Capítulo 3 - O destino é um camarão palhaço

1.5K 71 5
                                    


Ariel

- Para de digitar nesse telefone e fala comigo - Rosana, minha "mãe" disse enquanto estava em pé de frente para a mesa em que eu me sentava - AGORA - gritou batendo na mesa

- Estou olhando - bloqueei o celular e a encarei friamente

- Eu quero que saiba que tudo que eu fiz, as mentiras que tive que falar, foram para te proteger. O seu pai biológico apareceu na porta de casa e pediu para que ficássemos com você porque eles não tinham condição de ficar com duas crianças - ela sentou na cadeira de frente para a minha - nós queríamos uma filha, já que eu nunca tive a oportunidade de ser mãe. Te adotamos e amamos da mesma forma como se fosse nossa filha, e realmente, você é. Tem meu jeito e do seu pai. Nós sempre fizemos o melhor para você, filha. Não pode nos ignorar agora. Você precisa entender nosso ponto

- Eu entendo - digo me apoiando na mesa - só não entendo a razão pela qual mentiram. Eu sempre fui independente e soube lidar com situações difíceis. Lembra que a pouco tempo passei por problemas de mentira? Eu tinha um melhor amigo, que me fez amar e me importar, me fez ficar noites sem dormir quando mentiu estar com câncer, e no final de tudo, era apenas uma garota que me odiava porque eu fiquei com o namorado dela, que no final, NEM ERA NAMORADO DELA porque ele a traia todos os dias. E adivinha quem se ferrou na história toda? EU! Você me viu sofrer com as consequências de uma mentira, e ainda assim, não se pronunciou em NENHUM segundo sobre nada. Você tem noção que sou legalmente maior de idade?

- Isso não significa nada, você sempre será a minha bebê - ela disse tentando pegar minha mão, que logo tirei

- Sim mãe, sempre serei a bebê que você criou e amou como se fosse sua - dei uma pausa - mas não era seu direito escolher se eu quero ou não conhecer meus pais biológico, não era seu direto guardar um segredo que poderia definir muita coisa. Você lembra como sempre me senti sozinha mesmo estando rodeada de amigos? Eu tenho um irmão gêmeo, e quando o conheci, parecia que eu finalmente podia respirar porque não estava mais sozinha - umas lagrimas escorriam pelo meu rosto - Tudo poderia ser diferente agora - sussurrei

- Me desculpa, filha - minha mãe estava em prantos - Me desculpa mesmo

- Eu te desculpo - a abraço - mas é difícil confiar de novo em alguém que escondeu uma parte de mim - saio da cozinha em que estávamos e vou em direção ao meu quarto para deitar 


James

- Fala sério, tu não consegue acertar UMA bola no copo e a gente está tendo que beber tudo - reclamava Falcao para Arias, que eram uma dupla no beer pong* que a gente estava jogando

- A culpa não é minha se já estou bêbado para não enxergar um copo - disse Arias se embolando nas palavras nos fazendo rir

- Fala tu, Rodríguez - disse Cuadrado acertando mais uma bola no copo deles - somos uma dupla foda 

- Somos mesmo, parceiro - digo rindo do Falcao quase matando o Arias por ter que beber de novo

Estávamos na minha casa bebendo, jogando e conversando depois do treino para poder relaxar da tensão que está sendo esses dias para todos. Depois de muito jogar ninguém mais aguentava beber e logo estávamos jogados no meu sofá quase dormindo, até que meu celular chega uma notificação de mensagem da pessoa com quem estava conversando no Twitter.

- Pessoal - disse tentando acordar todos - eu criei um fake - e num segundo, o sono passou e era mais interessante falar sobre a minha vida

- E como tá sendo? - perguntou Cuadrado

- Legal - disse passando pela timeline onde eu havia escrito umas coisas aleatórias - fiz amizade com uma pessoa chamada @HellAngel 

- Maneiro - disse Falcao 

- Menina ou menino? - perguntou Arias 

- Não sei - dei ombros - acho que menina, pelo jeito que fala

- Ou gay, nunca se sabe - disse Arias

- Sem nenhum problema com a sexualidade, isso não deve ir a diante - disse dando ombros e bloqueando o celular

- Duvido muito - disse Falcao - Quanto menos a gente liga, mais longe isso vai

- É, depende do destino - disse Cuadrado 

- Pena que eu não acredito no destino - disse rindo 


Narrador 

Mal sabia o pobre jogador que quanto menos você acredita, mais o destino gosta de pregar peças para mostrar sua capacidade. 
A menina, essa sim, acreditava muito que nada acontece por acaso, mas nesse caso em especial, ela não esperava nada. Estava desacreditada, a coitada, que tanto vinha sendo enganada. Talvez o destino estivesse pregando peças para a menina que tanto nele despejou suas expectativas, mas mal sabia ela, que quanto menos expectativas você tem, melhor é.
 Eles nem imaginavam que o destino, sempre brincalhão, separava muito mais do que eles seriam capaz de esperar ou imaginar. 
Mal sabiam...


______________________________________________

*Beer-pong: Uma brincadeira americana muito famosa onde se separa em duplas numa mesa de ping-pong e cada lado deve ter 10 copos com cerveja em forma de triângulo. Cada dupla tem como objetivo acertar a bolinha dentro de um dos copos do adversário, se acertar, o adversário bebe, se errar, a pessoa bebe. 

Olá terráqueos do meu coracion, 
o titulo é em homenagem a um amigo meu que adora falar que pessoas engraçadas mas sem graças são um camarão palhaço (pq? não faço ideia!)
Espero que tenham gostado do capítulo. Não deixem de votar, comentar e colocar na lista de leitura para não perder nenhuma atualização. 
E muito obrigada pelas visualizações e interações. 

Beijos, Mar ;*


Only True || James Rodríguez ⚽️Onde histórias criam vida. Descubra agora