Lembre-se que tudo ficará bem

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Estava parada atrás de Bill, olhando ele limpar os ferimentos da minha barriga, dando pontos e depois passando uma pasta de ervas nos buracos, para que parassem de sangrar. As lágrimas desciam pelo seu rosto, sua roupa estava toda suja de sangue, assim como o chão do banheiro e todo o caminho que ele passou comigo nos braços. A barra de seu robe branco estava manchada em um tom escarlate, dando um ar macabro.

Me sentei na beira da banheira e tentei toma-lo, mas não consegui. Aquilo era angustiante. Respirei fundo e continuei olhando o que ele fazia. Com uma tesoura começou a cortar a minha roupa, deixando meu corpo ficar apenas de sutiã e calcinha, eles não tinham sujado de sangue também. Então usou um pano úmido para limpar meu corpo, e quando terminou, encostou minha cabeça na banheira e lavou meus cabelos loiros com todo o cuidado do mundo. Depois os secou e "me" levou para o quarto, já limpo e colocou o corpo em sua cama enorme de casal. Foi até seu closet e logo voltou com um suéter azul enorme e me vestiu com ele, aquilo era tão grande que chegava a bater acima dos meus joelhos, parecendo um vestido. Espera, conhecia aquele suéter, era o que eu sempre pegava emprestada quando estava frio. Sorri com aquilo e sequei a lágrima que descei de meu olho logo em seguida. Eu amava aquele suéter. Então ele respirou fundo e se levantou, indo novamente até seu closet e pegando um livro lá de dentro. Uni as sobrancelhas vendo o que ele fazia. Bill acendeu umas velas brancas usando magia, e abriu o livro sobre a cama. Coloquei a mão dentro dos bolsos do meu casaco e achei o anel dele de Lapis Lázuli. O que aquilo estava fazendo comigo?

Hanc corpore intacto¹. – suas palavras me chamaram atenção, fazendo com que eu voltasse a guardar o anel onde achei. As chamas se levantaram e a luz começou a piscar. – Hanc corpore intacto! – repetiu e meu corpo começou a levitar sobre a cama. – Hanc corpore intacto. – disse mais uma vez, e tudo se apagou rapidamente.

As luzes foram voltando lentamente, e eu pude ver meu corpo deitado sobre a cama, e minha pele parecia porcelana. Uni as sobrancelhas e cheguei perto para ver melhor.

– Ele fez um feitiço para seu corpo não se degenerar com o tempo. – Tom falou bem atrás de mim, me fazendo tomar um susto. – Até que ele foi esperto.

Não respondi, ou mandaria ele ir a merda. Vi Bill pegar meu corpo e sair com ele do quarto, descer as escadas, e ir para o porão da enorme da mansão. Tinha um caixão empoeirado lá, certamente deveria ser de Agnes. Ele o abriu com magia e me colocou dentro dele com cuidado, depositando um beijo em minha testa e passando a mão em meu rosto. Ouvi um barulho atrás de mim, e me virei para ver o que era. Foi um rato enorme que derrubou umas latas de tintas vazias.

– Eu vou te trazer de volta para casa. – sussurrou e depois fechou o caixão, deixando sua mão sobre a tampa. – Hoc autem modo loculum hii cum spell.² – uma luz dourada saiu de sua palma, e como um escudo envolveu a enorme caixa, e logo desapareceu, como se nada tivesse sido feito. Ainda usando magia desfez uma parede de tijolos e depois colocou o caixão lá dentro, recolocando os tijolos de volta no lugar, e fazendo um sigilo de ocultação na parede para esconder qualquer resido de magia que poderia ter ali, inclusive minha localização se alguém tentasse fazer um feitiço para me achar. – Você perdeu tudo, mas não vai me perder. – passou a mão na parede e arrastou três caixas enormes para esconder melhor o lugar.

– Que meigo. – Tom debochou e eu apenas olhei para ele por cima do ombro com a cara fechada. – O que foi?

– Você não precisa ser tão babaca assim. – sai andando seguindo Bill.

– Você precisa ir falar com a sua tia. – o ignorei. – Morgana!

– Depois, Tom, depois! – não ousei olhar para trás.

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