O quarto

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Obssession, The Amethyst Ring.

“O quarto”

Jimin POV~
Já fazia algumas horas que eu estava aqui, no bar. Quase um dia todo.
Todos me receberam muito bem, embora pareçam todos assustadores, tinham bom coração. Eram como os oito, só que a maioria ali parecia ter bastante dinheiro.
Quase não haviam ômegas ali. A maioria eram alfas, um ou dois lúpus, e alguns betas.
O amigo de Jackson, Yeol (Como se apresentou a mim), é um cara legal. É um beta, e é casado com uma ômega muito engraçada. Ela está grávida, de mais ou menos sete para oito meses.
Os outros cinco empregados do bar —dois alfas e três betas—, eu não cheguei a conhecer muito bem, mas, pareciam ser legais...
Os clientes não eram lá tão fáceis de lidar, mas, não era nada tão fora do normal quanto um alfa maluco que não sabe se controlar. 
Agora eram exatamente sete e meia da noite, e o bar começou a ficar movimentado. Logo, fazendo um dos empregados ligar as televisões do estabelecimento, para distrair os clientes. Mas, tudo que vimos foi Jeongguk, ele fazia um anúncio numa coletiva de imprensa.
A única frase que ele disse me fez paralisar: 
“– Seu nome é Park Jimin.”
Todos no local olharam espantados para mim, pareciam se perguntar que tipo de crime eu cometi... 
Tudo estava calmo, até Jeongguk falar:
“Em um prazo de dois dias, Jimin deverá ser entregue vivo no palácio. A recompensa é de £XX,XXX.00.”
Depois disso, a maioria dos alfas e betas ali tentaram vir para cima de mim, mas, eu só sabia chorar... 
O que Jeongguk estava fazendo?! 
Ele não pode me achar, não pode!
Me sinto um masoquista por querer estar perto de si...
E é por isso que Yeol —esse que já sabia do motivo de minha fuga— segurou firme em meu pulso, me puxando, me fazendo correr pelas ruas desertas daquela área de Seul, enquanto alguns homens nós seguiam.
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Depois de um tempo, conseguimos despistá-los, indo para um beco.
Yeol olhou para mim, com as mãos nos joelhos, respirando ofegante... Nada diferente de mim.
– Você está bem, Chim? – Perguntou o homem mais velho, e eu assenti. – Que furada, em? Mas, relaxe, ainda estou devendo dinheiro para Jackson, então, para quitar logo essa dívida, vou lhe deixar se esconder em minha casa, tudo bem? – Assenti novamente.
– Obrigado, Yeol. Você é um grande amigo... Já te considero muito. – Falei o abraçando. De início ele ficou surpreso, mas, logo correspondeu.
– Fique tranquilo... Quando isso tudo acabar, vou procurar algum amigo meu em outro país, e tentarei te mandar para lá. – Disse e eu Arregalei os olhos. Aquilo já era demais... Como alguém faria isso por mim?! 
– Y-yeol, não precisa disso tudo! Eu posso procurar outro lugar para me esconder e- – Ele me cortou.
– Não, não, não, Jimin... Você não tem noção do tamanho da minha dívida com Jackson... Eu peguei uma grana emprestada com ele para reformar o bar... – Ah, agora entendi por que o bar é tão moderno e sofisticado demais para um estabelecimento comum daquela área da cidade... – Você tem ideia de quantos milhões peguei emprestado? Se você chutou três milhões e meio, acertou. – Disse o mais velho.
Uau! Três milhões e meio?! 
Jackson realmente tinha bastante dinheiro, afinal, era o filho do general, então, devia ter dinheiro para dar e vender...
Fomos em direção a casa de Yeol, quando tivemos certeza de que tínhamos despistado os homens. Coloquei o capuz do moletom velho que eu usava, para tentar fazer com que ninguém me reconheça, o que deu certo.
Chegamos na casa dele, e ele abriu a porta com uma chave.
A casa era bonita, razoável... Era notório que ele era um cinco, mesmo com emprego fixo... Na verdade, depois de um tempo, todo cinco iria acabar tendo um, mas, Yeol só adiantou esse processo.
