Drowning

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Park Jimin

Eu havia acordado muito disposto naquela manhã, me lembro bem disso, uma chuva fina caia do lado de fora do ônibus em que me encontrava e o clima não estava de todo frio. As folhas nas arvores já atingiam o seu tom amarelo-acastanhado frutos do ápice do outono, e um vento agradável soprava para dentro das janelas fazendo com que um pequeno assovio atravessa-se meus ouvidos. Desci na terceira parada, em frente ao museu nacional, aquele lugar me acolhia de uma forma estranhamente boa, não que eu fosse fã de obras de arte, na verdade o meu maior motivo de estar ali era poder apreciar os visitantes. Assim faz com que eu pareça maniaco ou coisa do tipo mas não se trata disso, relações humanas sempre chamaram o meu interesse e ver pessoas fascinadas enquanto interagiam entre si me trazia conforto, algo que eu não podia explicar. Caminhei com a multidão até a obra mais visitada do museu, era uma estatua, um anjo debruçado sobre uma pilha de mármore, o seu rosto tampado pelos braços e as asas o acolhendo,a melancolia extrema fazia com que o fascínio das pessoas fosse grande, e a perfeição apenas era um complemento para os verdadeiros sentimentos que aquele "pedaço de mármore esculpido" conseguia trazer nas pessoas. Viro-me para o lado e assim que o faço reparo que um rapaz isolado em um canto me encara, sinto o rubor em minhas bochechas aparecerem instantaneamente. Se eu pudesse colocar em palavras a sua aparência angelical eu estaria fazendo isso agora, mas as palavras não são suficientes para descrever a pessoa que eu conheci naquele dia. Os seus cabelos castanhos estavam um pouco despenteados trazendo um ar descontraído, os seus olhos gentis e castanhos ficaram em minha mente por semanas, e os seus lábios finos curvados em uma expressão confusa, tornaram objeto do meu profundo desejo, assim como a sua pele alva que transparecia extrema maciez ao toque.

Escrevo aqui minha defesa, naquela época eu não sabia que cruzar o meu caminho com o de Jungkook me quebraria aos pedaços e reduziria meus ossos até o pó, porque hoje sinto que o que restou em mim foi apenas uma aura de sofrimento,a felicidade ficou presa dentro daquele museu, sem lugar para ir, porque eu não sou um receptáculo digno o suficiente para esse sentimento tão bom, pessoas ruins como eu merecem morrer a minguá, sem uma viva alma para nos tirar desse estado de solidão intermitente.

Eu não entendia como um anjo como Jungkook, poderia agir como o próprio demônio. Era surreal demais para a minha realidade, e isso fazia com que todos os meus medos viessem a tona. Nunca fui bom em fazer escolha e ter seu caminho cruzado diretamente com o meu foi a minha sentença de morte, assinada por eu mesmo. Ceder pelo desejo sempre foi uma atitude cravada em mim, e não seria dessa vez que eu entraria em contradição com os meus tão amados, velhos hábitos.

Meu coração palpitava forte dentro do peito, mas meu cérebro era ousado e naquele momento devido a um pingo de falta de racionalidade, eu já me encontrava trilhando caminho até o estranho parado no canto do salão, vi os seus olhos se arregalarem quando cheguei perto o suficiente para mostrar que a minha intenção era chegar até ele, e não procurar um angulo melhor para a apreciação.

- Não é incrível, o quanto essa obra pode trazer melancolia ? - deixei com que as palavras saíssem suavemente, não planejei nenhum discurso em minha mente, se fosse para acontecer, seria da maneira mais natural possível.

Ele abriu um sorriso largo, ignorando por completo a minha pergunta quase que retorica.

- Porque não está tirando fotos?

- Não acho que uma foto é boa o suficiente para captar o que nossos olhos podem ver com melhor clareza.

- Você é inteligente... - Percebi no mesmo instante que aquele era um convite para uma apresentação formal.

- Jimin, Park Jimin, e o seu?- abri um sorriso de canto tentando soar o mais amigável possível.

- Um nome tão bonito quanto o dono- simples palavras suficientes para sentir meu rosto virar brasa- Me chamo Jeon Jungkook.

- Acho que depois de um elogio assim, você vai ser obrigado a me acompanhar para uma cafeteria maravilhosa, que tem aqui ao lado- Disse brincalhão e vi o seu sorriso se alargar, Jungkook sorrindo poderia ser considerada a oitava maravilha do mundo.

- Concordo com você Jimin.

Todo o momento em que conversamos na cafeteria, era claro que estávamos flertando, e apenas essa curta ideia trazia um formigamento incomodo para meu estômago. O seu perfume almiscarado inebriou minha narinas fazendo com que naquela noite eu fosse dormir sentindo o seu cheiro, mesmo que fosse algo apenas de minha imaginação. É quase inútil citar que apos o nosso pequeno "encontro" trocamos nossos números e a promessa de um jantar na noite seguinte foi lançada ao ar pelo rapaz que descobri ser 2 anos mais novo que eu, e que cursava seu segundo ano de literatura inglesa na faculdade. Aceitei seu convite sem hesitar em nenhum momento.

Jungkook foi minha doença e minha cura, passamos momentos preciosos juntos, mas o que eu poderia dizer quando os momentos bons ficaram submersos por inúmeros acontecimentos de puro ódio e tristeza. De certa forma, eu assumo a culpa por sua destruição, nunca fui uma pessoa isenta de atitudes desagradáveis, e com Jeon em minha vida eu sentia todos os meus sentimentos se aflorarem, fazendo com que uma garoa quando vista ao seu lado parecesse um furacão. Não posso dizer se o amei de verdade, seria totalmente egoísta assumir isso agora, no começo eu sentia que era amor, mas depois tive a certeza que era desejo, e agora depois que ele partiu de minha vida não tenho mais certeza se era apenas desejo. Sinto as lagrimas quentes descerem novamente pelo meu rosto inchado e a dor de cabeça pungente devido a bebida voltar a tona, limpo o meu rosto com as luvas que se encontram acomodadas em minha mão, a brisa gelada me atinge e eu sinto um arrepio subir por minha espinha. Olho ao redor na esperança de que irei ver ele mais uma vez, mesmo que seja impossível, parado a minha espera, mas tudo o que encontro é um espaço vazio. O gosto amargo sobe a minha boca e a ideia de ter mandado ele ir embora da minha vida volta a tona, fazendo com que o desespero se instale em mim novamente. Sacudo a cabeça freneticamente e decido ir embora, com a ideia de nunca mais retornar de novo a aquele local.

Eu me afoguei na sua realidade, depois que você partiu levou minhas asas junto e sem elas a minha única alternativa era deixar com que a sua maré me cobrisse, levando consigo a minha essência.

Olá a todos ! O capitulo ainda não esta corrigido, então se acharem algum erro de escrita peço que ignorem por enquanto. Não esqueçam de opinar sobre a historia pois isso faz com que eu saiba se vocês estão realmente gostando. E se gostarem não esqueçam de votar. Até o próximo !

P O R C E L A I N ( JIKOOK )Where stories live. Discover now