Capítulo 4

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Fomos para a cama naquela noite muito mais cedo do que o normal. Lexa e eu conversamos um pouco mais enquanto jantamos e decidimos que eu devo aprender a lutar, estou ansiosa por isso, mas acho que não deveria. O que pensariam de uma princesa que sabe lutar? Ora, por que estou com esses pensamentos tão tolos? Eu poderei muito bem cuidar de mim, assim não terei de precisar de príncipe nenhum.

Eu acordei durante a madrugada, sem sono algum. Acho que foi devido ao horário em que fomos dormir. E olhando para os detalhes da cabana de Lexa, os panos que ela tinha espalhado em todos os lugares. Meus pensamentos viajaram para quando eu acordava de manhã, na minha confortável cama e não numa rede. Eu lembro de ver o dossel azul real cair ao lado de minha cama e os raios de sol atravessarem a minha sacada. Eu me espreguiçava e saia da cama. Maya, minha criada, sempre vinha me cumprimentar com um "bom dia" cheio de alegria, ela se certificava de que eu saísse para tomar o café da manhã sempre linda, escovava meus cabelos, passava um pano levemente molhado em meu rosto e me aprontava com algum vestido que eu escolhia na noite anterior. Como as coisas mudaram, eu, Clarke Griffin, jamais imaginei que dormiria em uma rede numa cabana no meio de uma floresta. Aliás quem imagina que isso poderia acontecer? Eu sinto falta dos meus amigos, sinto falta dos meus criados e da minha família. Sinto saudades da minha mãe e sua maneira um pouco distante de ser, eu não a culpo. Ela carregava um reino consigo, visto que meu pai esteve sempre ausente. Sinto falta de Octavia e como sinto. Ela é, ou era, a minha melhor amiga, nos conhecemos quando éramos apenas crianças. Seu irmão, Bellamy, falava com minha mãe enquanto ela visitava seu povo e Octavia se escondia atrás dele. Eu sendo uma criança muito sociável fui até ela para conversarmos e nos tornamos amiga. As visitas ao vilarejo costumavam ser chatas para mim que não fazia nada, mas Octavia tornou tudo melhor.

Meus pensamentos fora interrompidos quando percebi o Sol que já estava a raiar. Eu olhei para Lexa, ainda dormindo, e pensei se não seria melhor acorda-la, mas ela parecia tão cansada. Que mal teria em dormir por mais algumas horas? Olhei para o teto e tentei me ocupar com algum pensamento, mas voltei meus olhos a Lexa. Tão inocente e tão indefesa dormindo, não parecia ser aquela mulher poderosa e forte quando despertada. Sorri pensando nisso. Lexa havia feito tanta coisa para mim e ela nem sequer tinha a obrigação, poderia ter me deixado lá para morrer de hemorragia ou pelas mãos de caçadores que, provavelmente agora, estão sendo pagos para eu ser a principal presa, mas ao contrário disso tudo ela me salvou e eu sou tão grata por isso. Coloquei a mão em meu machucado onde ela estancou o sangramento com um pano velho e depois fez um curativo, quão gentil ela poderia ser?

Cansada de ficar ali deitada, eu me levantei e fui para fora. Andei entre as árvores a procura de algo que eu pudesse fazer para comer, eu peguei a adaga vermelha de Lexa para tentar me proteger caso algo acontecesse e uma tigela para as comidas que eu achasse. Encontrei um arbusto repleto de framboesas, fiquei feliz de que poderia comer algo além da carne. Logo depois me deparei com amoreiras, fiquei feliz pois esta é minha fruta favorita. Com minha tigela cheia resolvi ir andando para a barraca. Eu olhava entre as árvores, a procura de mais variedades de frutas ou legumes e pegava as que achava. Aquela floresta era tão calma e o barulho dos pássaros cantando me trazia tranquilidade, tranquilidade a qual nunca tive antes. Ouvi distante um barulho de algo pisando em um galho e me assustei, não posso me deparar com alguém que queira meu mal. Não agora que estou sozinha e, infelizmente, indefesa. Eu olhei entre as árvores e fiquei surpresa ao ver, o suposto autor do barulho, era um lindo cervo que comia de forma tão sossegada. Eu poderia passar o tempo inteiro o admirando. Uma pisada atrás de mim me assusta.

-Graças aos céus você está aqui. Que droga, Clarke, nunca mais faça isso.- Lexa falou em um tom de alívio e preocupação. Eu também arriscaria dizer que ela estava desesperada

-Me desculpe- proferi- não quis acordar você. Eu vim buscar o café da manhã.

Olhei para minha vasilha a mostrando, ela olhou de forma curiosa e de leve, sorriu:

Under the princess' commandOnde histórias criam vida. Descubra agora