Adentramos mais o local e cada vez mais eu achava que nunca chegaria aquele nível... Poxa, ele era um cinco, e mesmo assim eu não tinha chances de ter uma casa como aquela, por mais simples que fosse...
A morte da minha mãe realmente foi um choque para mim... Eu ainda tinha esperanças de que todos os meus anos de esforço para começar uma faculdade aos quatorze anos tenham valido a pena, e que eu conseguiria virar um pedagogo, e levasse uma vida razoável, fazendo aquilo que eu gosto.
Eu esperava que esse emprego no palácio fosse o mais passageiro possível, que eu só ficasse lá até eu ter dinheiro suficiente para voltar para Daegu, e trabalhar na cidade que vivi por tanto tempo... Viver ao lado de um companheiro fiel, e que me amasse tanto quanto eu o amaria, que tivéssemos dois filhos e um cachorro chamado Bob! Essa era minha meta de vida....
Mas Jeongguk estragou tudo.
Claro, eu não iria reclamar se o amor da minha vida fosse o príncipe...
Eu sei que o cara é apaixonado por mim, mas, essa obsessão é demais para mim! Ele não me deixa livre! Posso me sentir muito atraído por Jeongguk, mas, ninguém me garante que isso não é coisa do anel, ou mais uma pegadinha dos sentimentos. Eu sei! Mas, eu nunca me senti livre perto de Jeongguk, e pelo que acabei de ver no noticiário, talvez eu fosse preso, ou até mesmo condenado a morte, tudo porque ele é obcecado por mim...
Não vou falar que a vida não pode piorar, porque ela sempre poderá.
Fui tirado de meus pensamentos por Madeline, esposa de Yeol. 
– Eu vi o noticiário. – Disse ela, com seu sotaque alemão. – Jimin, está tudo bem com você, criança? – Perguntou a mulher, parecendo preocupada.
– Sim, Madeline... Fugimos a tempo.
Ela assentiu, e viu seu marido sair novamente pela porta.
– Vou fechar o bar, já já estou de volta para o jantar. – Disse, saindo pela porta, a fechando devagar.
Eu e Madeline adentramos mais naquela casa, e ela me deixou na sala, assistindo televisão enquanto fazia o jantar para todos nós.
Disse que queria conversar com mais calma quando o marido chegasse.
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Alguns minutos se passaram, e nada de Yeol, até que ouvimos a porta se abrir um pouco, e rapidamente alguém passar pelo pequeno espaço, logo a fechando rapidamente.
Era Yeol.
Ele estava ofegante. Tirou os sapatos, os substituindo por pantufas, e logo fechou todos os trincos possíveis que haviam na porta. O que estava acontecendo?!
Madeline veio rapidamente ver o que aconteceu, e seu marido correu até ela, a segurando pelos seus ombros finos.
~Narradora POV
– Querida, tranque todas as janelas, feche todas as cortinas, e não deixe Jimin se aproximar desta porta! – Apontou para a porta que acabara de passar.
Madeline assentiu freneticamente, e foi fazer o que lhe foi pedido. Esperava quitar suas dúvidas no jantar.
Jimin olhou para Yeol, este que entendeu o olhar questionador.
– Os guardas, Jimin. – Jimin não entendeu muito bem, tombando a cabeça levemente para o lado. – Os guardas estão por toda a cidade! Tentei me manter longe deles enquanto vinha para cá, mas, alguns deles me abordaram, perguntando-me por ti! 
Jimin se assustou com a fala do outro... 
Jeongguk havia mandado guardas para lhe trazerem de volta?!
Como se o anúncio na televisão não fosse o suficiente! Já sabia que Jeongguk era louco, ele sabia disso perfeitamente... Só não precisava de mais provas!
Teria que dar um jeito de Jeongguk não o pegar.
Yeol foi ajudar sua esposa —após lembrar que ela estava grávida e não poderia fazer muito esforço—, deixando Jimin sozinho na sala.
Bem, sozinho até a campainha tocar.
Por puro instinto, Jimin foi atender. 
Abriu a porta, dando de caras com um alfa de cabelos negros, e meio baixinho, um pouco mais alto que si. 
Seu rosto lhe era familiar...
– Yoongi-Hyung?! – Perguntou Jimin ao alfa, que deu um sorrisinho debochado.
