Capítulo 6

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-Parece que alguém está ficando famosa com a diretora em? -Becca diz sorrindo, mas eu não consigo devolver o sorriso. A preocupação me consome e sinto meu estômago embrulhar. Isso tudo é culpa de Ariel. Antes dele chegar aqui, eu não tinha esses problemas. Cuidava da minha vida sossegada e impedia que gente como ele, tratasse mal a gente como Becca. Até que estava fazendo um bom trabalho.

Foi só ele aparecer que eu já fui parar duas vezes na direção, bom três, contando com a de agora. Já estou até vendo minha reputação sendo manchada, pedaço por pedaço.

-Mel? Acho melhor você ir logo, já passaram sei lá, cinco minutos.

Mas que droga! Me despeço vagamente da minha amiga e corro para a sala da diretora. Ao chegar, passo correndo pela secretaria e entro na sala sem nem esperar ser anunciada, quase derrapando ao ver a nuca de Ariel, a cena me trazendo um leve d'javú.

Senhor dê-me paciência, porque se me der força sou capaz de dar um pescotapa nesse garoto. Todas as vezes em que estou nessa sala com ele, é sinal de que alguma coisa ruim vai acontecer.

-Que bom que chegou, Mel. Sente-se.

Me sento a contragosto do lado de Ariel e ele nem sequer olha para mim. A diretora olha diretamente para nós dois com seu famoso rosto de decepção, e sinto um leve rubor nas minhas bochechas. Se ela está nesse cargo, não é à toa. Depois que o anterior diretor saiu, ficamos com medo de entrar alguém que fosse malvado ou algo do tipo. Quando a diretora Sandra Moreira entrou no colégio, no começo todos a odiavam, mas sua rigidez era justificada, e no final das contas, necessária. O anterior diretor era muito bom, mas era muito permissivo. Eu me levava muito bem com a senhora Moreira, pelo menos até Ariel chegar.

-Primeiro, quero que não se preocupem, -ela quebra o silencio que já estava ficando pesado -eu não os chamei aqui para puni-los, na verdade, a razão de vocês estarem aqui, é justamente o contrário. Como você sabe, Mel, semana que vem teremos o terceiro encontro nacional de jovens empreendedores, e como também sabe, sempre fazemos um stand sobre o bullyng e discriminação.

Ela faz uma pausa teatral -porque todos fazem isso? - e eu não me atrevo a desviar o olhar do rosto redondo da mulher. De soslaio vejo que Ariel faz uma cara de quem acabou de chupar um limão.

Como nenhum dos dois se pronuncia, ela continua seu discurso.

-Bom, o que eu quero que façam é o seguinte: vocês dois vão armar o stand, fazer os cartazes, organizar o pessoal do grupo, enfim, vão se encarregar de toda a logística. O evento será na sexta feira que vem, então vocês terão que começar nesse fim de semana, caso contrário, não vão conseguir terminar a tempo.

Eu já falei que minha boca é grande demais para o meu próprio bem? E eu que pensava que ficaria livre desse empecilho até segunda feira.

-Hum.... e o que acontece se eu não quiser participar desse.... encontro? -Ariel pergunta ainda com a cara torcida.

-Bem... nesse caso, terei que ligar para os seus pais. Os dois.

Seus olhos se arregalam e ele balança a cabeça.

-Não! Digo.... tudo bem.... era só uma dúvida mesmo. Vamos ter horas livres nas aulas para arrumar tudo? Porque já temos que participar daquele grupinho idiota então....

-Ei! Estou bem aqui, seu babaca! -Empurro seu ombro em um acesso de raiva.

-Já chega, os dois! Espero que não me arrependa dessa decisão, já sabem das consequências se continuarem com essas brigas bobas, e saibam que eu não estou brincando.

Ambos concordamos envergonhados pela nossa atitude infantil, e passamos a seguinte meia hora combinando com a diretora como vai ser o stand, o que ela quer que diga nos cartazes, que temas devemos abordar etc.

Melissa - Completo Onde histórias criam vida. Descubra agora