Decisões

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Nota:

Hey pessoas!

Queria só agradecer os comentários!

Boa leitura!

***


Eu estava distraída.

Alheia, dispersa e inquieta.

Olhava para a tela do notebook e só conseguia pensar que eu precisaria ter aquela conversa com a minha família novamente.

- Sem chance, Sarah. Não queremos ela aqui.

- Não me admira você ainda querer que ela volte a pisar nessa casa.

- Ela não merece participar do nosso Natal.

Ainda podia ouvir minha avó, e meus irmãos resmungando quando eu toquei no assunto. Suspirei. Eu não podia convencê-los e muito menos ficar brava com eles. Todos tinham razão. Ela não merecia, não depois de tudo o que passamos por causa dela. Era compreensível a falta de empatia de todos eles.

Todos não, meu pai não tinha dito uma palavra desde que eu havia tocado no assunto há duas semanas. Ele só ficava lá, sério e quieto no canto da sala enquanto nos ouvia discutir sobre se ela merecia ser aceita ou não na reunião familiar mais importante do ano. Ele devia achar que o silêncio passaria despercebido, mas não, pelo menos não por mim. Meu coração se apertava ao vê-lo assim. Não devia ser fácil ouvir todos dizerem que a sua esposa era uma ingrata que não merecia sequer participar da festa de Natal com os filhos e as netas.

Olhei a hora no canto da tela do notebook. 16h09, o tempo parecia ter parado com preguiça de passar, o que me fez desanimar sobre a grande pilha de nada que eu havia produzido até aquele minuto.

Eu precisava resolver aquilo ou minhas chances de projetar algo espetacular para Ângelo e ganhar a presidência da Ligno iriam por água abaixo.

Levei as mãos aos ombros e me massageei, eu estava tensa e irritada. Coisas que minavam minha criatividade e energia.

- Você parece preocupada. - Julia comentou entrando em minha sala e me dando alguns arquivos. Eu sorri triste e concordei.

- E eu estou. Estamos no meio da semana e o tempo parece ter parado. Eu tenho tanta coisa pra fazer e não estou com nenhum pingo de vontade, Ju. Eu só queria... - suspirei. - Nem sei. Acho que uma tarde de yoga me ajudaria muito. - lamentei e a vi se sentar em uma das cadeiras em frente a minha mesa. As pernas negras torneadas se dobrando um sobre a outra.

- Ou uma tarde de sexo. - Julia sugeriu com um sorriso safado, eu a encarei séria, o que a desencorajou sobre o assunto. - Certo, o que foi? - perguntou preocupada. - É por causa dela? Da sua mãe?

- É. Eu tentei de novo falar com Suzana e Silas para que ela fosse pra fazenda no Natal, mas eu acho que nem se for estabelecido um decreto de lei eles vão querer ela lá. É...

- Compreensível? - Julia interrompeu. Me deixei cair no encosto da cadeira e lamentei.

- É. É compreensível, mas...

- Mas o que Sarah? Eu sei que você tem a melhor das intenções mas você não pode esperar que eles deem espaço para ela. Não depois de tanto tempo. - eu ouvi calada cada palavra que Julia dizia e percebi que eu nem sabia o que ia dizer depois daquele mas. - Nem você parece muito satisfeita que ela vá passar o Natal com vocês. - comentou me observando. Desviei o olhar. O céu lá fora pareceu um lugar mais seguro para observar de repente.

- Eu estou me esforçando. Falei com ela duas vezes no mês passado. Conversei com eles mesmo depois de ela ter sumido pra tentar explicar. Eu estou mesmo tentando, Ju. Mas parece que fica cada vez mais difícil falar o nome dela para eles. Principalmente quando a vó Tita está por perto. Ela fica sendo.... daquele jeito. - reclamei irritada por lembrar da forma como minha avó chamava minha mãe. A palavra ingrata e irresponsável eram corriqueiras nessas situações. - Se nenhum deles quiser nossa mãe por lá, vai ser por causa das coisas que ela diz. - desabafei esfregando os olhos.

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