Abriu mais a porta, a fechando rapidamente, como Yeol havia feito há alguns minutos.
– Jimin! – Disse Yoongi, parecendo um pouco furioso, mas, isso logo passou e foi abraçar o amigo. – Por onde esteve?! 
Jimin nem estava acreditando que ali era seu melhor amigo de infância, mas logo voltou a si quando Madeline chamou sua atenção.
– Jimin, quem é? – Perguntou a ômega olhando Yoongi dos pés a cabeça.
– Ah, Mad, esse é o Yoongi, um amigo de infância! – Falou o mais novo ali.
Madeline se surpreendeu. Como ele havia achado Jimin? Quem suspeitaria de um casal de cinco donos de um pequeno negócio?
Yoongi notou o olhar questionador da mulher sobre si, e logo se pôs a falar.
– Não pensem que trabalho para os Jeon. – Disse. 
– Então... Como conseguiu minha localização? – Foi a vez de Jimin perguntar.
– Tenho meus contatos. – Falou olhando o ômega, que o olhou sem entender. – Liguei para Jackson, estudamos juntos no colegial. – Completou.
Jimin assentiu, abaixando a cabeça ao se lembrar de Jackson... Pensamentos positivos invadiram sua mente no mesmo momento.
– Okay... Quer jantar conosco? – Perguntou Madeline, com seu sotaque mais visível nessa frase.
– Não, obrigado. Já jantei. Vim apenas para falar com Jimin. Temos muito papo para por em dia. – Olhou para Jimin, que ainda se lembrava dos momentos com Jackson, com uma pitadinha de Jeon Jeongguk.
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Alguns minutos se passaram, e Jimin já havia contado tudo o que acontecera consigo desde o início, sem faltar nada. Afinal, confiava em Yoongi.
Yeol já estava na conversa, mas, ainda Não confiava muito no alfa.
Yoongi logo teve que ir de volta para o seu apartamento, alegando que seus namorados provavelmente já haviam chegado.
Jimin ficou surpreso com a coincidência de seu melhor amigo de infância ser um dos namorados de seu ex-colega de trabalho.
Falando nisso, já estava sentindo falta da risada exagerada de Jin e das piadas toscas de Tae.
Finalmente a hora do jantar havia chego. Sentaram-se na mesa que continha algumas coisas feitas por Madeline, e um dos vinhos do bar de Yeol.
– Tudo bem, alguma ideia para escondermos o Jimin? – Perguntou Madeline. A loira já degustação com prazer sua comida, enquanto Jimin comia lentamente, e Yeol estava parado, pensando.
– Tenho uma sugestão, mas, não sei se dará certo. – Os dois ômegas olharam esperançosos para Yeol. – Podemos manter Jimin aqui em casa, já que você está de licença maternidade, e não seria nada divertido ficar sozinha. 
– Okay, mas, nenhum de nós dois podemos ficar informados em casa para sempre. – Madeline opinou.
– Sim, mas, aguentem até essa poeira abaixar. Quando acabar o prazo da recompensa, vamos usar psicologia reversa. – Nem Jimin, nem Madeline entenderam. – Vamos sair com Jimin naturalmente, como se não fossemos suspeitos de nada, e daqui a algum tempo, mandaremos Jimin para o exterior. O que acham.
Os ômegas concordaram, e voltaram a comer, fazendo o beta notar que sua comida já estava esfriando.
O jantar seguiu normalmente, e com algumas risadas por parte dos ômegas, que riam quando Yeol se sujava e nem percebia.
Ao terminarem de comer, Yeol simplesmente foi para seu quarto e da ômega mais velha, e capotou na cama, nem dando boa noite... Estava cansado. 
Madeline riu do marido, mas sabia que de manhã ele estaria reclamando de enxaqueca. Ela é Jimin arrumaram um colchão para o ômega dormir no pequeno escritório da casa. Era uma salinha apertada, mas aconchegante.
[...]
Dois dias se passaram, e Jeongguk estava furioso. 
Onde seu ômega havia se metido?! 
Por mais raiva que sentisse, também sentir-se muito triste... Estava com saudade do cheirinho doce de seu ômega, de abraça-lo, de beijá-lo...
Então, resolveu tomar uma providência. Depois de almoçar com seus pais e sua “noiva”, Jeongguk foi até seu escritório, fazendo umas mudanças em alguns papéis...
Os papéis que fariam seu plano dar certo.
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Logo após de mexer nos papéis, convocou uma nova coletiva de imprensa no escritório do rei.
Já estavam todos os jornalistas de todas a as emissoras de televisão lá, e sua família acabara de chegar.
Seu pai sentou ao seu lado direito, com sua mãe ao lado, e Lee em seu lado esquerdo, convicta de que aquela coletiva era para que Jeongguk dissesse que cancelaria as buscas ao ômega irritante. 
Lembram-se da empregada que foi chamada junto a Jimin depois de Jeongguk sair furioso no último jantar que os dois se viram? 
Bem, ela estava atrás da porta do escritório, escutando cada flash de máquinas fotográficas, de jornalistas conversando e de celulares tocando.
– Silêncio. – Todos se calaram ao som da voz grossa de Jeongguk. – Desliguem os celulares, por favor. Quero silêncio absoluto. – Completou.
Mesmo não demonstrando o medo que tinham do príncipe, os jornalistas desligaram seus smartphones modernos e caros, porém barulhentos, e começaram a filmar e gravar o que Jeongguk tinha a dizer.
– Bem, estou aqui hoje para anunciar o fim do prazo da recompensa pelo ômega que procuro, e dar-lhes um anúncio um pouco mais radical. – Disse e logo os cochichos dos ômegas, alfas e betas ali começaram. – Silêncio! – Novamente, todos se calaram. – Voltando... O que eu quero dizer é que... – Fez uma pausa, mostrando seus olhos que já se encontravam em um tom levemente avermelhado em fúria ao lembrar da situação. – Passei dois dias inteiros com meus melhores guardas na cidade, e nenhum deles achou meu Jimin... Então, se ainda não acharam ele é porque Jimin está escondido... Mas não sozinho... – Todos se surpreenderam. Até seus pais. Quando Jeongguk havia tirado tempo para pensar nisso? Afinal, o alfa passava quase o dia inteiro naquele escritório... – Eu mesmo irei procurar por Jimin, e vou logo avisando... 
~Jimin POV
“Quem estiver escondendo Jimin, pagará com a própria vida...!”
Eu já chorava nos braços de Madeline.
Como Jeongguk não desistiu?! O que ele tanto vê em mim?
Estávamos assistindo um filme, eu, Mad e Yeol, quando o mesmo foi interrompido para um “anúncio real”, e tudo que ouvimos foram as palavras raivosas de Jeon.
Madeline tentava me confortar, mas eu já sentia suas lágrimas caírem e molharem meus cabelos.
Yeol estava andando de um lado para o outro, sem saber bem o que fazer. Passava as mãos entre seus fios castanhos nervosamente, quando perguntou.
– O que faremos? – Ele olhava para mim e para Madeline.
Havíamos criado bastante afeto nesses dois dias. Yeol estava cada vez mais tenso para saber se seu plano daria certo ou não, mas, acabei de descobrir que não tinha jeito.
– Eu vou me entregar. – Disse. Madeline e Yeol olharam assustados para mim.
– Jimin, querido, não faça isso! Nós daremos um jeito de te tirar daqui, huh? – Madeline disse já aos prantos.
Yeol só olhava para mim preocupado, mas eu sabia o que estava fazendo.
– Mad, acho que agora não posso concordar com você... – Disse me levantando do sofá e automaticamente me desfazendo de seu abraço caloroso.
Eu teria que me entregar o mais rápido possível!
– Jimin... – Disse Yeol, que já estava num misto de surpreso e preocupado.
– Não, Yeol... Não posso arriscar a vida de vocês três como se a minha fosse mais importante. – Disse com a cabeça baixa... Queria que a pequena ômega que Madeline carregava tivesse uma vida feliz e com os pais vivos... Não posso arriscar a felicidade de uma família só porque eu não tenho coragem de enfrentar Jeongguk.
Fui em direção ao pequeno corredor que havia no primeiro andar da casa, onde ficava um banheiro e o pequeno escritório, onde estavam minhas roupas.
Peguei minha velha mochila que nunca abandonava, e coloquei minhas poucas roupas dentro da mesma.
Madeline tinha me seguido, e parecia mais calma, já que não chorava tanto.
– Tem certeza, Chim? – Falou ela, parada no batente da porta, me olhando triste.
– Sim Madeline... 
Descemos as escadas e Yeol já estava lá na porta, pensativo. 
– Jimin, acho que podem- – Cortei sua fala.
– Yeol, tenho convicção do que estou fazendo. Vocês tem uma filha para criar, então não devem se arriscar para me esconder. – Olhei para Madeline, que estava no último degrau da escada, voltando a chorar. – Não se preocupem. Jeon não me machucará. – Completei. Olhei para a porta entreaberta, e a abri mais um pouco, já saindo, quando virei para trás, e Madeline já estava no batente, junto a Yeol.
– Ah, quando a pequena nascer, me visitem no castelo, adorarei conhecê-la! – Disse sorrindo triste, enquanto uma lágrima escorria pela minha bochecha.
Fui até o portão do quintal da frente e o abri, passando pelo mesmo, e me voltando para a casa. Yeol já tinha algumas lágrimas molhando a face, e Madeline já havia entrado. Acenei para ele, e ele retribuiu com um sorriso tristonho.
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Caminhei sem rumo, até achar um ponto de ônibus. Eram umas oito da noite, e eu iria pegar o último ônibus que iria para a área nobre.
Como haviam poucos nobres (umdois e alguns três), o bairro era pequeno, então eu poderia andar até o castelo facilmente. Estou acostumado a andar mais do que isso.
Fiz sinal para o motorista, que parou quando me viu, e algumas pessoas desceram, enquanto eu e mais algumas subimos. 
Eu estava usando meu moletom de capuz, então ninguém me reconheceria... Demoraria, no mínimo, uma hora para chegar ao palácio pelo caminho que o motorista estava fazendo, então, me sentei em uma das poucas poltronas livres —por conta do horário, uma quantidade mediana de pessoas saia para pegar transporte público—, e tentei cochilar um pouco.
É... Rumo ao castelo...
~Narradora POV
A cada parada que o ônibus fazia, Jimin sentia o pequeno solavanco, e acordava levemente para ver se era o seu tão esperado —sintam a ironia no ar— destino.
Até que exatamente uma hora e dezoito minutos de viagem, o destino foi alcançado.
Jimin desceu, preguiçosamente os degraus do ônibus, e foi a caminho do castelo. Andou ouço, já que o ponto era praticamente em frente ao castelo, a mais ou menos dez ou quinze metros de distância da calçada. 
O palácio de rodeado por muitos, mas muitos guardas... Quando saiu de lá, não tinha mais de dois ou quatro guardas, agora, deviam ter uns oitenta, e ouso dizer, cem.
Definitivamente, duvidar de Jeongguk é uma escolha fatal...
Caminhou pela extensa calçada, e foi em direção ao portão, cheio de guardas, em sua maioria, alfas.
Tirou o capuz, e cutucou um dos guardas, que o olhou, ir breves segundos, mas logo percebeu de quem se tratava ali.
– C-com licença... – Jimin disse, respirando fundo e tentando ganhar imponência, o que não dava muito certo com ômegas. O guarda qual foi cutucando rapidamente chamou seus companheiros mais próximos, que olhavam perplexos —e alguns com desejo— para Jimin. – E-eu desisto. Eu... Eu estou me rendendo. Podem me prender, me torturar, me matar, mas, não machuquem ninguém. – Disse rápido, quase chorando, as palavras que deveriam ser direcionadas a Jeongguk.
Os guardas que ficavam mais afastados, logo foram se aproximando para saber do que se tratava.
– Tudo bem. – Disse um dos guardas em um longo suspiro. Jimin se assustou com o tamanho do alfa... Devia ser mais alto que Jeongguk, mas mais bonito, de jeito nenhum... – Vire-se e coloque suas duas mãos para trás. 
Jimin prontamente obedeceu, fazendo com que os guardas ao redor se surpreenderam com a facilidade que estavam tendo para dominar o ômega. Por que ele não se entregou enquanto a recompensa estava de pé?! Ele podia ter deixado alguém rico!
Alguns guardas, ainda chocados, voltaram aos seus postos, já sabendo que o choque já havia se resolvido, e o ômega seria encaminhado a uma cela, para decidirem qual será a punição do ômega.
