Dolorosa despedida

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( Capítulo narrado por Sabrina)

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( Capítulo narrado por Sabrina)

Eu sou a pessoa mais sem sorte da face da terra. Assim que nasci, fui separada por três anos do meu irmão gêmeo. Meu pai em um momento de loucura me usa para firmar acordo entre a Espanha e a China. Eu posso falar a verdade, estou pouco me lixando para estabelecimento de paz entre países se a pedra usada para isso é minha pessoa.

Eu acho que para conseguir dormir sem a consciência pesada por ter feito tal promessa usando-me, meu pai sempre me mimou muito. Minha mãe eu sempre a achei um pouco distante, a prova de que ela não se importava tanto comigo, veio ao engravidar de Júlia. Não sei porque uma pessoa tem que viajar só porque esta grávida. Quando ela voltou com aquela menina linda nos braços, eu senti muito ciúmes, era como se minha mãe agora não fosse mais me olhar com amor. Aos dez anos eu e Philipe tivemos que ir morar num colégio interno. Eu pensei que só um pai e uma mãe muito ruim iria desejar se ver livre dos filhos. Eu não ligava para o reinado de meu pai, tinha nojo de imaginar que um dia me tornaria rainha. Nem gostava de ser chamada de princesa. Aliás eu só gostava quando era para que as pessoas fizessem minhas vontades.

Só percebi o quanto me tornei uma pessoa mesquinha e egoísta quando meu irmão me pediu para cuidar de Clarissa e eu aproveitei a oportunidade para humilhar ela. Eu sabia que ele estava apaixonado por ela, eu o conhecia muito bem para perceber isso. Ele me pediu para que pedisse perdão mas isso era difícil fazer. Eu nunca havia pedido perdão na vida. Nunca havia sido rebaixada. Todos faziam minhas vontades sempre. Pelo menos não no palácio. Eu odiei Clarissa, além de ficar com a maior parte de atenção do meu irmão, ainda se fez de coitadinha e eu teria que me desculpar. Mas não sei porque ao olhar para ela eu me lembrava da cena e me sentia culpada. Pela primeira vez na vida eu assumiria que errei.

Não demorou muito e meu castelo de diamantes começar a desmoronar. Yan (meu digníssimo noivo) não era flor que se cheire, desde o meu aniversário de dez anos que ele destruiu minha festa eu o odiava. Não suportava nem ouvir o nome dele. Nem comida da china eu comia. Queria fugir, aliás eu tentei quatro vezes fugir, todas Philipe foi me buscar e me trouxe para minha jaula de ouro novamente.

Quando meu pai adoeceu que tivemos que voltar do Brasil para se despedir dele. Eu achei que ele iria me pedir perdão e dizer que eu não precisava fazer isso. Mas meu pai não fez; pior ele aceitou que o traste do Yan marcasse o casamento. Por sorte Philipe adiou o meu sofrimento.

- Quem inventou a ordem de que palavra de rei não volta atrás? Eu não vou me casar com esse saco de problemas. Ele vai me matar na primeira oportunidade.

- Tenha calma mana, estou tentando reverter a situação. Mas primeiro eu tenho que me aproximar de Yan. Sendo inimigo dele ele nunca vai ceder. Não esqueça que você o odeia mais ele lhe ama.

- Ama nada, ele quer se fazer de bonzinho e me comer viva na primeira oportunidade, aquela fera. Ou esqueceu que ele me jogou no chão no baile de formatura?

Eu o chamava de fera desde os meus dez anos. Fazia dias que eu sonhava com ele em forma de fera e vestido de príncipe. Ele sempre me mandava presentes; presentes esses que os jogava fora. Ele me mandava rosas toda semana, eu as pisava com raiva. Mas enfim ontem foi o noivado de Philipe, eu até os vi conversando mais subi para minha gaiola que chamam de quarto. Melhor estar na gaiola do que perto da fera.

É chegado o grande dia da minha partida, ele iria me levar para se casar com ele no castelo dele; muito sabido, se fosse aqui eu poderia armar alguma coisa. Comigo ele só permitiu levar as bagagens e minha dama de companhia, Lu se tornou minha amiga esses anos todos. Somos da mesma idade e ela aguenta meus chiliques com muita calma. Ainda bem que vou levar ela comigo.

Acordei cedo, e passando no salão de baile com destino ao café da manhã parece até que eu ia morrer, que nunca mais iria pisar ali, fiquei horas olhando os lustres, o piso desenhado, as cortinas, o trono de meu pai. Quantas lembranças dali, as vezes que eu e Philipe brincávamos de rei e rainha. Ele iria ser um bom rei tenho certeza disso, mas eu seria a rainha mais infeliz da face da terra. Fui acordada de meus pensamentos com aquela voz descendo as escadas.

- Sabrina! - disse Clarissa ao descer.

- Oi Clarissa, eu já estou indo. Só vou tomar café.

- Eu sei, passei no seu quarto e Lu me disse que está tudo pronto.

- Quer falar comigo algo? Passou no meu quarto?

- Sim Sabrina, quero que fique com isso. É minha Bíblia, quero que leia as páginas marcadas, você precisa entender que Deus trabalha de maneira que não sabemos. Talvez a sua ida até a China não seja para a morte, mas quem sabe você encontre a felicidade lá?

- Clarissa, você vem de um mundo onde é amada por todos, eu nunca tive carinho de ninguém. Meu pai me mimou sim, mas com luxo e não com amor.

- Eu acredito que você irá conseguir se sentir amada.

Foi aí que fiz algo que nunca imaginei fazer. Eu abracei minha cunhada. Fiquei ali alguns minutos abraçada a ela, ela calada só passava as mãos em minhas costas e eu chorava e chorava muito. Não queria me afastar dela, de alguma forma ela me dava paz.

- Acredite Sabrina, você é muito amada até por mim. Só precisa abrir seu coração. Leia a Bíblia irá lhe fazer bem.

Eu lhe abracei de novo e ela me beijou na testa, que beijo doce e delicado. Mas...

- Esta pronta? Não tenho tempo para despedidas. - diz Yan se aproximando. Não deu tempo eu ou Clarissa falar nada ele sai me puxando como se eu fosse um animal.

Minha família ainda dormia, só Clarissa viu aquela cena deprimente. Eu a olhei já na carruagem e ela chorava. Eu não acredito que alguém chorou por mim, logo ela que eu fui tão má. Vou sim ler o presente que me deu, quem sabe ela está certa.

 Vou sim ler o presente que me deu, quem sabe ela está certa

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