Capítulo VI - Monstros Invisíveis

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  Mesmo não conseguindo ver, dava pra perceber que não estavam tão longe. Os passos cresciam cada vez mais, aquelas criaturas estavam sedentas correndo atrás daquelas crianças. Que corriam desesperadamente de algo que não conseguiam ver.
  A Srta Peregrine estava começando a ficar desesperada, nunca tinha estado na presença de um etérios antes. O mais perto que chegou dessas criaturas foi nos muitos livros que leu sobre eles. Todos tentavam descrever como eram e como era estar perto de um. Mas nenhum conseguiu descrever o que ela estava sentindo. Precisava impedir que pegassem aquelas crianças. Mas como iria matar aqueles etérios? Não havia nenhuma arma ali, embora ela tivesse uma por segurança, mas havia deixado na pensão. As crianças agora estavam indo em direção a um lugar sem saída, e os etérios ao seu alcance. Não havia o que ela pudesse fazer, se tentasse interferir, poderia chamar a atenção dos moradores ou acabar presa nas línguas daqueles monstros sem nem sequer perceber. Mas também não podia deixar aquelas duas crianças morressem.
  Foi então na direção dos estrondos que marcavam onde as criaturas estavam. Não tinha um "plano", a única coisa que importava era tirar os etérios dali e, se tivesse sorte, conseguiria embosca-los. Voou perto o bastante para conseguir sentir uma pele arquerosa tocar sua perna. Então eles já sabiam que ela estava ali. Mas não estavam atrás dela.
   Tornou a continuar tocando e seus rostos, talvez assim conseguisse distraí-los até que as crianças conseguissem fugir. Fez isso durante mais ou menos uns 5 minutos, mas os etérios não estavam interessados em uma ave bicando seu rosto, queriam ter sua refeição e iriam conseguir.
   Foi quando ela reparou no prédio onde estava alojada. Horace estava na sacada observando cusioso o que estava acontecendo . Alma foi então até lá.
Se transformou rapidamente e tornou a falar arfando.
- Horace....sou eu a Srta Peregrine, pode pegar aquela arma que está dentro daquela mala por favor?

Ele pegou rapidamente perguntando:

- Uma arma? Mas contra o que a Srta está lutando? Eu não vejo nada!
- Exatamente Horace, não dá pra ver porque são etérios! Peculiares mal intencionados que se transformam nesses monstros que não conseguimos ver. Está vendo aquelas duas crianças ali? Elas estão sendo perseguidas por pelo menos dois deles, preciso salva-las. - respondeu ela muito atônita
- Mas como irá lutar contra uma coisa que não consegue ver? Eu vou ajudar!
- Não, não Horace! Você é só uma criança e não tem ideia do que são aquelas coisas, fique aqui esperando por mim por favor!

   E ela voltou para lá voando com a arma presa em suas garras. Não havia qualquer possibilidade lógica de sobreviver à aquilo, mas era necessário. Se esses etérios estavam perseguindo aquelas crianças era porque elas eram peculiares. Os etérios não iam atrás de normais com tanta insistência assim, deviam estar os perseguindo à quilômetros.
     As crianças chegaram no lugar sem saída para onde estavam indo, estavam desesperadas tentando ouvir ou sentir o cheiro das feras. Haviam os dispistados por alguns minutos.
     Quando Alma pousou ao lado deles derrepente, os dois não tomaram um susto tremendo como ela achou que teriam. Eram uma menina e um menino, aparentemente irmãos pois se pareciam muito. Logo o menino se dirigiu a ela arfando:

- A Srta é uma delas??? Ai meu Deus, estamos salvos Brownie!
- Olhem, fiquem aqui enquanto eu tento dispistar aquelas coisas, tudo bem? - perguntou ela