O alfa alto (o que algemou Jimin), e mais outros três guardas, todos betas, levaram Jimin a caminho das masmorras que, embora os tempos fossem outros, o castelo fora bem conservado, e aquela antiga masmorra —agora modernizada—, servia de prisão passageira para detentos que teriam punições públicas, como empalo, soco inglês, afogamento rápido, e até mesmo a guilhotina ou a fogueira, essas duas últimas que obviamente resultam no mesmo caminho: a morte.
Os guardas levavam Jimin para lá, pois, assim como todos os empregados sabiam a história de Jeongguk e aquele ômega, também sabiam que a pena dada pelo rei a ele é nada mais, nada menos do que a morte.
Desde que Jimin descobriu ser o tal ômega da história, sabia que acabaria ali.
Ao chegarem nas masmorras, Jimin foi jogado em uma cela, que parecia aquelas de filmes de caça as bruxas. E realmente, o cheiro de insetos, dejetos humanos e o abafo por falta de janelas era mais que perceptível. 
Jimin se assustou um pouco quando viu um pouco de sangue no chão, mas, logo se recostou em uma parede no final da pequena cela de grades, e se pôs a chorar.
O que estava fazendo de sua vida?
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O guarda alto e os três betas corriam desesperados até o escritório do rei, onde, certamente Jeongguk e o rei estariam.
Quando eles finalmente chegaram, ouviram uma discussão entre o rei e Jeongguk, e ficaram atrás da porta para ouvir.
– Jeongguk, isso é totalmente imprudente! – Disse o rei. Ele parecia enfurecido. – Você já foi longe demais com isso! 
– Não pai, não fui! Estou preocupado com meu ômega, e não vou me casar com essa vadia. Então, simplesmente resolvi nossos problemas, de uma forma que nós dois ganhamos benefícios! – Respondeu Jeongguk, com sua voz avassaladora de lúpus com raiva.
O silêncio reinou no escritório, e os guardas acharam uma boa hora para adentrar o cômodo, e foi o que fizeram.
– Majestade. – Falou o único alfa comum ali, fazendo uma reverência aos seus superiores. O rei acenou com a cabeça, e os betas repetiram o ato. Já Jeongguk tinha uma carranca tão feia, que um medo atingiu o alfa mais alto. – Meu rei, príncipe Jeon, tenho boas notícias. – O rei logo se interessou pelo assunto, será que tinha conseguido fazer o país crescer e ele não sabia? Bem, que fosse isso. Já Jeongguk continuava com aquela carranca. – É sobre Park Jimin. – Como se estivesse em modo automático, Jeongguk abriu o melhor de seus sorrisos, e se levantou da cadeira em que se sentava. 
Foi em direção ao guarda e segurou na gola de sua camisa, o incentivando a ‘desembuchar rápido.
– Fale. – Disse Jeongguk com todo seu bom humor.
E como se a bipolaridade do príncipe fosse hereditária, seu pai rapidamente fechou a cara, e continuou fazendo suas coisas, ignorando totalmente os outros ali.
– Conseguimos o pegar. Há alguns minutos ele se entregou facilmente no portão, e deixou-nos o levar para o calabouço. A pena fica a critério do re- – O guarda nem terminou de falar, pois recebeu um soco de Jeongguk.
Pena? Não mesmo! Não iriam matar seu pequeno de jeito nenhum! E quem os deixou colocar o seu futuro esposo nas masmorras?!
Os betas rapidamente socorreram o alfa, o levando para fora daquela sala, a caminho da ala hospitalar.
– Foi você, não foi?! – Perguntou enraivecido ao pai.
– E se foi? O que isso tem haver com você?! Jeongguk, esse menino não merece ser punido apenas por lhe deixar louco, mas também por fugir do emprego com o primeiro salário na conta! – Jeongguk foi em direção a mesa do pai, e deu um soco forte na madeira, a fazendo rachar minimamente.
– Eu já lhe disse que o amo, e que não vou deixar que ninguém o machuque! – Disse pegando na gola da blusa do seu velho pai, que o olhava indignado. – Eu não vou me casar com Lee, e ainda tive a bondade de apenas casar com ela no papel! Agora, se você o algum de seus “aliados” tentar me tirar de perto do Jimin, ou tentar machuca-lo, eu não hesitarei em matar qualquer um que for! – Terminou, desferindo um soco forte na barriga de seu pai, o fazendo cuspir um pouco de sangue.
