Capítulo 6

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 Conrado

Ei, ouviu o que eu disse? — Tentei chamar a atenção de Lavínia, que parecia estar perdida em seus pensamentos. Já fazia duas semanas que estávamos trabalhando juntos.

Nossa, me desculpa eu estava pensando na vida, realmente não ouvi. O que foi que disse? — Voltou seu olhar para o meu e sorriu constrangida. Tão linda!

— Hoje a manhã foi puxada, ainda bem que conseguimos concluir o planejado. Nem percebi as horas passarem, mas já são 12h30, quer ir almoçar?

— Nossa! É mesmo, também nem vi o tempo passar, mas minha barriga já está reclamando, dá para ouvir os roncos daí? — Fez uma careta me arrancando uma gargalhada.

Ela era sempre assim. Por mais séria e compenetrada no trabalho que fosse, volta e meia falava algo engraçado ou espirituoso que me fazia rir.

— Eu já estava ficando preocupado com um barulho meio esquisito que não sabia de onde estava vindo, mas agora você me esclareceu! — Pisquei para ela que gargalhou.

— Está pensando em almoçar por aqui?

— Tem um restaurante aqui perto que é bem tranquilo, servem pratos executivos a preços bacanas e têm um atendimento e preparo rápidos, quer ir comigo? — Desliguei o computador e me levantei em seguida, encarando os lindos olhos azuis dela.

— Ah, quero sim! Juro que tenho certo pavor do barulho desses self services que a gente costuma almoçar aqui perto da empresa. Chego a ficar com dor de cabeça! Vai ser bom ter um momento de paz por hoje. — Levantou-se, após também desligar seu computador, pegou a bolsa e saímos.

— Vamos caminhando? — quis saber assim que entramos no elevador.

— Sim. Fica a três quarteirões daqui e hoje o dia está nublado, apesar do horário, o sol não vai nos incomodar.

Caminhamos calados por alguns minutos. Até o silêncio era bom na companhia dela. O vento soprava seu cheiro em minha direção e eu o inalava me sentindo em paz.

— Chegamos! — Estendi a mão numa reverência exagerada e cavalheiresca, para que ela entrasse à minha frente, o que a fez sorrir.

— Realmente fica bem perto e parece mesmo aconchegante. — Foi dizendo enquanto entrávamos.

— Está vendo aquela mesa ali, perto da janela? — Apontei o local. — Podemos nos sentar ali?

— Claro. Boa escolha.

Logo que sentamos um garçom nos trouxe o cardápio. Eu não demorei a escolher meu prato: filé à parmegiana, acompanhado de arroz branco e salada.

— Já escolheu? — perguntei percebendo que ela percorria o cardápio com o dedo, fazendo cara de compenetrada.

— Sim. Vou querer strogonoff de frango com arroz e salada. E um suco de laranja. — Fechou o cardápio, sorriu e o me entregou, gentilmente.

— Vou chamar o garçom, então. — Levantei o braço e logo ele veio anotar nossos pedidos.

— O que fez no final de semana? — Colocou os braços sobre a mesa e apoiou o queixo na mão, olhando-me curiosa.

— Nada de mais... Descansei, assisti a um filme de terror horrível, li alguns capítulos de um romance no Nicholas Sparks, corri no parque, essas coisas.

Impossível não te amar - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora