4. Barry

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Trabalhar em uma delegacia parecia bem mais fácil quando ele apenas assistia CSI. Todos os casos eram solucionados rapidamente e no final tudo acabava bem, porém na vida real certos casos demoravam mais do que outros. Havia uma classificação para cada tipo de caso: homicídios, carimbo vermelho; desaparecimento, carimbo amarelo; suicido, carimbo preto; acidente, carimbo verde e por fim o carimbo roxo que era para casos com meta-humanos, e era o que mais aparecia em sua mesa.

-Isso vai para o Flash, isso vai para a delegacia e isso volta para Star City. - murmurou separando as pastas com os últimos casos recebidos.

De repente sua porta foi aberta e Joe entrou com aquele mesmo sorriso de sempre.

-Muito ocupado?

-Não. Pode entrar. - disse se afastando da mesa e reencostando em sua cadeira, Joe se sentou a sua frente. - Então, Jenna já decidiu?

-Ainda não. Cecile quer que ela vá para o time de hóquei, mas acho que ela ficará com o tênis mesmo. - ele falou. Barry assentiu, sabia que Jenna West ainda tinha onze anos, mas se dependesse de Cecile, a pequena já teria sua vida toda programada.

-Ela tem um jogo hoje, não é? 

-Sim. Mas não sei se conseguirei chegar à tempo, o capitão mandou que eu ficasse um pouco mais caso algo acontecesse.

Barry franziu a testa.

-E que tipo de coisa poderia acontecer em uma quarta-feira? Quartas são chatas. - afirmou fazendo Joe rir.

-Ele disse que coisas podem acontecer quando menos esperarmos. - Joe disse e sua frase foi pontuada pelas batidas na porta.

-Pode entrar. - Barry falou e então se sentou ereto ajeitando o blazer que usava. Tinha que parecer formal e sério, mas odiava aquilo.

A porta foi aberta por uma mulher de cabelos escuros e olhos castanhos, seus traços pareciam orientais, a boca fina e o rosto delicado como uma porcelana.

-Sr. Allen, sou Amélia Chang, a nova perita. - a mulher disse caminhando até ele. Barry se levantou e estendeu a mão.

-Prazer senhorita Chang, bem-vinda a CCPD (Central City Policie Department).

-Obrigada. Quando posso começar a trabalhar? - ela indagou e Barry riu.

-Vejo que é bem animada, espero muito que mantenha esse ânimo até o fim do dia.

-As pessoas aqui são tão difíceis assim?

-Não, são ótimas pessoas. - Joe afirmou. - Apenas não fique entre Timothy Vance e seu sanduíche duplo na hora do almoço. Joe West, detetive.

Amélia riu apertando a mão estendida de Joe.

-Prazer. Acho que vamos trabalhar em muitos casos.

-Espero que sim. Mas agora tenho que ir, Bem vinda a CCPD. -  detetive sorriu e se afastou saindo pela porta.

-Então, srt. Chang, pronta para seu primeiro dia? - Barry indagou. Amélia sorriu ainda mais. - Vamos dar uma volta para eu te apresentar seus novos colegas.

Barry indicou a porta e Amélia saiu, ele a seguiu.

[...]

-Buenas noches, papa. - Ed disse assim Barry passou pela porta. - Como esta?

-Yo voy bien y usted como va? Ha estudiado mucho? - indagou, Ed o olhou confuso. - Pelo visto suas aulas de espanhol não estão indo tão bem.

Ed bufou olhando para o dicionário em seu colo.

-Desde quando você fala espanhol? - Caitlin questionou, ela estava sentada na mesa junto com Nat e
Ralph, haviam livros espalhados indicando que já estava na época das provas.

-Se lembra quando Cisco me apresentou aquele game virtual, La guerra de los muertos?

-Aquele que fez vocês passaram quase o final de semana inteiro trancados no porão? - ela sorriu cinicamente demonstrando o quanto ainda estava irritada por aquele final de semana que havia ocorrido há mais de sete anos atrás.

