Isso é guerra

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Helena,Montana – USA    

Depois daquilo peguei minhas coisas e me mudei para casa da minha tia avó Wanda. Não ficaria mais perto de Bill até que eu parasse de sentir aquela ligação. Mamãe e papai não entenderam muito bem o motivo de eu ter feito isso, já que não falei a verdade para eles, apenas contei que iria passar um tempo lá por achar que a vó estava sozinha demais, eles chegaram a argumentar, falando que eu poderia visitá-la todos dos dias, mas falei que preferia ir e ficar lá mesmo.

Ouvi a campainha tocar, e deixei meu livro de magia de lado para ir atender. Minha tia avó tinha saído para fazer compras, então eu estava sozinha em casa. Me surpreendi ao ver Samanta pelo vidro da porta, já havia quase dois meses que não nos falávamos por causa do ocorrido. Dei um sorriso e destranquei a porta. Ela me abraçou no mesmo instante e começou a chorar. A abracei de volta e puxei para que entrasse. Nos sentamos no sofá e esperei até que se acalmasse para finalmente falar o que aconteceu.

– Quer falar o que aconteceu? – Perguntei enquanto alisava seu cabelo loiro.

– Acabei de trair o Bill. – Soltou ainda com a cabeça deitada em minhas pernas.

– Como assim você traiu o Bill? – Rebati nervosa. – Com quem?

– Com meu professor de desenho da faculdade. – Aquilo me entalou na garganta, eu queria dar uns tapas em Samanta por isso.

– Mas você transou com ele? – Afirmou com a cabeça. – Mas que inferno, Samanta! – Foi à única coisa que consegui dizer. – Por que você fez isso?

– Eu não sei. – Falou em prantos. – Você nunca se sentiu atraída por nenhum professor seu quando fazia faculdade?

– E nem tinha como, eram todos velhos. – Eu era formada em enfermagem e Sammy estava cursando belas Artes.

Fiz faculdade apenas para ter um curso já que a família do papai e da mamãe era endinheirada, e eu e Samanta nunca precisaríamos trabalhar. Nossos pais não gostavam de ter casa e imóveis gigantes, preferiam viver como uma família normal de classe média. Eles diziam que nós já éramos bruxos e que se ficássemos exibindo o nosso dinheiro, poderíamos chamar muita gente para próximos de nós, e isso era o que eles menos queriam, chamar atenção.

– Eu sei quem é o cara? – Tentei me manter calma para ver se ela parava de chorar.

– É o Joseph. – Abraçou minhas pernas. É, o cara era gatinho, eu já tinha visto ele quando fui na faculdade dela levar um livro que tinha esquecido em casa.

– Sammy, logo o Joseph? Sabe que ele dá em cima de todo mundo. – Isso a fez chorar ainda mais. – Ok, vou parar de falar.

– O que vou falar para o Bill? – Suspirei com aquilo.

– A questão é; Você quer falar que traiu ele? – Negou com a cabeça. – Então não fale. Não tem como ele ficar magoado contigo se não souber o que você fez. – Passei a mão em seu cabelo.

– Mas se ele perguntar o motivo de eu estar estranha? – Se virou e ficou de barriga para cima, me olhando.

– Fala que está pensando em mim, e que quer vir até aqui fazer as pazes. – Dei de ombros. – Sei lá.

– Não é uma ideia ruim. – Abriu um sorriso fraco, e aquilo me incomodava muito. – Podemos ver um filme?

– Eu estava estudando... – Ela me olhou de um jeito triste. – Mas sim, podemos ver um filme.

– Eu escolho. – Já se sentou e pegou o controle da TV sobre a mesa de centro.

– Vou fazer pipoca. – Levantei do sofá e fui até a cozinha.

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