A única coisa de que se lembrava era do grito lancinante. Depois, mais nada. Nem quem era, nem de onde vinha; nada. Sua memória era um branco absoluto. Não reconhecia o homem que diziam ser seu marido e que ali mesmo, no hospital, o olhava com ódio...
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James despertou quando Louis o sacudiu suavemente.
— Acorde, dorminhoco. Hora de levantar.
— Que horas são? — perguntou, abrindo os olhos.
— Eu já disse. Hora de levantar. Ande depressa, por favor. Quero tomar o café da manhã dentro de quinze minutos. Vista seus jeans e traga um agasalho.
Louis não parecia disposto a comentar os acontecimentos da noite anterior. O que era um alívio, pois James se sentia embaraçado ao lembrar o que tinha feito. Lembrava-se vagamente dele gritando com os criados, dos beijos confortadores, das palavras murmuradas ao pé do ouvido.
Correu para o banheiro, contente pela pressa que o impedia de pensar em todos os detalhes de sua primeira noite como marido de Louis. Corou ao apanhar suas roupas espalhadas pelo chão.
Depois de um banho rápido, abriu o guarda-roupa. Procurou na parte de calças e camisas, mas não havia jeans. Só um conjunto de calça e camisa pretas. Mas eram ambas absurdamente cheias de tachas de metal. Vestiu assim mesmo.
— Não tem nada adequado para vestir. — James explicou ao retornar para o quarto. — Esta roupa é absurda, mas todo o resto só serve para festas. E nenhum sapato serve, a não ser que a gente vá passear de limusine. De qualquer forma, todos os sapatos são grandes para mim.
— É mesmo? — Louis perguntou, intrigado.
— Bom, não são enormes, mas todos ficam folgados, incômodos. Acho que perdi peso. As roupas também estão meio largas.
— Sei. — Louis comentou, indo até o guarda-roupa. — Acho que era este sapato que você usava com essa roupa.
— É claro que eu não costumava sair para essas excursões matinais antes, se usava esse sapato aí. — James disse rindo. Eram sapatos muito caros.
— Tem razão. — Louis concordou, atirando os sapatos num canto. Depois de procurar na prateleira de baixo, ele encontrou um par de tênis.
— Você nunca levantava antes do meio-dia. E nunca foi comigo. — ele disse, achando que James ia recusar o tênis. — Use isto por enquanto. Podemos comprar coisa melhor quando formos ver o Dr. Mellon na semana que vem.
— Não sabia que ia continuar as consultas. — James comentou, calçando os tênis. — Pensei que ele estava em San Francisco.
A proximidade de Louis no armário estreito o deixava nervoso. Além disso, seus dedos ainda estavam duros por causa do acidente e se atrapalhou com os cadarços do tênis.
— Deixe que eu amarro. — Louis interveio.
James prendeu a respiração, o coração batendo forte ao senti-lo tão perto. Por que estaria reagindo assim?