao descobrirem o invasor da fortaleza a que chamam de casa. E os seus objetivos. Ou então, continuariam a perseguir-nos até aos confins do mundo, sedentos de vingança.
- Pronta? – Os lábios de Liam movem-se numa pergunta surda.
Escondo-me atrás de um carro clássico, que deve ter custado uma fortuna à família russa. A porta blindada que dá acesso ao elevador – a única forma de entrar na casa sem ser necessária uma bomba para derrubar as paredes – está guardada por dois homens quase da altura da porta, com coletes à prova de bala e – firmes nas mãos de pedra.
Só sou capaz de pensar em Liam agora.
Como ele segura a granada, pronto para puxar a presilha a qualquer momento, apenas à espera do meu sinal.
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Reação em Cadeia ✓
Mistério / SuspensePublicado com a Chiado Editora em 2019 ❝ reação em cadeia (chain reaction) - uma sequência de consequências provocadas por um único ato, que gera relações entre elementos outrora distintos. ❞ ♡ inked skins series | vol. 1