Merda. Tudo estava indo tão bem e ele tinha que aparecer para estragar tudo.
-Essa é minha casa, papai. Tenho o direito de vir quando quiser, até onde lembro. -Ariel responde com cara de poucos amigos enquanto começa a andar, me puxando pelo braço.-Posso conversar com você um segundo, filho? -O olhar rápido do seu pai na minha direção não me passa desapercebido.
-Na verdade, estamos com pressa, tenho que levar Melissa para sua casa.Continua andando.
Eu gostaria muito de entender qual é o problema que Ariel tem com o pai, eles obviamente não se dão muito bem e isso me deixa triste. Minha familia sempre foi unida e todos se amam muito, não consigo ver uma cena dessas e permanecer indiferente.
-Não estou com tanta pressa assim, Ariel. Pode conversar com o seu pai tranquilo, eu te espero la na moto.Solto sua mão com certa dificuldade pelo aperto que ele exercia, claramente nervoso, e sem esperar por resposta caminho pela estrada de terra até a entrada da fazenda. Não ouso olhar para trás enquanto fico cada vez mais distante dos dois.
Quando avisto a moto, me sento com cuidado para não cair e acabar causando um estrago, e espero pacientemente enquanto o pai de Ariel diz o que quer que seja para ele.Coloco meus óculos escuros, mas depois de alguns minutos, tiro novamente. Observo a fazenda, os animais e até a estrada de asfalto. Esse lugar é muito bonito e muito bem cuidado, a avó de Ariel devia ter muita grana, isso explicaria como eles são ricos. Minha familia também tem bastante dinheiro, mas nunca fomos de esbanjar e sinceramente, somos típicas pessoas da cidade grande. Não me veria morando aqui, por exemplo. O lugar obviamente é lindo para passar uns dias, se livrar do estresse da cidade, mas para viver todos os dias, sem a loucura da cidade, acho quem ficaria louca em algumas semanas seria eu. Quanta ironia, não?
Respiro fundo e sinto o ar puro do lugar. Volto a olhar para o grande lago atrás da casa, e aquela sensação de já haver estado aqui me ataca novamente. Balanço a cabeça e sorrio para mim mesma, parece que apenas algumas horas no lugar já estão me deixando louca!
Cogito pegar meu celular na bolsa guardada no compartimento da moto para jogar um jogo ou ver algum vídeo na internet, quando Ariel aparece andando rápido e completamente pálido.
Ele se aproxima de mim e coloca o seu capacete e depois coloca o meu bruscamente, me fazendo doer o couro cabeludo.-Vamos embora, sobe. -Diz ríspido e eu obedeço sem dizer nada, quiçá pelo choque das suas atitudes ou talvez pelo fato dele estar muito alterado e eu realmente não quero forçar ainda mais a barra.
Quando estou devidamente sentada com os braços ao redor da sua cintura, ele acelera e ingressa na rodovia deixando somente a poeira para trás.Sua raiva é evidente e percebo que ele começa a acelerar do nada, o que me deixa em alerta. Ariel sabe que eu tenho medo de andar de moto e me prometeu que não iria correr, mas no momento, parece que ele se esqueceu totalmente desse fato.
A velocidade vai subindo e com ela o meu medo. Já devemos estar a mais de oitenta quilômetros por hora e agradeço a Deus por essa rodovia ser quase vazia a essa hora.-Ariel, por favor você está indo rápido demais! -Grito para que ele possa me ouvir por cima do barulho do vento mas se ele ouviu, fez de conta que não.
Quanto mais ele acelera, mais eu vou ficando preocupada. O que será que o pai dele disse?
Aperto mais a sua cintura, talvez assim ele perceba que está passando dos limites. Grito mais algumas vezes, mas nada dele me escutar. As lágrimas de medo que se formam nos meus olhos, nem sequer chegam a cair, se evaporam com velocidade que ele alcança cada vez mais. Já chega, ou ele para agora ou voi gritar até ser ouvida!-ARIEL JÁ CHEGA, VOCÊ ESTÁ ME ASSUSTANDO, PARA POR FAVOR! -Grito o mais alto que consigo e como se ele saísse de um transe, freia de repente fazendo com que meu corpo choque contra o seu. Desço da moto em um salto, tão rápido quanto meu corpo me permite e tiro o capacete ansiando liberar o meu rosto daquela prisão. Por um momento senti que meus pulmões não funcionavam como deveriam e sentei no chão estagnada. Depois de alguns segundos, me levantei e olhei para Ariel cujo rosto estava levantado para o céu como se ele estivesse buscando alguma resposta lá.
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Melissa - Completo
RomanceMelissa já não é nenhuma criancinha ingênua e depois de ver como os tios homossexuais sofriam com as olhadas tortas e a homofobia por muitos anos, ela cria um grupo de apoio no colégio para qualquer pessoa que sofreu ou esteja sofrendo bullying ou q...