Capitulo 2

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Mesmo com o dia ensolarado, Denver fazia frio. Alice amava quando amanhecia assim, podia usar suas roupas preferidas e ainda assim teria seu querido sol brilhando sobre a cidade.

       Pensou em sair para aproveitar o sábado, mas estava cansada da semana que tinha se passado, então  decidiu só assistir tv. Sentou no sofá com os pés sobre a mesinha de centro, deixou no canal que passava desenhos, iria começar Pinky e o Cérebro. Ela e Meggie adorava, quando crianças brigavam para decidir quem seria quem, as duas queriam ser o Cérebro, até que Meggie cansou dos choros de Alice e aceitou ser o Pinky.

        
      Alice sempre conseguia ser os personagens que queria, uma vez convenceu sua irmã que teria que ser Daphene só por ser ruiva, Meggie então escolheu ser o Salsicha, já que era medrosa. Fracassou só quando quis ser a Branca de Neve, Meggie usou a oportunidade de parecer-se mais fisicamente com a princesa, como Alice tinha feito anteriormente, o que fez com que a irmã mais nova concordasse com a situação. Alice ficou sendo a pequena sereia, não satisfeita mudou para Aurora. Era sempre uma briga toda vez que começava um desenho.

        Maggie desce as escadas enrolada com um cobertor, anda com os olhos fechado até o sofá, e se deita com a cabeça no colo de Alice.

– Já sonhou que você era a filha do Liam Neeson que foi sequestrada por traficantes mexicanos ? - Meggie pergunta - Foi bem louco

– Acho que você anda vendo filmes de mais - Alice responde franzindo as sobrancelhas

– Tá, falou a garota que sonhou ser uma vampira depois de assistir anjos da noite - Meggie zomba.

  – Esse foi sem dúvidas o melhor sonho da minha vida - Ela diz rindo.
   
       Alice sempre gostou das histórias de vampiros, aquele sonho tinha sido fantástico, ela tinha se apaixonado por um humano, era um amor proibido, bem clichê. Bernard entrou em casa com algumas sacolas nas mãos. Alice só percebeu que o pai tinha saído aquele momento, achou que tinha sido a primeira a acordar.

– O senhor foi ao mercado ? - Ela pergunta

– Fui, as cervejas tinham acabado - Ele explica - Aproveitei e comprei mais algumas coisas.

– Podemos beber agora ? Quero uma dose de Jim Beam, preciso me aquecer - Meggie implora

– Ainda são nove da manhã Meg - Alice fala espantada.

– E dai ? Desde quando existe hora pra beber idiota ? - Meggie questiona

– Chega, ninguém vai beber agora - Bernard diz tirando as botas. – Alice fez o que eu te pedi ontem ?

– Não lembro de me pedir algo - diz pensativa

       Bernard leva a mão na testa balançando a cabeça de um lado para outro.

– Te pedi de manhã para passar na casa do Billy e trazer algumas encomendas que deixei na casa dele. - Ele fala meio irritado

– Desculpa, juro que não escutei- ela lamenta - Posso ir agora se o senhor quiser ?

– Se tivesse pedido pra mim, as encomendas estariam aqui - Meggie implica.

– Não precisa, eu mesmo vou - Ele pega a chave do carro que elas usavam – Ele tá interessado em comprar o carro, vou levar pra ele dar uma olhada.

       Alice e Meggie se olham assustada, não sabia que o pai tinha a intenção de vender o carro, ainda mais o que elas usavam.

– Por que vai vender ? - Meggie pergunta fingindo não se importar com aquilo.

– Vou comprar a caminhonete do Garry, vocês ficarão com o meu carro - Ele diz e sai.

       Elas esperam ele sair pra comemorar. O carro do pai era mais novo, mais bonito e mais fácil de dirigir, e agora que ele seria delas, mal podiam esperar para viajar nele. O outro carro não era muito confiável para estradas.

– Prometo não dirigir alcoolizada nesse carro - Meggie diz cruzando os dedos.

– Você é ridícula - Alice ri.
  
        Meggie vai até a geladeira e pega duas cervejas, abre e entrega uma Alice. Ela aceita sem questionar, estava feliz e queria beber. Passou o resto da manhã ali bebendo, assistindo desenho e rindo das graças que as duas faziam.

– Próximo sábado é aniversário do papai, sabe o que isso significa ? - Meggie pergunta animada.

– Vai Broncos - Alice grita.

– Ele já comprou os ingressos, falou que não queria correr o risco da gente esquecer esse ano de novo e passar o aniversário vendo jogo na Tv. - Ela ri.

     Todos os aniversários do pai, eles iam assistir ao jogo dos Broncos, já tinha virado tradição. Mas no último ano, as meninas esqueceram de comprar os ingressos, e tiveram que vê o jogo na tv. Alice coloca os dois dedos sobre a boca fingido ser um bigode  e imita ao pai.

– Era só comprar ingressos, qual era a parte difícil disso porra ?

     Elas começam a rir de novo. O pai era bastante carinhoso com as duas, movia céus e terra pelas filhas, mas paciência não era seu forte, e tirando as garotas e Billy seu amigo, ele não era de se relacionar muito com as pessoas. Tratava bem os clientes do seu depósito, mas eram apenas relações profissionais.

     Bernard nasceu em Ouray, uma cidade pequena no Colorado, cuidava do rancho com seu pai, amava aquele lugar e queria envelhecer ali com sua futura família. Conheceu Rita no colégio, por quem se apaixonou e cassou, teve duas lindas filhas com ela, aquelas três mulheres eram sua maior riqueza.

     Após a morte de sua esposa, Bete sua cunhada o convenceu a mudar para a capital, disse que seria melhor criar as meninas em uma cidade com mais recursos do que Ouray. No começo ele não cogitava a ideia, as garotas amavam aquele rancho tanto quanto ele, não podiam sair dali. Mas depois concordou com aquilo, ele queria que as duas tivessem um futuro melhor que o dele, e sabia que esse futuro não estava em Ouray.

       Então vendeu o rancho e comprou uma casa em Denver, tinhas duas crianças para cuidar e tinha medo que falhasse. Bete, irmã de Rita, ajudou com aquela tarefa, mas quando as meninas já estavam adolescentes, se mudou para California com o marido. Bernard passou três anos sem ter nenhuma relação com mulheres, achava que estaria traindo sua falecida esposa, teve alguns casos
insignificantes depois, mas nada que contasse como namoro.

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