O alfa mais velho olhou para seu filho saindo da sala. Estava um tanto assustado e com medo de seu próprio filho...
Deus, o que ele havia feito de errado?!
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Jeongguk caminhava rapidamente até às masmorras, com um guarda que possuía as chaves de todas as celas, e procurava a cela em que seu amado estava. 
Oh céus, como está seu pequeno?! 
O coração do alfa doeu tanto nos poucos dias que Jimin ficou fora... Seu lobo uivava de dor e tristeza, esperando que seu ômega ouvisse e voltasse para si.
Logo avistara uma cela mal iluminada, e no fundo dela se ouvia um pequeno choro... A voz que mais conhecia naquele mundo...
– Jimin! – Gritou Jeongguk, arrancando a chave da cela da mão do guarda, que entendeu que era para se retirar. 
Jeongguk abriu a cela, e no mesmo momento, o coração de Jimin falhou uma batida.
Ah não...
– S-s-se afasta! – Gritou Jimin, se encolhendo o máximo possível no canto do cômodo. Não queria Jeongguk perto dele.
Jimin estava com o rosto inchado e vermelho, e muitas lágrimas ainda desciam por sua face delicada. Aquilo doeu, é muito em Jeongguk, mas o alfa não obedecerá o ômega.
Seu medo é que alguém queira afastar Jimin de si, mas, um medo maior é que o próprio Jimin tente se afastar... Isso ele nunca permitirá.
A fala de Jimin, hesitante e corajosa ao mesmo tempo, estava carregada de medo e angústia... Aquele alfa o destruía.
– Meu amor... – Jeongguk, sem hesitar, chegou mais perto de Jimin, que parecia que iria se fundir com a parede suja, e com muito debate por parte do ômega, o pegou no colo, ainda com alguns pequenos protestos, que logo foram cessando, a medida que Jeongguk apertava um de seus nervos da nuca, esse que faria o ômega desmaiar até, no máximo, amanhã de manhã. – Desculpe, mas eu te amo demais para te deixar ir, meu ChimChim...
O alfa lúpus logo saiu da cela, e quando subiu as escadarias que dariam em um salão pequeno, na parte traseira do castelo, encontrou o guarda que o tinha levado até ali, e o devolveu as chaves.
O guarda olhava surpreso para Jeon levando Jimin para algum lugar. Por que ele fazia isso? Ele sabe ao menos que o prisioneiro tem pertences, e o mais importante de tudo, ele sabe que o prisioneiro tem uma ordem de morte?
Bem, o guarda simplesmente ignorou, e como interpretado por si, resolveu que deveria jogar as coisas do ômega fora, afinal, o ômega não precisará mais delas... Não mesmo.
Jeon subia as escadas, em direção ao seu quarto, e todos os empregados dali o olhavam surpresos...
Mas, uma em específico.
A beta que tinha uma paixão secreta por Jeon.
Aquilo não ficaria barato para Jimin. Ah, mas não ficaria...
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Jimin POV~
Acordei em um quarto, mas, não era qualquer quarto... Era o quarto de Jeon.
O alfa não estava na cama, mas, seu cheiro ainda estava nela, o que indicava que ele acabara de sair do quarto.
Eu vestia uma blusa social dele, eu já havia a usado antes. Mesmo estando pequena nele, em mim parecia um vestido.
Espera... Vamos repassar tudo que aconteceu...
Eu estava numa cela, me matando de tanto chorar, Jeongguk chega, e sem nenhuma permissão, me segura no colo, e eu apaguei. 
Só me lembro disso.
Ah não, será que ele abusou de mim?! 
Levantei-me da cama, já esperando uma enorme dor nos quadris e na bunda, mas tudo que senti foi um embrulho no estômago, e o vômito na garganta. Fui correndo até o banheiro, abrindo a tampa da privada, e pondo tudo para fora, senti uma enorme tontura, e vomitei mais um pouco.
Logo o cheiro de Jeongguk invade minhas narinas, e escuto a porta do banheiro sendo aberta bruscamente, e sua voz soar alto.