Barry se aproximou dela e a beijou rapidamente nos lábios.

-Exatamente.

Caitlin riu enquanto ele se afastava indo para a cozinha.

-Pra que eu preciso aprender uma segunda língua? Eu já tô de boas com a primeira. - Ed resmungou.

-Tem certeza? - Nat questionou fazendo Ed a olhar irritado. - Uma segunda língua é ótimo, vous fait ressembler à une personne cultivée.

Barry olhou para Natalie um tanto orgulhoso, era incrível como ela o impressionava cada dia mais.

-Pessoa culta ou não, você ainda tem que aprender matemática. - Caitlin disse batendo a ponta do lápis no caderno de Natalie. - Não quero outra nota baixa.

-Eu não tenho culpa se aquela gargula velha acha que matemática é uma coisa boa. - Nat resmungou.

-A gárgula velha é uma ótima professora. Ela me deu dez. - Ralph disse.

-Porque você adora puxar o saco dela.

Barry riu. Adorava aquelas brigas bobas entre seus filhos, embora sempre soubesse que Natalie conseguia passar a perna tanto em Ralph quanto em Ed.

-O que vamos jantar? - indagou, as vozes soaram alto alternando entre várias sugestões, Natalie implorou por comida tailandesa, enquanto Ralph queria grega, Ed sugeriu experimentarem o novo restaurante mexicano que havia aberto, mas por fim foi Caitlin quem decidiu. 

-Pizza. Vamos todos comer pizza.

As crianças voltaram a gritar em entusiasmo seus sabores favoritos, Barry apenas esperou eles se acalmarem para finalmente dizer.

-Então pedimos de todos os sabores.

-Duas de cada, já que parece que nessa casa ninguém come há mais de um ano. - Caitlin comentou.

-Cinco se contarmos como você está comendo agora. - brincou ganhando uma careta de sua esposa. 

-Eu ligo. - Ed disse já pegando o telefone fixo, Nat se levantou da cadeira correndo até o irmão e gritando o número da melhor pizzaria da cidade.

Barry apenas sorriu e então sentiu seu celular vibrar no bolso, encarando a tela onde brilhava um número desconhecido, atendeu.

-Alô?

-Chefe Allen, aqui é Amélia Chang. - a voz doce soou, Barry caminhou pela cozinha e abriu a porta que levava ao deque.

-Ah Amélia, me chame apenas de Barry. - pediu caminhando pelo deque. - Mas por que está me ligando?

-Tive um pequeno problema com algumas amostras e tentei pedir ajuda aos outros, mas eles não me ajudaram. Acho que ainda estão com medo que eu roube seus empregos.

Barry riu, Amélia havia se mostrado uma pessoa encantadora e disposta a sempre ajudar. O fazia se lembrar da época que havia iniciado sua carreira, tudo era intrigante e deslumbrante, algumas coisas ainda continua assim, mas outras já haviam perdido o brilho.

-Qual o problema?

-Não estou conseguindo entrar no sistema para acesso aos resultados.

-Olha Amélia, já está um pouco tarde, vá para casa descansar e amanhã eu lhe  ajudo com isso, está bem?

-Ok. Chefe A... Barry. - ela se enrolou em sua fala e aquilo fez Barry rir. - Boa noite.

-Boa noite.

Ele desligou o celular e o colocou de volta no bolso, então ouviu os passos dela se aproximarem e seus braços lhe envolverem por trás.

-Quem era? - Caitlin indagou, Barry se virou para ficar de frente para ela, sua esposa tinha um olhar curioso.

-Ninguém, apenas trabalho, mas vamos voltar para dentro antes que os três se matem. - disse a puxando pela mão para dentro de casa.

-Natalie desce daí agora! - Caitlin gritou sem dar chance para qualquer outra pergunta.

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