Encontrando o caminho

Quando tudo parece perdido

Clarissa era uma jovem muito especial, ela frequentava a igreja do vilarejo que morava, junto com sua mãe. O pai dela havia morrido quando essa tinha apenas sete anos, desde então era só ela e a mãe. Praticamente desde que nasceu teve apenas uma amiga; elas não moravam muito perto mais todos os dias davam um jeito de se ver.

O irmão de sua amiga, por ser dois anos mais velho se sentia responsável pela irmã e fazia questão de ir levar e ir buscar no grupo estudantil. Por isso ele também acabava tendo que ir buscar Clarissa em casa e levar após as aulas. Nessas idas e vindas para a escola eles acabaram gostando um do outro, como a mãe de Clarissa nunca fez objeção do namoro, mesmo sendo uma mulher um pouco amarga, que fazia questão de dizer que não confiava em Deus e que felicidade não existia; eles já namoravam ha quase três anos.

Esse ano as duas meninas iam terminar o colegial e Clarissa iria casar-se com Bryan. Esse havia prometido a ela que continuariam morando na casa da mãe dela para que ela não se sentisse só. Porém houve uma mudança de planos no caminho dessa jovem cristã, que veremos o que houve.

Está nossa querida Clarissa ajudando a mãe a colocar água na casa, quando ao longe ela ouve um grito por ela bem conhecido. Era sua amiga Mandy, que vendia flores naturais e artificiais que confeccionava com sua mãe para ajudar a família nas despesas. As vidas das pessoas nesse vilarejo não eram boas, o Rei Charles era um homem muito egoísta e mesquinho e havia aumentado os impostos. Mesmo que fosse território brasileiro, e não fizesse parte da Espanha, o Rei Edward tinha feito um acordo com o rei Charles passando uma parte do Sul para os cuidados dele. Por isso que as pessoas dali sofriam com os impostos do rei da Espanha.

- Clarissaaa! - Grita Mandy ainda ao longe, porém vindo na direção da amiga.

- Onde é o fogo? - Indaga Clarissa rindo.

- Eu terminei cedo as vendas e estou com tempo livre, vamos dar uma volta pelos campos? – a amiga fala tentando controlar a respiração por ter corrido.

- Claro, só vou levar a última remessa de água para dentro de casa e já volto.

- Tudo bem, vou aproveitar e ver a vaca mimosa. - Disse Mandy já lhe dando as costas, em direção ao lugar onde ficava a única vaca da casa.

Clarissa entrou em casa colocou a água na jarra e foi no seu quarto mudar a roupa, pois ela pensava em ir deixar a amiga em casa e ver seu lindo irmão.

- Nossa Clarissa como você demora! - Resmunga Mandy ao ver a amiga se aproximar e então se despede da vaca com um afago que é correspondida por um gemido do animal.

- Desculpa, fui trocar de roupa para poder ir com você até em casa. – Disse puxando a amiga.

Elas amavam caminhar nos campos cheios de plantações, principalmente no final da tarde onde o sol ficava mais baixo e dava ao verde um belo tom. Passeavam juntas conversando e cantarolando as vezes fazendo planos para o futuro.

- Quero tanto que esse dia chegue logo, não vejo a hora de estar chamando Bryan de meu marido. - Disse ela Clarissa sonhando.

- Como diz você, tem tempo para tudo.

Prosseguiram no caminho falando sobre várias coisas inclusive a formatura, porém, o destino final da conversa sempre levava ao casamento. Foi quando elas perceberam que já era um pouco tarde e seguiram para casa de Mandy.

- Olha Mandy, o que é aquilo?

- Parece fogo. - Disse Mandy.

Elas adiantaram os passos e perceberam que era fogo mesmo e na casa de Mandy. O primeiro pensamento dela foi nos fogos de artifício que o noivo fabricava. Clarissa já havia reclamado diversas vezes com Bryan sobre fabricar fogos para vender, ela achava perigoso e não se sentia bem de pensar que ele poderia se machucar. Seguiram para lá quase correndo e desesperadas, ela temia pelo pior, deixou a amiga falando com uma das vizinhas e direcionou-se ao policial que estava ali.

- Com licença, onde estão os moradores dessa casa? - perguntou desejando ouvir que o noivo e os pais de Mandy estivessem bem. Eles só tiveram dois filhos Bryan o mais velho e a amiga que era a caçula.

- Sinto muito senhorita mais estão todos mortos. O que soube foi que o casal já idoso estava dentro de casa talvez na cozinha e ouviu-se de longe uma explosão. Quando os vizinhos chegaram aqui o rapaz Bryan ia entrando para tentar tirar os pais de dentro e ocorreu uma segunda explosão.

Clarissa mal terminou de ouvir o relato do policial, viu sua amiga correr em direção ao fogo, eram muitas as emoções ali presente e ela achou que a amiga ia entrar e morrer também, movida pela dor da perda, pela preocupação com sua amiga ela começou a sentir-se mareada então não aguentou e desmaiou.