– JIMIN! – Ele veio correndo até mim, mas eu tentava me afastar. Logo as lágrimas estavam querendo sair. – O que está acontecendo, meu amor? Está se sentindo bem, quer que eu chame um médico? 
Ele afagava minhas costas contra minha vontade, enquanto eu negava, e vomitava mais um pouco. 
Ele não se importou com a minha resposta, pegou seu celular e discou o número da área hospitalar.
Minhas lágrimas já saiam sem parar.
O enjoo foi diminuindo, então, logo parei de vomitar.
Me sentei no canto do banheiro, e encarei Jeongguk com um olhar pesado.
– E-eu quero vero Jin-Hyung e o TaeTae... – Disse entre soluços. Eu ainda chorava.
Jeon olhou para outra direção, mas, logo me encarou de volta, e se aproximou. Não havia para onde eu fugir, então apenas fiquei parado.
– Posso chamá-los aqui. – Disse me pegando no colo e me abraçando, abraço esse que foi muito bem rejeitado. 
Aquilo estava estranho... Desde quando Jeongguk deixa os empregados entrarem em seu quarto, ainda mais em sua presença?
– N-não. Eu quero ir na cozinha e conversar com eles se vossa majestade no meu cangote. – Tentei soar o mais indiferente possível, mas, isso só acatou uma risada de Jeon.
– Jimin... – Me chamou, e não o encarei. Ele pareceu se frustrar com aquele pequeno ato, mas logo voltou a falar. – Desse quarto você não sai mais. – Terminou de dizer.
Foram questão de segundos para eu começar a chorar intensamente.
Ele estava me privando até mesmo de ter uma conversa com os meus amigos?! De ir no Jardim, o único lugar naquele castelo o qual me trazia calma?
– Por que você faz isso?! – Perguntei desesperado, saindo do colo do alfa, esse que estava sentado em sua cama.
Corri até a porta e tentei a abrir desesperadamente, mas Jeongguk segurou-me na cintura por trás, e me pegou novamente no colo, agora, tentando me acalmar.
– Eu te amo muito, Jimin. Não quero que fuja novamente, então, você só sai desse quarto junto comigo. Quero que você me ame, assim como eu te amo, e assim viveremos felizes. – O Olhei com medo, e logo o empurrei de leve para descer de seu colo.
– Nunca. – Disse tentando olhar em seus olhos, mas eles me davam medo. E agora que ele parecia ter se enfurecido, eu estava praticamente todo cagado.
Jeongguk ia me pegar pela cintura, mas desviei. Não foi por impulso, não foi porque eu quis, e sim pela súbita vontade de vomitar, que apareceu novamente.
Corri novamente para o banheiro, e me debrucei na privada, que ainda estava aberta, e botei tudo e mais um pouco para fora.
Jeongguk, parecendo ter se arrependido de ter me olhado daquele jeito, chegou por trás de mim, e me abraçou, acariciando minhas costas, e colocando mechas de meus cabelos para trás de minha orelha.
Logo ao parar de vomitar, e Jeon me olhar preocupado, alguém bateu na porta, e Jeongguk foi abri-la, já que tinha a chave e eu não conseguia me levantar direito, estava um pouco fraco, mas nem tanto assim.
Vi um beta de meia idade passar pela porta do banheiro, ele vestia um jaleco branco, e possuía uma maleta preta. Devia ser o tal médico que o lúpus chamou...
O alfa me pegou no colo, carinhosamente, e me colocou sobre os lençóis de sua cama.
Ele estava tentando ser carinhoso comigo, mas eu não vou me entregar!
– Por favor, vamos começar o check-up. – Falou o médico, que tirou umas aparelhagens modernas de sua maleta, e começou a me examinar, enquanto Jeongguk quase esmagava minha mão, de tanto que a apertava. Ele estava preocupado...
É... Essa é a minha vida no castelo, quero dizer, quarto, versão 2.0... Bem vindo ao meu inferno.
Continua...
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Pra quem ficou decepcionado pensando que aquele aviso era um capítulo, agora não é mentira! Kkkkkkk
Bjs, FUUUUUUUIIII!
*some na imensidão*

Obsession, The Amethyst Ring - ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora