Irresistível.

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Acordei às 05h30 com Cléo pulando em cima de mim.

- Só mais cinco minutos, por favor. - resmungo.
- Nada disso! Vai tomar banho para não se atrasar. - ela diz firme.
- Eu já estou vendo que vou querer te matar todos os dias nessa viagem. - me levanto.

No caminho para o banheiro fui xingando Cléo com as primeiras ofensas que se passou na minha cabeça naquele momento. Se ela continuar me acordando cedo nas férias eu tenho certeza que todo o amor que sinto por ela irá se acabar e eu vou seguir minha vida normalmente. Tomei um banho rápido porém relaxante. Vesti um shorts e uma camiseta qualquer e já estava pronta, ótimo posso voltar a dormir tranquilamente até o horário de sair daqui. Sai do banho e Cléo estava andando de um lado para o outro no quarto conferindo se não estava se esquecendo de nada, tão prevenida sinto até orgulho!

- Se quiser ir tomando café, não me importo. - ela para em frente ao espelho.
- Eu te espero.
- Ok. Só vou passar o rímel.
- Então nós só vamos sair desse quarto só amanhã. Ótimo vou voltar a dormir. - digo e caminho em direção a cama.
- Eu já terminei idiota! - tão carinhosa. 

Descemos em silêncio e seus pais estavam colocando as malas no carro.

- Terminem de tomar café rápido pois já já está na hora de seguir viagem. Vou buscar a mala de vocês no quarto. - o pai dela diz e sai.

Eu podia apostar que Cléo não mastigou e apenas engoliu devido a rapidez que ela terminou de comer. Terminamos o nosso café, lavamos o que tínhamos sujado e arrumamos a mesa. Subimos correndo no quarto para conferir pela décima vez se não estávamos esquecendo de nada.
Ninguém esqueceu nada, malas no carro hora de seguir viagem.

Os pais de Cléo conversavam na frente, enquanto ela apoiou sua cabeça em seus braços encostados na janela e observava a estrada com seus fones de ouvidos. O olhar concentrado na estrada, o sorriso contido em seus lábios me faz sentir vontade de ficar a olhando para sempre. Enquanto a observava me lembrei de exatamente há dois anos atrás de quando ela ficou doente e eu guardava em minha memória cada um de seus traços e sentia um medo enorme de perde-la. Parece que está se repetindo, que a chance de perde-la me cercava novamente pelo fato de estar apaixonada por ela e ela só me ver como uma amiga. Se ela descrever o meu olhar de desejo, se eu soltar uma palavra a mais é o suficiente para ela entender que deixou de ser apenas uma amiga para mim. De repente ela vira pra mim e sorri, retribuo o sorriso e me virei para janela.

Ela vai perceber se você continuar a encarando assim, idiota.

Babaca,você é uma babaca Malu.

Depois de mais algumas horas chegamos ao nosso destino. Era um condomínio de chácaras uma ao lado da outra e assim por diante. Assim que o Sr. Roberto estacionou o carro e sua mãe foi abrir a porta, nós retiramos as malas do carro. Cléo parecia uma criança descobrindo um mundo novo em sua imaginação, chegava até ser engraçado o modo que ela admirava a paisagem com uma inquietação.

Dentro da casa eram dois quartos, dois banheiros e uma sala espaçosa que ficava de frente para cozinha. O quarto que iria dividir com Cléo ficava no final do corredor e  o de seus pais ao lado da sala. Enquanto seus pais foram colocar as malas no quarto que iriam ficar nós aproveitamos para fazer  o mesmo no "nosso" quarto.

- É tão bonito aqui. - ela diz.
- Verdade. Bem calmo, diferente da capital de São Paulo.
- Ainda bem! Não aguentava mais aquele lugar. - ela revira os olhos e ri.

Nós retornamos a sala.

- Meninas, nós vamos ir comprar algumas coisas para comer. Vocês conseguem ficar aqui sozinhas? - A mãe de Cléo diz.
- Claro. - respondi.
- Tentem não se matar afogadas - Roberto diz em um tom divertido e se retira junto a sua esposa.
- E que tal a gente ir para piscina? - ela diz entusiasmada.
- Claro - respondi alegre.
- Vamos pegar as toalhas.

Por outros olhos (Lésbico) Onde histórias criam vida. Descubra agora