Sem legenda - Parte 2 (DEGUSTAÇÃO)

Capítulo 6

Acabei pegando no sono depois que o Theo arrotou e quando despertei, a Isabela estava na porta do quarto, me chamando para tirar foto e me despedir dos nossos pais. Meu coração apertou em saber que minha mãe não estaria mais comigo o tempo todo e um medo tomou conta, já que nesse um mês ela dormia em um colchonete ao lado da minha cama e estava sempre ali para me ajudar com o Theo durante a madrugada.

Ficamos em volta da mesa, tirando algumas fotos com o bolo em nossa frente. O Theo acabou despertando com as risadas, mas não chorou, apenas deixava as fotos mais encantadoras com os seus olhos pequenos encarando todos cheio de confusão. Tirei fotos com o Pablo, com a Isabela e depois com ela e com o Joel. Tiramos com minha mãe e depois meus pais e por fim, o Timi tirou foto com o Theo no colo, com o Pablo ao seu lado e comigo também. O clima não era muito bom, pois era visível o fato dele não querer aproximação, mas só por estar ao seu lado, com nosso filho no colo, me encheu de esperanças de um dia podermos estar bem, além da raiva que senti mais uma vez de mim mesma, por ter feito tudo aquilo conosco.

A fralda que estava em meu ombro escorreu para o lado e ele pegou, colocando de volta e arrumando o cabelinho do Theo, que estava espetado para o lado. Demos um riso juntos, pois os fios desalinhados não ficavam no lugar e quando ele ergueu o rosto, me encarando, com aquele sorriso maravilhoso, meu coração acelerou e rapidamente eu me senti constrangida. Como se não bastasse o seu perfume tão perto de mim, deixando minhas pernas bambas. 

***

[Marcelo]

No final da tarde, os pais da Alice foram se preparar para ir embora, com a dona Inês derramando lágrimas juntamente com as filhas. O Pai delas, apesar de carinhoso com o Theo, tratou a filha secamente, demonstrando que ainda não a tinha perdoado.

Eu me mantive mais afastado, ao lado do Joel, enquanto as duas estavam com seus filhos na calçada, os ajudando a colocar a mala da mãe. Nós estávamos calados, com as mãos nos bolsos, somente observando a situação, quando ele enfim falou alguma coisa.

— A Alice surtou com teus presentes — Ele falou de repente e eu deu um riso.

— Não era nada para ela, eram para o Theo e para o Pablo — Murmurei com desdém.

— Mas você exagerou um pouco, né? — Joel disse com ironia e eu ergui as sobrancelhas, o encarando — Ah Timi... Olha o tanto de coisa que você mandou. Tem fralda para o moleque até ele completar dezoito anos — Disse em meio a risadas.

— Não foram tantas assim... — Bufei um riso e rolei os olhos.

— Joel, já estamos indo — O pai da Alice veio, esticando a mão, onde trocaram cumprimentos — Senão a Inês não volta para casa nunca mais.

— Sempre que quiserem, estamos esperando por vocês — O Joel falou para o sogro e depois ele veio até mim.

— E você, rapaz — Disse esticando a mão para mim — Cuide do meu neto.

— Farei... — Assenti, mesmo que receoso — Pode ficar tranquilo.

— Fiquei feliz em saber que meu neto tem um pai bem responsável — Ele disse com naturalidade, me fazendo sorrir — E quanto ao que ela fez... — Ele apertou os lábios e encolheu os ombros — Ela é uma boa menina. O problema é querer ser tão independente, mas que bom que agora deu tudo certo. Espero que vocês fiquem bem logo.