Depois do jogo criança que eu decidi jogar, Harry levou-me a casa. Não me deixou pagar a minha parte, algo que me deixa extremamente incomodada. A minha raiva tinha passado eventualmente, mas continuava a sentir-me um boneco.
Ao entrar em casa sinto um enorme vazio. Eu gostava de ter mais tempo com a família, mas não é uma coisa que eu possa sequer controlar. Não posso julgar os meus pais que fazem tudo para aguentar esta pequena casa nos subúrbios londrinos. Scoot corre até mim empolgado, faço-lhe festas e dirijo-me à cozinha onde lhe encho a sua taça com ração. O rafeiro salta de alegria e eu sorrio.
Corro escadas acima e encaminho-me até à casa de banho, onde tiro o conjunto que tinha vestido. Coloco-o no cesto para lavar e ligo a água quente, assim que se encontra morna entro dentro do chuveiro onde deixo sair toda a minha exaustão.
*
Uma brisa fresca paira levemente fazendo os meus cabelos esvoaçarem contra os meus olhos. O sol está a pôr-se e os tons laranjas e rosa invadem o céu. O verão, até mesmo em Londres, é ótimo. Sinto o cheiro a churrasco enquanto atiro um pau a Scoot que corre desesperadamente atrás do pedaço de madeira. Sorrio ao relembrar-me dos jantares de verão que fazia com a minha família. As coisas mudaram muito, é verdade, mas ao menos tinha as memórias que, de certa forma, me consolavam.
Depois de mais umas quantas corridas do meu pequeno rafeiro decido que está na hora de voltar para casa. Completamente exausta e sem fôlego, começo a enxergar a minha habitação.
Observo um carro parado em frente ao meu portão. O meu coração para ao reconhecê-lo. Tento recuperar a respiração ao ver o loiro encostado ao seu automóvel. Scoot ganha lance fazendo-me caminhar um pouco mais rápido para o acompanhar. O loiro observa-me à medida que me aproximo do meu portão e o abro. Tento não explodir de imediato, respiro fundo e guardo a minha mágoa pelo menos mais uns minutos.
Ele parece estático, os seus olhos poisados nos meus e a sua expressão assustada. Sinto uma certa repulsa quando o observo melhor, ele magoou-me e isso eu não consigo esquecer.
"Acho que precisamos de falar..." Começa aproximando-se de mim para me beijar, mas rapidamente me desvio. "Calculo que estejas chateada."
Quase rio na sua cara, mas decido manter a postura.
"Sim, talvez esteja." Desvio o meu olhar do seu, não conseguindo mais manter a minha faceta.
"Posso entrar para falarmos?" pergunta Mattew observando-me cuidadosamente.
Encolho os ombros e encaminho-me até à porta de entrada branca, abro-a e rapidamente o canídeo passa a correr. Mattew segue-me fechando o pequeno portão atrás de si. Faço-lhe gesto com a mão para que entre e ele assim o faz.
Dirijo-me para a cozinha e o loiro segue-me. Pouso as chaves na pequena mesa de madeira clara e viro-me para o encarar.
"O que tens para me dizer?" a repulsa facilmente percebida na minha voz.
" Emma, eu gosto muito de ti..." Começa, mas corto-o.
"Não consigo entender o teu conceito de gostar."
Ele suspira derrotada e passa as sua mãos pelo seu cabelo loiro, os seus olhos estão levemente brilhantes e ele parece desesperado, de certa forma.
"Isto é mais complicado do que parece." Ele diz e escapa-se-me um sorriso irónico à medida que sinto uma fina camada de água a formar-se nos meus olhos. "Há muita coisa em jogo..." Ele sussurra.
Puxo uma cadeira e sento-me, os meus joelhos parecem não suportar mais o peso do meu corpo.
"Claro que há, os meus sentimentos por exemplo." o meu tom cortante.
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Brincar com o Fogo, queima [HS]
Fanfiction"FOGO - substantivo masculino; Significado: Ardor, veemência, paixão, entusiasmo."