Ele É Um Anjo 2018 {Concluído}

8 - Ezequiel

Warriors - Imagine Dragons

Aqui estamos nós, não se afaste agora
Nós somos os guerreiros que construíram esta cidade
Do pó
Virá
Quando você vai ter que subir
Acima do melhor e prove-se,
Seu espírito nunca morre!

"Carlos"

Uma frase que sempre esteve comigo desde que vim para a Terra é: "Meu passado me condena".

Já fui um dos melhores Querubins de Miguel, mas quando vim para cumprir a missão que agora foi designada aos anjos de Zaphiel percebi o quanto a humanidade têm para oferecer. Percebi o porquê dos anjos terem tanta inveja deles, além do mais, os humanos são praticamente "independentes".

Apenas imagine: você vem de um lugar onde uma pessoa em específico toma as decisões por você e não podes falar nada, apenas escutar e obedecer. Então um dia eles te mandam para um lugar onde todo mundo toma as decisões por conta própria, ninguém é obrigado a obedecer os outros, todos têm chances de brilhar ou fracassar. Agora me diga: você voltaria para a sua terra natal?

Os outros Alados acham que foi uma mulher que me tirou do céu, mas na verdade não é assim. Eu mesmo decidi que seria melhor para mim se continuasse na Terra junto aos humanos, pois eu me sinto vivo aqui! Nada de Miguel ou Zaphiel querendo me ordenar.

Quando conheci a mãe da Evelyn ela já tinha uma criança de dois anos, quase três, ela trabalhava no mesmo lugar que eu fazia estágio: uma pequena mercearia. Eu estava dando continuidade à missão e fazendo uma suposta faculdade de advocacia, mas a faculdade servia só como um passatempo para mim, já que algumas coisas eu já tinha conhecimento e por isso alguns deveres que o curso dava eu não fazia com muita pressa.

Depois de alguns meses eu e a Lucy (nome da mãe da Evelyn) nos casamos em segredo, depois de alguns meses ela engravidou e eu desisti da missão para cuidar dela e da minha futura filha. Mas quando ela estava com sete meses de gestação eu descobri que ela estava me traindo fazia um mês e meio com um homem que era meu amigo (pelo menos na faculdade).

Quando descobri isso eu disse a ela que poderia continuar seu relacionamento com o rapaz, mas para isso ela deveria divorciar-se de mim. Ela tentou de todas as maneiras impedir que eu fizesse isso, mas eu já estava decidido.

Depois do divórcio e do nascimento da Evelyn eu fiquei quatro anos tentando conseguir a guarda unilateral, pois nunca achei que a Lucy teria condições financeiras para cuidar da Evelyn e do outro filho dela, porque ela não tinha um emprego fixo e suas condições sempre foram precárias.

Depois de tanta luta, uma decepção: O juíz decidiu que meu argumento não era convincente e que daria a guarda compartilhada para ambos. Eu fiquei aflito quando ele disse aquilo, foram anos jogados fora...

Alguns anos se passaram e eu conheci a Ellyzabeth, a gente namorou por uns dois anos e logo após nos casamos. Ela é a única pessoa humana que sabe que sou um anjo que pediu exílio pra ficar com a filha, e fico feliz que a Evelyn se deu bem com ela.

Espero um dia contar para a Eve quem eu realmente sou, além do mais, ela também tem parentesco com o céu.

...

Depois de conversar com o Zaphiel eu voltei para casa. Quando cheguei percebi que o recinto estava silencioso, deduzi que a Elly e a Evelyn estivessem dormindo, então abro a porta e vejo minha esposa sentada no sofá, seus olhos estavam fechados, linda como sempre...

Tento fechar a porta sem fazer barulho, mas quando o tiro a mão da maçaneta os olhos dela se abrem. Chego perto dela e sou recebido por um sorriso.

Eu - Desculpe-me, não queria ter te acordado. - Dou um beijo em sua testa.

Elly - Não se preocupe, era só um cansaço passageiro. - Me sentei ao lado dela.

Eu - Mas você sabe que não gosto de te incomodar quando está dormindo, você trabalha bastante e descansa pouco, Ellyzabeth. - Ela trabalha como juíza, por isso sua agenda é sempre cheia. Mas agora ela está tirando os três meses de férias que tem direito.

Elly - Mudando de assunto, onde você foi? Sei que não passou nem perto do seu trabalho. - Ela soltou uma risada, disse a ela que iria sair para resolver coisas do trabalho.

Eu - Miguel conversou comigo e pediu para eu ajudar um velho amigo que está desempregado.

Elly - Não me diga que eles te chamaram de Ezequiel... - Ela pensou alto.

Eu - Dê um desconto, eles não sabem meu outro nome.

Elly - Só não entendo uma coisa: logo eles que tanto te reprimiram? Depois de tudo o que disseram sobre você, agora querem que os ajudem?

Eu - Também achei estranho, mas decidi não comentar.

Elly - Não acha que isso tem algo a ver com a Evelyn? Ela é a única que tem o gene humano-angelical nela.

Eu - Acho que seria patético eles quererem algo com ela, além do mais, por que eles precisariam dela?

Elly - Bem, eu não entendo muito dessas coisas, só estou pensando no porquê de eles terem te procurado.

Eu - Falando na Evelyn, onde ela está?

Elly - Ela foi para o quarto. Depois que ela me ajudou com algumas tarefas, decidiu subir e descansar um pouco.

Eu - Vou ver se está tudo bem.

Subo as escadas e abro a porta do quarto da Evelyn, com cuidado para não acordá-la. Quando a vejo dormindo eu me apaixono, nem acredito que é minha filha, ela é tão perfeita!

Lhe dou um beijo na testa e volto para a sala para ficar junto com a Elly. Até hoje eu penso no que eu seria sem a Evelyn, pois ela é o motivo do meu existir.

Queria que, um dia, todos os anjos sentissem o prazer que eu sinto em ser pai.