Ela foi então na direção de onde eles vieram correndo. E logo ouviu o som deles, era impossível dizer quantos eram. O pavor crescia dentro de Alma cada vez mais. Agora os passos cresciam, mas não estavam correndo, e sim andando. Isso a fez pensar que estava a no mínimo uns 20 metros das criaturas. Agora era possível visualizar suas passadas na grama, e eram apenas duas, uma de cada vez, uma de cada pé. Graças às aves, era só um etério. Sua chance de vitória agora era possível.
   Sentiu o cheiro podre de sua carne cada vez mais próximo, a criatura devia estar calculando em que momento atacar. E isso deu tempo para a Srta Peregrine achar um ponto para atirar. Mirava para cima, e com sorte, acertaria a cabeça e acabaria logo com isso. Só que o monstro foi mais rápido. Ele a pegou pela cintura com suas línguas asquerosas e a ergueu no ar.
   As crianças gritavam por ajuda, do alto conseguiu ver Horace da sacada em prantos sem saber o que fazer.
   O cheiro podre da criatura agora era quase fatal, sintia seu hálito muito perto de seu rosto. Mas isso não foi de todo ruim, serviu para acorda-la de que ainda estava armada com a arma e por um reflexo a tirou do bolso da saia e puxou o gatilho do lugar que achou que seria mais fatal. E de fato foi. O etério combaleou para trás e a soltou. O garoto foi corremdo a seu alcance e a pegou quando estava prestes a cair no chão e a colocou de pé.
   Ela havia matado um etério. Aquilo não parecia possível mas aconteceu.  Alma estava tão louca pela adrenalina que nem se lembrou de agradecer ao menino por te-la salvado de quebrar pelo menos uns 10 ossos. Disse a eles que acompanhassem-na e eles nem pensaram em hesitar. Deviam estar tão atônitos quanto ela.
    Quando ela abriu a porta de seu quarto foi recebida com um grande abraço de Horace que estava com o rosto mais espantado do mundo.
 
- Cheguei a pensar que nunca mais a veria Srta! Que bom que eu estava errado!

   Aquele abraço a lembrou de algo muito importante, por muita, muita sorte ainda estava viva, e conseguiria dar continuidade a sua missão. Horace a soltou e ela foi correndo pegar um copo de água para os dois que entraram. Não sabia nem por onde começar suas perguntas.

- Como a Srta fez aquilo? Foi incrível! Pensei que fosse morrer. - exclamou a menina que se chamava Brownie
- Fiz o que foi preciso querida - respondeu ela - mas o mais importante que deve ser dito, quem são vocês e como vieram parar naquela situação?
- Meu nome é Brownie  e essa é o meu irmão Victor. Nós viemos de um bairro mais afastado aqui de Londres. Estávamos fugindo de casa porque nossos pais não nos queriam mais, sempre quebrávamos tudo lá em casa sem querer só com um toque.
- Nós sempre fizemos isso - falou Victor - Sempre fomos diferentes das outras crianças, todas sempre tiveram medo de nós. Desde pequeno eu conseguia levantar coisas muito, mais muito pesadas sem o menor esforço, e quando a Brownie nasceu ela também conseguia fazer isso.
- E o que as pessoas diziam de vocês? - perguntou derrepente Horace.
- Todas diziam que éramos maldições na vida de nossos pais, vindos do inferno. Eu ficava muito mal com isso obviamente, mas queria saber de verdade o que eram essas "habilidades" que eu e minha irmã tínhamos. Então fui até uma casa de bruxaria que tinha perto da nossa casa e um vidente me disse que logo iríamos saber o que éramos, e que uma mulher que sabia se transformar em pássaro nos salvaria da morte e nos levaria para um lugar seguro. Duas semanas depois ouvimos nossos pais discutindo em como iriam nos largar na rua e fugimos. E agora aqui estamos.

Um breve silêncio se instalou depois que ele terminou de contar sua história.

- Bom com certeza essa é uma história nada fácil crianças....e para onde estão pensando em ir agora? - perguntou Alma
- Eles poderiam ir conosco! Se aceitarem é claro - exclamou Horace - É.... a Srta Peregrine está em uma missão de salvar pessoas como nós. Vocês são peculiares assim como eu, meu nome é Horace Sumnusson. Peculiares são pessoas que tem essas "habilidades". Sim, nós somos caçados pelos normais, e por isso ymbrines como a Srta Peregrine - ele apontou para ela - tem a função de salvar-nos e cuidar de nós.
- Tudo isso é verdade? - perguntou timidamente Brownie.
- Sim queridos, tudo que Horace falou é a mais pura verdade. Mesmo que seja difícil acreditar. E aquele monstro que estava perseguindo vocês também era um peculiar. Era um etério. Ele era um peculiar normal até se submeter a um experimento que o transformou naquele monstro que devora a alma de pessoas como nós. Ele deve ter sentido o cheiro de vocês e os perseguiu até aqui, e por sorte, consegui destruí-lo antes que matasse vocês.
- Mas há mais como ele por aí? - perguntou Victor
- Sim, há centenas deles pelo mundo. Por isso nós ymbrines resgatamos esses peculiares, prezamos por sua segurança e os mantemos seguros. Vocês não são obrigados a ir comigo, por isso peço que se.....
- Nós queremos! - disseram os dois ao mesmo tempo
- Não vejo nenhum lugar melhor para ficarmos a não ser ao lado de pessoas como nós. - falou Victor - Iremos acompanha-la em sua jornada Srta Peregrine.

    

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