-Estou a ver que há imensa coisa que tu não sabes- eu apenas olhava para ele feita uma retardada, não entendia nada daquilo que estava a acontecer, esta noite está a ser sem dúvida das mais estranhas que já vivi na minha vida.
-É mas suponho que tu me vais contar essas coisas- disse, ambos parámos em frente à sua mota.
-Se tiveres disposta a ouvir, claro, mas aviso já que não é apenas coisas boas Noa, pelo que percebi o teu pia, escondeu-te grande parte da vida dele, não sei até que ponto não vais ficar chocada com as revelações- subiu para a mota- Anda, explico-te o resto em minha casa.
Ele deu-me um capacete, eu coloquei-o, subindo de seguida para a mota, e aquela sensação invadiu-me novamente, a sensação de estranheza, mas também de liberdade. E juntamente com os meus pensamentos ele arrancou. Eu fechei os olhos, estava com medo admito, e acho que ele notou isso, também como é que não devia ter notado, agarrei-me a ele com uma força descomunal, eu apenas olhei pelo retrovisor e fiz um sinal de que estava tudo bem, então ele continuou o caminho até casa. Assim que chegámos, fiquei espantada, ele não tinha uma casa, mas sim uma mansão.
-Por aqui- disse ele, andando à minha frente. Segui-o olhando espantada para tudo, e questionando-me a mim mesma como é que ele tinha aquilo em sua posse, normalmente os motards não têm assim tanto dinheiro. Entrámos e novamente o meu queixo quase que caiu. A casa era incrivelmente limpa e organizada, parecia que não passava lá muito tempo. Fomos em direção à sala onde ele se sentou e fez sinal para eu me sentar também.
-Bem por onde queres que comece?
Olhei para ele e ri-me, eu não sabia sequer o que eu estava ali a fazer, não tinha confiança com ele, ele apenas me trouxe para aqui, como se me conhecesse aos anos. Admito quando ele disse que iríamos para casa dele não protestei porque queria saber das supostas coisas que o meu pai me escondia, mas agora não sei se foi uma boa opção, admito que estava com receio de saber o lado do passado do meu pai que era desconhecido para mim.
-Que tal começares por me dizeres como é que conheceste o meu pai.
Ele desencostou-se do sofá, colocou as mão no joelhos e olhou para mim- Eu conheci o teu pai quando tinha uns 17 anos, o meu pai trabalhava para ele, era o seu braço direito, então convivia todos os dias com ele, entrei para o grupo de Hell Angel's a convite dele, e obviamente aceitei, comecei a subir de cargos dentro do grupo até que cheguei à mesma posição que o meu pai, o teu pai tratava-me como um filho. É por isso que neste momento sou eu o chefe, ninguém sabia que o Campbell tinha uma filha.
-Ele nunca tinha falado de mim?- não sabia se agradecia ou ficava chateada pelo meu pai nunca me ter referido.
-Nunca, e eu percebo porque, ele queria proteger-te, não queria que tivesses a mesma vida que ele teve- respondeu, e eu fiz uma cara de interrogação, como assim a vida que ele tinha?- Noa, isto não é fácil de se explicar, sou um completo estranho para ti, assim como tu és para mim, mas acho que tens o direito de saber a real história do teu pai, se eu fosse tu neste momento gostava que o fizessem.
-Sim tens toda a razão, portanto peço-te, que me contes tudo o que sabes, a verdadeira história, e não quero que em algum momento enquanto falas, por mais dolorosa que seja a verdade, que me olhes com pena, porque não sou nenhuma coitadinha.
-Não o tencionava fazer. Muito bem, o teu pai tinha um vida dupla. Ele aos olhos das pessoas do mundo era um homem simples, trabalhava como mecânico do motas, mas no nosso mundo, ele era o gangster mais respeitado e poderoso de toda a Califórnia. E tu como filha dele és portadora de toda a sua herança. Ele com certeza escondeu-te isto porque não queria que seguisses as pisadas dele, ele tinha e têm muitos inimigos Noa, e não queria por a tua vida em risco, por isso é que ninguém sabe a tua existência, nem eu sei como é que ele te conseguiu esconder, e a sua morte, não foi um acidente, mas sim um morte planeada, por um dos muitos rivais do teu pai, que até ao momento o grupo ainda não descobriu. E está, muito resumidamente é a verdade à cerca do teu pai.
Justin falou com a maior naturalidade possivel, ele sem duvida cumpriu aquilo que eu lhe pedi, já eu não sabia o que falar, estava completamente em choque. O meu pai era um gangster, e como isso não bastava, ainda conseguia ser o maior da Califórnia, juntamente com o seu grupo. E a sua morte não foi um acidente mas sim um morte planeada? Durante todo este tempo eu vivi uma mentira? Eu estava assustada, mas o meu sentimento de raiva sobreponha-se a esse, eu queria vingar-me, não tinham direito de me ter tirado aquilo que eu mais amava na vida.
-Tu também és um deles? Um gangster?- pronunciei-me finalmente- Quer dizer, claro que és, se és o chefe. Mas e o teu pai? Não devia ser ele a tomar conta do lugar do meu pai quando ele morreu?
-Seria, se na noite em que o teu pai morreu, não tivesse desaparecido, desde esse dia que não sabemos do paradeiro dele, apesar de ainda não termos parado de procurar. Então tive de ser eu a tomar o lugar do teu pai- falou, eu apenas tentava processar toda aquela informação, esta noite tornou-se de uma noite monótona e normal como todas as outras, para uma noite cheia de revelações, talvez a noite, mais insana de toda a minha vida.
-Isto é muita informação- coloquei as mão na cabeça.
-Eu sei que é, o que é que pretendes fazer?
Os olhos dele estavas colados nos meus. Eu não sabia o que fazer, eu queria vingar a morte do meu pai, ele merecia isso, mas para isso com certeza teria de fazer coisas que nunca na minha vida pensava em fazer, até hoje. Eu acho que Justin sabia a resposta, porque no canto da sua boca era visível um pequeno sorriso. Eu apenas ignorei e dei-lhe a resposta que ele queria ouvir.
-Vingança- respondi e o mesmo encostou-se no sofá novamente.
-Como eu suspeitava- disse ele, visivelmente satisfeito.