Capítulo 10

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No dia seguinte eu fui até a casa dos meus pais para encontrar minha mãe. Já havia me preparado psicologicamente para uma nova discussão, mas parece que dessa vez seria diferente, pois quem abriu a porta fora meu pai. Ele me deu um sorriso e um tapa no ombro, depois seguimos até a sala de jantar, onde minha mãe já estava sentada à mesa. Eu lhe dei um beijo na testa e sentei no lado oposto da mesa, soltando um suspiro.

— Oi mãe — Falei quando consegui relaxar e ela me deu um sorriso fraco.

— Oi Marcelo — Ela respondeu, mas sua voz estava tremula.

— Tudo bem? — Perguntei confuso e depois encarei meu pai, que esticou a mãe até a dela e segurou.

— O teu pai me mostrou umas fotos... — Ela começou a falar e se calou de repente — Eu... Eu... — Ela gaguejou e desviou o olhar do meu.

— Eu e sua mãe conversamos — Meu pai tomou a palavra — E eu mostrei aquela foto que você me mandou junto com o Theo.

— Ah sim... — Assenti, sem saber exatamente onde eles queriam chegar.

— E nós queremos ir vê-lo — Ele continuou.

— Olha, Marcelo... — Minha mãe me chamou e apertou os lábios, parecendo pensar no que falar — Eu não gosto daquela garota e deixo isso bem claro...

— Cláudia... — Meu pai a repreendeu, mas ela estalou a língua.

— Não, me deixe falar, Lee — Ela pediu a ele e voltou a atenção para mim — Eu não a conheço e nem tenho o interesse de me aproximar de alguém do tipo dela, mas a criança eu quero conhecer. Se ele é realmente meu neto, eu quero vê-lo... Quero me assegurar que ele é como naquela foto, já que você não pretende fazer o DNA.

— E precisa, mãe? — Indaguei incrédulo, dando um riso — Olha isso...


Retirei meu celular do bolso e destravei a tela, abrindo a galeria. Abri na pasta onde haviam inúmeras fotos do Theo e pus o aparelho sobre a mesa, de frente a ela. Meu pai ergueu o tronco, encarando a tela e depois se levantou, indo para o lado da minha mãe, que agora segurava o celular em suas mãos.

— Eu ainda preciso de DNA? — Perguntei irônico — Ele é a minha cara. É minha cópia... Sequer parece com ela. Qual a tua dúvida ainda, mãe?

— Meu Deus... — Ela murmurou parecendo atônita e abriu uma das fotos, passando para o lado — É idêntico a você quando nasceu...

— Só podemos ir no final de semana? — Meu pai perguntou com um sorriso largo e eu dei um riso, agitando a cabeça para os lados.

— Eu não posso faltar aula e nem largar a empresa — Informei — O tempo está apertado...

— Podemos ir lá no sábado? — Minha mãe ergueu a cabeça, me encarando — Eu quero ver essa criança pessoalmente.

— Essa criança é teu neto, dona Cláudia — Arqueei as sobrancelhas — Se for para ir lá e...

— Eu só preciso vê-lo, Marcelo — Ela exclamou impaciente — Já que é meu neto, então eu quero conhecê-lo...

— Eu só não quero confusão com a Alice — Falei diante um suspiro.

— E essa garota está morando lá por que? — Ela perguntou parecendo indignada — Ela não morava aqui? Não trabalhava para você?

— Ela foi embora porque aqui não tinha família... — Expliquei e olhei para o meu pai, que já sabia toda a história, inclusive das coisas que minha mãe havia feito.

Sem legenda - Parte 2 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora