Capítulo 8

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Naquela noite nem sequer nos encostamos, dormimos juntas apenas com a finalidade de transmitir nossos calores, mas mesmo assim isso não impediu minha enorme felicidade de estar próxima a Lexa.

Nesta manhã, ela saiu cedo. Não me disse onde iria e eu não quis entrar em detalhes, estava na hora de eu lhe dar um pouco de liberdade. Eu me preocupava com Lexa, claro que sim, mas não podia invadir sua vida.

Era entediante ficar sem ela, eu não tinha muito o que fazer e temia sair por aí, então ficava deitada, pensando em todas as coisas que acontecerão se algum dia eu retornar a Arkadia. O que mais me assombra é ter que deixar Lexa se fosse necessário, será que isso também passava pela cabeça dela? Eu realmente espero que não. Eu não posso decidir sobre meu futuro, nenhum de nós podemos, mas eu queria que se houvesse um futuro em Arkadia, Lexa estivesse comigo.

Já faziam duas horas desde que Lexa saiu eu estava entediada e não conseguia mais ficar ali, deitada e pensando, então resolvi sair. Eu sei o quão arriscado isso é, mas eu preciso sentir o sol tocar minha pele e conhecer melhor essa floresta.

Então eu saí, me adentrei entre as árvores e fui a procura de alguma coisa. O quê? Eu não sei, mas tinha de sair.

Eu caminhei sempre em mente quais passos dava e por onde eu ia, me perder de casa, ou seja lá o que a cabana era, era a última coisa que eu precisava. Após alguns minutos andando, encontrei um belo lugar repleto de flores. Havia coelhos que vez ou outra cruzavam meu caminho. Nem o jardim real se comparava a beleza daquele esplêndido lugar, será que Lexa o conhecia? Eu espero que sim. Olhando ao meu redor, pude perceber que havia uma bela arvore isolada em um grande círculo de terra, onde um rio o rodeava. Seu tronco era enorme e seus galhos subiam apenas acrescentando ainda mais sua beleza. O rio que a isolava era raso, mas ainda assim belo. Eu caminhei para perto e encostei minha mão na água que ali corria. Tão gelada.

Um barulho de galho quebrando me trouxe de volta a realidade e voltei minha atenção de onde o barulho viera. Havia um cervo que me encarava atento. Eu não tive medo de ele me atacar, o animal parecia mais assustado do que eu, mas ele não correu. O olhei por alguns segundos até que ele se virou rapidamente e fugiu entre as árvores.

Após o susto, olhei para o chão repleto de margaridas e ali me deitei, só para sentir o momento.

"Teus olhos são os cristais mais lindos, tu és bela como a jóia mais preciosa. Tenho orgulho de ser tua mãe e mais orgulho ainda da princesa e, eventualmente, rainha que se tornará. Você é valente, Clarke, sem nunca ser maldosa. Você prioriza seu povo e sabe sempre que decisão tomar. Mantenha sempre essas suas características e teu reino nunca te odiará. Confie em quem você é, sempre! E faça escolhas que priorizem não só a seu povo, mas também a você. Clarke, tu serás uma princesa muito respeitada, eu a amo."

A voz da minha mãe ecoou em minha mente. Ela me disse isso quando eu tinha oito anos, enquanto escovava meu cabelo, e essas palavras me marcaram. Refleti sobre e levantei-me. Lexa já devia ter retornado e eu decidi voltar também.

(***)

Ela não havia retornado ainda, que saco! Já fazem três horas e eu estou começando a me preocupar, mas vou esperar mais um pouco.

Após 30 minutos, ela apareceu, o que me causou um grande alivio, mais ainda quando percebi que ela não tinha nem um machucado:

-O que houve? Onde esteve?

-Não houve nada, Clarke- Seu tom de voz era animado mas ela não parecia feliz de verdade- Estive passeando.

-Você não é de passear, onde esteve?

-Estive rondando a área para ver se ninguém passou por aqui, você sabe, é perigoso ter uma princesa em mãos e eu preciso garantir de que ninguém... ruim lhe ache

Under the princess' commandOnde histórias criam vida. Descubra agora