Chittaphon ainda não conseguira absorver a morte de Yuta mesmo depois de uma semana do acontecido. Taeyong é a única pessoa que consegue o convencer de que ele precisa se alimentar e ver a luz do sol. Ele ainda se sente culpado pelo suicídio do japonês.
Lee faz questão de estar a todo momento com o namorado, o ajudando nessa fase difícil. Dormiu ao lado de Ten a semana inteira, o apoiando nas crises que o tailandês tivera durante esses sete dias que parecem passar em câmera lenta. No meio da noite ouvia o garoto murmurar trechos da carta de Yuta e logo acordar chorando.
Talvez nem Chittap pudesse imaginar que ficaria nessa situação por causa da morte da pessoa que mais o fez mal. Mas ele sabe que Yuta não era uma pessoa mal. Nakamoto apenas não sabia lidar com seus sentimentos.
- Você ficou feliz? - Ten pergunta para Taeyong, enquanto se senta na cama e engole seus comprimidos.
- Ten, para de tomar isso, por favor - pega o potinho com os remédios da mão do tailandês - Feliz com o que?
- Com a morte de Yuta...
- Como eu posso ficar feliz te vendo assim? E eu não o odiava ao ponto de desejar sua morte. Eu não o odiava - Taeyong dá de ombros e suspira - Não, Ten, eu não fiquei nem um pouco feliz.
- A culpa é minha, eu podia ter dado um pé na bunda dele desde o momento em que ele começou a ficar possessivo e...
Taeyong cala o garoto com seu dedo indicador.
- A culpa não foi sua. Você não teve culpa de nada - o coreano coloca as mãos no rosto de Ten e o encara - Por favor, não se culpe tanto. Para de por isso na sua cabeça. Aconteceu e pronto. Acabou, ok? Se culpar não vai adiantar nada, só vai piorar as coisas.
Ten fecha os olhos e balança a cabeça.
- Eu podia ter pelo menos ter mostrado pra ele que tinha o perdoado, sabe? - sorri triste - Eu vou escrever pra ele, Taeyong.
Lee suspira e tira as mãos do rosto do tailandês.
- Eu vou escrever uma carta pra ele - Ten abre os olhos e volta a encarar o namorado - Eu quero ficar um pouco sozinho, ok?
- Qualquer coisa me chama - Taeyong respira fundo e sai do quarto, fechando a porta.
Chittaphon pega o potinho de comprimidos que Taeyong tinha tirado dele mas deixou em cima da cama, e o guarda no bolso da bermuda. Se levanta e vai até a escrivaninha. Pega um caderno e uma caneta.
Querido Yuta,
Espero que independente de onde você estiver, leia isso. Eu não acredito nessa coisa de espíritos, mas se eu estiver equivocado e você puder realmente ler, ficarei grato.
Os últimos dias têm sido difíceis por causa do.. bem, você sabe o que aconteceu. Eu voltei a tomar calmantes e só consigo dormir sob efeito deles. Eu tenho dormido boa parte do dia e tenho tido muitos pesadelos.
Taeyong veio pra cá "morar" por um tempo em quanto eu estou me acostumando com a idéia da sua partida. Ele está me ajudando muito, nas minhas crises, nos meus pesadelos, quando eu me culpo pelo que aconteceu e tudo mais.
Eu emagreci muito nessa semana, talvez uns cinco quilos (que é muito pra mim) e apenas Taeyong consegue me fazer comer, pelo menos o necessário pra eu conseguir me manter em pé. Ele está sendo um anjo pra mim.
Mas chega de falar de mim, certo?
Como está sendo aí, Yuta? Você ainda se lembra do nosso primeiro encontro?
Você me chamou pra ir no parque aquático e eu tinha muita vergonha do meu corpo. Aí você me disse que eu era lindo e que estava tudo bem, e eu confiei em você.
Nós não tínhamos se beijado ainda, e eu me lembro do nosso primeiro beijo. Naquela festa maluca que você me levou. Eu não me lembro do beijo em si, eu estava bêbado demais. Foi golpe baixo, você me embebedou antes de me beijar. Mas eu continuei confiando em você.
Foram bons momentos, Yuta. Mas aí começamos a namorar. Foi tão perfeito no começo.
Nossa primeira transa foi em um dos motéis mais caros de Bangkok e você prometeu que ia ser a melhor transa da minha vida. Você não sabia que eu era virgem, não sabia que era uma sensação nova pra mim. Você me machucou muito. Eu não disse nada, não queria parecer um fraco. Eu acreditei que você nunca me machucaria de propósito.
A gente começou a transar quase todos os dias e eu me acostumei com a sua forma agressiva. Eu achava que era tudo normal. Eu tinha prazer, sabe? Não vou mentir. Eu nunca havia transado com ninguém, então aprendi a gostar de transar com você. E eu continuei confiando que aquilo era normal, porque eu confiava em você.
Você não gostava quando eu falava com os seus amigos, chegou a se afastar da maioria deles e eu não sabia o porquê. Você não queria que eu fosse de mais ninguém.
Você sempre foi agressivo e controlador, mas no começo eu estava completamente envolto nessa idéia de primeiro amor. O amor me envolveu e me cegou, eu não enxergava nada além do Yuta perfeito que eu criei na minha mente e que na verdade nunca existiu.
Eu romantizava tudo de ruim que você me fazia. E isso quase destruiu a minha vida, e isso destruiu a sua.
Mas eu acredito que você me amava, sabe? Você não era uma pessoa má, Yuta. Você apenas não sabia lidar com o amor. Eu prefiro acreditar que você apenas não sabia lidar com o amor.
Eu sei que você não vai responder essa carta e se você responder eu vou ficar muito assustado.
Espero que você esteja bem e, caso exista essa coisa de reencarnação, espero que na sua próxima vida você aprenda a lidar com seus sentimentos e não sofra tanto, nem faça outras pessoas sofrerem. Espero te reencontrar nessa sua próxima vida.
Mas enquanto isso não acontece, adeus, Nakamoto.
Adeus.Com amor,
Chittaphon Leechaiyapornkul
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POSSESSIVE
Romance[taeten] Taeyong tem obsessão em qualquer coisa que pareça fora de seu alcance. Chittaphon é o garoto novo, estrangeiro e gay da faculdade, cujo namorado é completamente possessivo. iniciada: 08/04/2018 terminada: 18/07/2018