O Que Não Pensar?

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Hale Pov.

Eu devia estar iludido, só pode. Todos esses dias da semana eu tinha saído da sala procurando por uma garota. A garota que eu havia visto.

Mas nunca mais encontrei ela, tinha até começado a perder as esperanças quando aquilo aconteceu.

Eu estava encostado em meu armário quando à vi. Ela estava de blusa de manga curta preta com a imagem da tabela periódica, uma saia de couro preta e calça leggie também preta por baixo, com os livros na mão e olhando para um ponto a frente.

Ela não parecia ligar para os outros ou sequer se havia alguém ao seu redor, se olhassem para ela todos seríamos invisíveis. E acredite, todos olhavam para ela...

As garotas comentavam, os garotos ficavam fixados a sua beleza, algumas garotas brigavam com seus namorados por olharem para outra garota, mas eles nem ligavam e continuavam olhando para ela.

-Esquisita... - Era excessivamente repetido aos resmungos pelas garotas.

-Uau... - Era a fala principal dos garotos. Mas a minha não. Eu apenas seguia com os olhos seus passos lentos.

Até um rolo compressor me atingir bem na nuca.

-Você tem que fechar a boca Hale, antes que algo entre dentro dela e tenho certeza que não vai ser a boca da garota nova. - Esse era Freed Brunet, o camisa 10 do time de futebol americano e meu melhor amigo desde os 4 anos de idade, quando brigamos por uma cadeira e acabamos sendo levados à diretoria com um lábio inchado e uma sobrancelha cortada.

Lá nós fomos obrigados a nos abraçar e juramos que nunca mais na vida faríamos tal coisa. Desde então somos muito amigos.

-Garota nova? - Falei, sem tirar os olhos dela.

-É, vamos ver essa belezinha todas as aulas de química e física. Sorte sua que não tem namorada, pode observar ela sem medo de unhadas ou tapas. Garotas são cruéis.

Assenti.

-Garotas são cruéis.

***

Céus! Nunca estive tão feliz por ter aula de química. Praticamente corri para a sala e coloquei minha mochila acabada na penúltima cadeira.

Todos entraram, menos a garota. Ela foi a última a entrar e se sentou na cadeira bem à frente do sr. Weasley.

Ela só pode ser louca ou alguém não havia avisado. O professor sempre falava cuspindo, por isso ninguém ousava ficar muito perto dele, já que podia sair da sala todo cuspido.

Angel e Emily sentaram bem ao lado esquerdo dela. Provavelmente queriam tiram satisfações.

Isso não era nada bom.

Como imaginei, Angel se aproximou dela, puxando conversa.

-Ouvi dizer que você é filha de Erik Salinger... - E falou alto, para todos ouvirem. - O homem mais bizarro da cidade! - Ela pareceu se ofender quando viu que Olivia simplesmente a ignorava e escrevia em um caderno desbotado. - O que é isso?

Ela arrancou da mão dela.

-Pode me devolver? É importante. - Ela pede, usando de uma educação e paciência incríveis.

-É seu diário? - Ela começou a ler uma página aleatória: - "Para que servem os humanos..."

-Pode me devolver, por favor? - Ela se levantou, Angel já ia recomeçar a ler quando arranquei o livro das suas mãos e coloquei na mesa de Olivia.

-Primeiro devesse pedir. Quer dizer, tenho certeza que sua mãe lhe ensinou mais do que isso, Angel. - Eu digo, cortante.

Ela pareceu surpresa. A verdade era que até mesmo eu estava surpreso. Mas coloquei minha mochila ao seu lado direito. Se tinha começado iria terminar.

Ela nem sequer olhou na minha direção, apenas abriu novamente o caderno desbotado e continuou a escrever nele. Fiquei à observando - acho que esperava ao menos um obrigado, mas não obtive uma palavra direcionada a mim de Olivia Salinger, nem nesse dia nem nessa semana.

Confesso que fiquei um pouco decepcionado com isso, mas não sobrou muito tempo para pensar, já que tínhamos treino hoje e precisávamos nos esforçar se não quiséssemos o treinador na nossa costa.

-Hale! - Olhei em direção a quem havia me chamado, Freed. Ele corria em minha direção. - Quem é o melhor capitão do time? - Ele colocou a mão ao redor do ouvido e se inclinou pra bem perto da minha boca.

Ele sempre fazia isso quando conseguia algo que queria.

-Você e agora pare de se gabar, o que foi que você fez? - Perguntei, curioso.

-Eu consegui tirar você do banco de reservas! - Ele deu soquinhos no ar e eu abri a boca, impressionado. Estava a 2 anos tentando sair das arquibancadas! - E pra atacante! Incrível, né?!

Ele me deu um soquinho e saiu correndo pelo campo pra reunir o time. Corri atrás dele, devagar, ainda não estava acreditando.

Em Jean Weasley você só se dava bem sendo um garoto se jogava futebol ou era popular e para ser popular precisava ser jogador de futebol.

E eu finalmente ía me dar bem!

-Ok, vamos começar do início, 1,2...3 Vai, falcões! - Os jogadores se espalharam pelo campo. Já vi e joguei isso tantas vezes que já sabia até onde a bola iria parar.

Peguei a bola e passei para Freed, ele estava livre, mas logo foi encurralado e... Eu à vi de longe, num Ford preto e pude jurar que ela olhou também olhou em minha direção...

Balancei a cabeça bem a tempo de pegar a bola passada por Freed e correr para ganhar o jogo. Corri e tive que derrubar dois, estava bem perto... Consegui!

Começei a receber tapinhas no capacete e dizeres como "nada como um bom atacante" ou "dessa vez vamos ganhar mesmo o campeonato!" e foi incrível.

Quando eu estava indo embora vi Angel, que vestida de líder de torcida - ela era a capitã delas, vindo em minha direção.

-Oi Hale... - Ela colocou a mão no meu peito. Esquisito. Olhei para a mão dela, mas ela não fez nada se não continuar a falar. - Soube agora que você entrou para o time e pela sua jogada, eu arrisco dizer que talvez a gente realmente ganhe esse ano...

É impossível saber o que ela exatamente queria, mas ela mordeu o lábio inferior e saiu de lá lenta e furtivamente.

E quando voltei para casa estava com apenas um pensamento.

Freed tem razão. Garotas são esquisitas e céus, lindas, mas principalmente... Garotas são cruéis.












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