A única coisa de que se lembrava era do grito lancinante. Depois, mais nada. Nem quem era, nem de onde vinha; nada. Sua memória era um branco absoluto. Não reconhecia o homem que diziam ser seu marido e que ali mesmo, no hospital, o olhava com ódio...
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— Coitado. — Daniel disse, vendo-o se afastar. — Você acabou com ele, Harry Styles. Ele ama você.
— Eu sei. — Harry enxugou uma lágrima. — Ian é bom demais para ser tratado assim. Se eu nunca tivesse vindo para cá... Estraguei a minha vida.
— Será, Harry? — Ele olhou-o, interessado. — Por quê?
— Eu era feliz antes de vir para cá, Daniel. Minha vida estava sob controle. E eu gostava dela assim.
— Será? — Os olhos inteligentes de Daniel o olhavam.
— Gostava, sim. — Harry insistiu, choroso. — Ian me amava. Tínhamos planejado nossa vida. Eu estava contente.
— E você o amava? — o detetive perguntou, sorrindo. — Pode dizer isso com absoluta certeza?
— Íamos nos casar. Eu tinha certeza que Ian e eu íamos ser muito felizes.
— Talvez sim, talvez não. — ele disse pensativo.
— É. — Harry tornou a suspirar, conformado. — Eu era feliz com ele antes de vir para cá e conhecer Louis. Agora tudo mudou.
— Mudar é viver, mocinho. Não tenha medo. Só não se pode mudar o passado. Precisamos conversar sobre Zayn Malik, Harry.
Harry se encolheu na cama, os olhos perturbados.
— Está tudo bem, rapaz. Não precisa ficar assim. Nós o encontramos, sabe? Quer dizer, encontramos o que sobrou dele. — Daniel sorriu confortador. — Deve ter sido atirado para fora do carro e rolou uns quinhentos metros abaixo dos destroços. Deve ter morrido sem nem saber como.
— Encontrou a arma? — Harry perguntou ansioso.
— Que arma? — Daniel sorriu enigmático. — Não encontramos nenhuma arma e o corpo não tem sinal de ferimento a bala.
— Mas eu tenho certeza que atirei nele. — Harry disse, agoniado.
— Acho que ele merecia mesmo levar um tiro. — Daniel disse tranquilo. — Mas você errou. Como foi que aconteceu?
— Eu estava sentado ao lado dele no banco da frente. — Harry recordou. — Carla estava chorando. Ele a assustava. Quando eu me recusei a exigir dinheiro pela segurança de Charles, Malik começou a berrar feito louco. Foi horrível. Ele gritava, Carla chorava apavorada com os gritos dele. Eu também estava com medo. Ele já tinha me mostrado o revólver. Eu não sei como ele fez para atravessar a segurança do aeroporto com uma arma, mas mostrou o revólver para mim, assim que entramos no carro alugado. Depois, enfiou a arma no cinto. Eu fiquei horas pensando como podia fazer para tirar aquilo dele.
— Foi bobagem sua, Harry. Nunca, mas nunca mesmo, se deve brincar com uma arma carregada na mão de um maluco.
— Tem razão, mas eu sentia que precisava fazer alguma coisa. Compreendi que ele pretendia me matar assim que eu desse o recado e entregasse a menina. Achei que não teria chance de contar a Louis o que ele e James estavam planejando. Ele dirigia feito louco pela estrada, gritando comigo para fazer Carla calar a boca. Num determinado momento, ficou tão nervoso que se virou para bater em mim. Ou no bebê, não sei. Eu me abaixei para desviar e vi o revólver. Nem tive tempo de pensar. Agarrei a arma e...