Capítulo 2

165 20 5
                                    

A garota misteriosa a minha frente continuava a me encarar e apontar seu arco e flecha para mim, eu estava apavorada com o que poderia me acontecer, quando tive forças para falar eu lhe implorei:

-Por favor, não me machuque- Eu implorei e pude sentir lagrimas subirem aos meus olhos- Eu não posso morrer hoje, por favor.

Ela me encarava de forma curiosa, ora mexendo sua cabeça para ver se eu lhe representava uma ameaça. A dona dos olhos verdes em minha frente jogou o seu arco e flecha para algum lugar próximo e de algum lugar de suas costas, retirou o que eu diria ser uma faca de mato. Ela a apontou em minha barriga:

-Separe as pernas e erga os braços, um movimento brusco e eu te mato.

Meu corpo tomou pavor com suas palavras, o que ela iria fazer comigo? Inúmeras coisas passou em minha cabeça mas separei as pernas e ergui meus braços. Ela se abaixou e começou a me revistar, fiquei aliviada com isso. Receio que ela concluiu que eu não era ofensiva depois de revistar meu corpo, até mesmo minhas costas:

-Quem é você? O que faz aqui? E por que infernos acha que pode dizer o dia em que morrera ou não?- Ela me perguntou ainda curiosa e acho que sempre pronta a atacar mesmo tendo retirada sua lâmina de minha barriga, caso eu representasse uma ameaça, embora não deixasse isso evidente

-Você não sabe quem sou eu?- Eu sabia que havia caminhado longe de meu reino, mas não imaginei que estava tão distante assim- Onde estou?

-Quem faz as perguntas aqui sou eu.

Eu assenti, engoli em seco e disse:

-Meu nome é Clarke Griffin. Sou princesa, ou era, tanto faz, de um lugar conhecido como Arkadia. E a proposito, não acho que posso ditar o dia em que morrerei, mas espero que não seja hoje

-E o que uma princesa faz aqui, Clarke?

-Meu reino fora atacado, eu fugi a mandado de minha mãe, pois receio que iriam me matar.

-Fugiu? Que bela princesa você é!

Senti como se tivessem jogado um peso enorme em cima de mim, eu olhei para baixo envergonhada. Que tipo de princesa eu era? Eu sempre quis ser diferente, sempre quis priorizar meu povo e protege-los acima de tudo, mas agora percebi que eu não era muito diferente daqueles egoístas que só pensam em salvar a sí mesmo. Eu fiquei envergonhada de mim e acho que a figura na qual desconhecia o nome na minha frente percebeu isso. Tentando manter a pose, eu perguntei:

-Você já sabe isso tudo de mim, posso saber ao menos qual é seu nome?

Ela me olhou e parecia pensativa, tomou alguns segundos para me responder:

-Lexa, meu nome é Lexa. E não que seja da minha conta, mas acho que você deveria cuidar disso aí- Ela disse apontando para minha perna

Eu não entendi, até que olhei e reparei a profunda mancha de sangue em meu vestido, na parte da minha coxa. Como isso aconteceu? Talvez eu tenha me cortado enquanto corria e a adrenalina não me deixou perceber isso. Eu fiquei em choque quando levantei a barra de meu vestido e vi o quão profundo era aquele corte. Ele estava sangrando todo esse tempo? Acho que não, pois a mancha de sangue estava úmida ainda.

-Você precisa sair daqui agora, Clarke Griffin, aqui não é seu reino!

Eu a encarei por alguns segundos, ela realmente era uma pessoa seria e insensível. Eu estava sangrando como um porco num abate, como poderia ir embora tão depressa? Mas mesmo assim ignorei a dor e fui andando por uns 20 metros no máximo, eu diria, e quanto mais eu me mexia mais aquele incomodo aumentava e eu, muito despercebida ainda esbarrei em um galho seco.

-AI!- gritei de dor conforme aquilo tinha raspado minha pele já cortada e com poucas forças eu cai de bunda no morro que estava descendo.

Comecei a chorar, minha vida não estava longe de seu fim, eu temia que ele estava mais próximo do que nunca. Pensei em minha mãe e meu pai, pensei em meus amigos e nos meu povo, em todas aquelas pessoas que eu nunca mais veria. Eu não estava conseguindo me levantar, me senti como um animal atingido que se sente em pânico porque sabe que seu tempo de vida está acabando. Então me permiti a chorar e acabei desmaiando.

(***)

Acordei numa cama, diria que era tudo um dos meus pesadelos se eu estivesse no meu quarto, infelizmente eu não estava. Estava em um lar que parecia uma cabana eu lentamente fui me acostumando com as coisas e vi que o lugar era repleto de velas e muito bonito para uma cabana. Um cobertor felpudo branco estava em meus pés e na minha perna havia uma faixa apertando-a, estancando o sangue.

Lexa entrou pela porta da suposta cabana:

-Oh, a bela adormecida está acordada.

Dei um leve sorriso e me sentei na cama:

-Obrigada por me ajudar, eu não sei onde estaria se não fosse por você.

-Provavelmente morta, ou sendo alvo de caçadores bêbados que lhe fariam coisas terríveis.

Chacoalhei a cabeça para espantar o "coisas terríveis" ou o fato de eu estar morta. Lexa sentou-se na beirada da cama:

-Sabe, eu realmente poderia ter te deixado lá, mas acho que sua cabeça deve valer algum ouro.

Eu a olhei assustada e ela riu, o que me aliviou:

-Estou brincando, princesa, não faria mal a outra mulher se ela não me representasse ameaça jamais.

-Quanto cavalheirismo de sua parte- Eu disse com um leve sorriso

-Está com fome?

-Não precisa se preocupar com isso

-Ora, pois eu estou.- Lexa levantou-se e pegou duas tigelas com sopa- Coma isso, vai te ajudar a se manter menos fraca

-Obrigada.

Assim que terminamos o jantar, ela recolheu as tigelas e, dentro uma da outra, as colocou numa pequena mesa. Ficamos em silencio por alguns minutos até que Lexa o rompeu:

-Então, o que houve no seu reino?

Eu a olhei por um segundo pensando o que dizer:

-Eu não sei ao certo, eu estava dormindo quando tudo começou. Meu guarda-costas, Marcus, me disse que minha mãe o mandou levar-me para longe de lá e me proteger, isso custou sua vida. Eles estavam nos seguindo e ele morreu para eu fugir, entrei na floresta, onde devo ter me cortado e corri até cansar muito a ponto de adormecer e então você me encontrou

-Você sabe quem atacou o seu reino?- Ela perguntou de forma pensativa- Acha que poderá recupera-lo?

-Eu não sei, não éramos um reino de muitos inimigos, exceto por...- Claro, como não pensei nisso antes? Era evidente que fora a seu comando que nos atacaram, meu pai deveria saber disso. Ah, meu pai. Onde ele deveria estar agora? E minha mãe? eu queria...

-Exceto por...?- Lexa interrompeu meus pensamentos- Quem atacou seu reino, Clarke?

-Nia, rainha de azgeda.

Lexa me encarou profundamente, ela parecia saber de quem eu estava falando, pois não tirou seus olhos de mim e quando o fez ficou encarando o chão por algum tempo:

- Você a conhece?- perguntei intrigada

-Ouso arriscar que sim.

Under the princess' commandOnde histórias criam vida. Descubra agora