Capítulo 1 - "Pensava que as putas não trabalhavam de noite."

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Mais um longo dia começara. Saltei da cama e dirigi-me à casa de banho onde pude desfrutar de um bom banho matinal. Depois de pentear os meus longos cabelos castanhos e de pôr um pouco de máscara de pestanas, desci para tomar o pequeno-almoço.

Como sempre, o meu pai já tinha ido trabalhar. Em casa encontrava-me apenas eu e a minha mãe, que daqui a pouco sairia também para trabalhar. Comi os meus cereais e preparei-me para enfrentar um longo dia.

A escola não me fascina de todo, não tenho ninguém com quem possa contar na verdade. As únicas pessoas que posso contar enquanto amigos conheci-os lá, mas agora têm vidas distintas da minha. Niall e Perrie. Apesar de tudo isso, de toda a solidão e incompreensão eu tenho um objetivo, formar-me. E isso vai acontecer porque não sou pessoa de desistir.

A escola fica, consideravelmente, perto de minha casa. São uns cinco minutos a pé, no máximo. No instante em que saio de casa, breves gotas de chuva começam por me tocar no couro cabeludo. Não me importei em retornar a casa para ir buscar um guarda-chuva, apenas puxei o capucho do casaco para proteger-me, levemente, da chuva.

O ruidoso toque de entrada perfura os meus ouvidos enquanto que eu, encharcada, troco de casaco por outro que tivera deixado no cacifo.

"Posso?" Pergunto casualmente depois de bater à porta.

A monótona voz do professor Roberts respondeu-me com um simples aceno de cabeça enquanto continuava a dar a sua matéria. Careca, gordo, habitual vê-lo de óculos e diz-se que é divorciado. O professor Roberts é, de longe, o professor mais chato de toda a escola, e, obviamente, que no final da sua interessantíssima aula de História ele me fez esperar que todos os alunos saíssem da sala e me atormentou com o seu típico sermão de chegar sempre atrasada à sua aula.

A chuva parara de cair à meia hora, o relógio parece andar cada vez mais lento e a voz estridente da professora Campbell ecoa por toda a silenciosa sala de aula, ninguém quer saber das suas aulas de biologia, pois são a coisa mais desinteressante de sempre. O som mais esperado por toda a minha turma se fez ouvir, o som que declarara o final das aulas por aquele dia. Corro o mais rápido que posso até casa, a verdade é que nunca fui uma boa atleta, mas estou surpreendida pela velocidade a que as minhas pernas se movem. Assim que alcanço o portão da entrada, o meu ritmo cardíaco eleva-se e leves gotas de suor formam-se na minha testa, respiro fundo e entro em casa. Vazia, como sempre.

Subo as escadas de dois em dois degraus e entro na porta com a placa que diz "Emma". Sempre me lembra de ter aquela placa ali e também nunca tive disposição para a tirar, por muito infantil que seja. Pouso a mala na cama e olho-me ao espelho.
Eu estou uma miséria. O meu rimel está borratado, o meu cabelo cumprido está despenteado e a minha pele tem uma camada fina de suor.

Corro para a casa de banho onde tomo um duche rápido, pois o tempo não é muito. Nada me parece bom o suficiente para vestir, acabo por escolher umas calcas de ganga, uma blusa branca e um blazer preto. Seco o meu cabelo e estico-o. Corro novamente para o meu quarto e calço uns sapatos de salto alto preto. Coloco um pouco de maquilhagem e volto a mirar-me no espelho.

"Até pareço uma profissional." Falo sozinha.

Por muito independente que seja eu sei que neste momento o que eu preciso é de uma palavra carinhosa da minha mãe. Preciso de coragem para a tão importante entrevista. Mas sei que não vou ter qualquer tipo de incentivo vindo dos meus pais.

...

Não é a primeira vez que venho a esta empresa, nem será a última mesmo que não seja aceite. Os nervos apoderam-se de mim assim que Denyse me diz que Zayn está pronto para me receber. Os meus tacões batem forte no soalho enquanto caminho até ao final do corredor. Paro junto à porta e ajeito a minha blusa, respiro fundo e bato à porta. Zayn murmura um "entra" e eu rapidamente abro o pedaço de madeira à minha frente.

O namorado da minha melhor amiga recebe-me com um sorriso enquanto o seu sócio se limita a beber um pouco do seu whisky enquanto me olha de alto a baixo. Fecho a porta atrás de mim e sinto as minhas mãos a suar. Estou nervosa, demasiado até.

"Podes sentar-te, Emma." Zayn sorri docemente.

Tento ao máximo não me desequilibrar nos tacões, pois sou bastante inexperiente no que toca a saltos. Sento-me na cadeira em frente a um dos meus possíveis patrões, futuramente.

"Não precisamos fazer disto uma entrevista chata. Eu conheço-te e tu conheces-me e além disso, eu sei perfeitamente as tuas qualidades." Zayn mexe e remexe nos papéis sobre a sua secretária.

"Aposto que tem muitas." Harry comenta desajeitadamente.

Levo o meu olhar até ao moreno de olhos verdes raiados de sangue, ele não parece estar em si. O seu olhar obscuro em mim, dá-me arrepios de medo. Os meus olhos caem novamente em Zayn que me transmite confiança e calma.

"Tu estás contratada, obviamente." Zayn anuncia e eu sinto o meu interior numa festa com fogo-de-artifício. "Temos um problema..."

"Um problema?" Questiono um pouco a medo.

"O único problema que vejo é não estar a fodê-la no meu querido quarto." A fala arrastada de Harry denúncia o quão bêbedo ele está.

"Harry!" Repreende o namorado da minha melhor amiga.

Esta é uma das empresas mais conhecidas de Londres e como tal, já li em revistas muitas coisas sobre Harry e Zayn. Sei que a maior parte das fofoquices são mentira, mas Harry está exatamente a corresponder a todas as acusações das estúpidas revistas cor-de-rosa.

O seu comentário deixa-me receosa.

"Prossigamos." Zayn começa. "Oh meu deus Emma, tens que parar de fazer essa cara ou eu não vou conseguir manter-me minimamente sério." Ri levemente no final da sua frase.

Penso em mil e uma coisas para resmungar com Zayn, mas prefiro simplesmente ignorar com um revirar de olhos. "Diz lá qual é o problema!" Peço.

"O teu horário coincide com o teu trabalho no The Coffee Cup." Zayn coça a sua nuca. "E não tenho possibilidade de mudar isso..."

"Não tem problema. Já fizeste muito por mim, eu posso sempre trocar o turno para a noite." Sorrio no final.

"Pensava que as putas não trabalhavam de noite." Harry cai numa gargalhada desajeitada e irritante.

Contenho-me ao máximo para não me levantar e mandar-lhe um grande estalo na cara, mas afinal de contas ele vai ser um dos meus patrões e eu tenho de me controlar. Fecho os olhos e respiro fundo tentando ignorar o seu rude comentário.

"O que o álcool faz às pessoas..." Limito-me a comentar.

"Ele está bêbedo, não ligues... ele geralmente não é assim." Zayn informa. "Habitua-te, pois serás secretária dele."

O meu estômago cai e uma súbita vontade de rir na cara de Zayn aparece. Ele só pode estar a brincar comigo.

"Desculpa Emma. Sabes que te adoro!" O namorado da minha melhor amiga sorri nervosamente.

E é nestas altura que eu penso: que mal fiz eu a Deus?


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happy catraia

Brincar com o Fogo, queima [HS]Onde histórias criam vida. Descubra agora