Era uma noite normal de sábado como todas as outras, pelo menos eu pensava que era. Ia sair com o meu grupo de amigas, eram habituais estes encontros, nos quais contávamos as novidades que tinham ocorrido durante a semana, riamos sem parar umas com as outras, bebíamos uns copos, relaxávamos. Decidimos que hoje íamos a um bar diferente daqueles que estávamos acostumadas, e por uma sorte, tinha acabado de ser inaugurado ontem, era um típico bar de motards, um ambiente rústico, com ar de anos 70, simplesmente diferente.
-Tens a certeza que queres vir aqui Noa?- apresento-vos a serena, a cautelosa e mais assustada do grupo, não gosta de sair da sua área de conforto, mas vai sempre atrás de nós, depois de insistirmos.-Serena, é algo novo, vamos entrar e experimentar, caso não seja do nosso agrado, pegamos nas nossas coisas e vamos embora, além disso aposto que têm homens lindos lá dentro- Blair, a típica rapariga apaixonada e romântica, também um pouco louca, com ela ninguém está triste, é a comédia em pessoa.
-Meninas, deixem-se dessas conversas e vamos entrar- esta sou eu, não me vou estar a descrever, ao longo do tempo vão percebendo com eu sou, uma completa confusão.
Cá fora, o estacionamento estava repleto de motas, de todos os tipos que podem imaginar, um pequeno segredo aqui entre nós, sou uma grande fã de motas, foi habituada desde e criança a conviver com elas, o meu pai costumava andar, e eu ia com ele, fazia parte de um grupo de motards, muitas vezes eram organizados eventos onde saiam todos juntos pelas ruas de Califórnia, eu adorava, mas tudo acabou quando ele morreu no ano passado num acidente de mota enquanto ia para o trabalho, fiquei destroçada, e nunca mais peguei numa mota que fosse, não por medo, mas sim porque cada vez que andava me lembrava dele, e dos momentos que tínhamos passado juntos. Ainda mais foi criada somente por ele, pois a minha mãe dois anos depois de eu nascer fugiu com outro homem, deixando-me para trás. História triste, blá blá blá, não vejo assim, sou quem sou, graças às coisas que me aconteceram ao longo da vida, portanto não voltaria nem pedia que alguma coisa fosse diferente.
Entrámos e sentámo-nos numa mesa ao fundo do bar, pedimos as nossas bebidas e começamos a conversar, admito que não estava muito atenta na conversa que estávamos a ter, estava a pensar como seria vir com o meu pai a um local destes, ele iria adorar. Um grupo de homens com mais ou menos 50 anos estava a conversar ao balcão, todos tinham vestidos seus blusões, com um símbolo de uma caveira trespassada com uma espada, já tinha visto este símbolo pelas ruas, todos os mostards tinham o seu grupo, e as vezes existia uma grande rivalidade entre eles, devido a territórios, nunca percebi muito bem.
-Noa?!- Serena passava a mão de um lado para o outro em frente aos meus olhos.
-Desculpem, estava distraída- disse olhando para a minha bebida.
-Está tudo bem?- desta vez foi Blair que se pronunciou- Pareces triste.
-Não, estou bem, apenas este ambiente faz-me lembrar o meu pai- sorri no final da frase- Mas está tudo bem.
Quando ambas se iam pronunciar, o porta do bar foi aberta abruptamente, e entraram sem exagero uns quinze homens, todos eles com idades entre 20 e 40 anos, não vinham com uma cara nada boa. O grupo que estava a observar à poucos minutos, levantou-se e ficaram ambos cara a cara. O grupo que tinha entrado abre-se a meio e de lá surge um rapaz, com aspeto de quem ainda era novo, uns 22 anos, não tinha mais que isso, olhou de cima a baixo os homens a sua frente, e de seguida, veio sentar-se na mesa à frente da nossa, a ele juntaram-se outros 3 rapazes. Todo voltou a fazer aquilo que estava a fazer antes deste pequeno momento, por momentos pensei que fosse armar ali confusão. O rapaz ficou de frente para mim, a certa altura os seus olhos cruzaram-se com os meus, ficamos durante uns segundos a olhar, até que eu desviei, incomodava-me o contacto visual.
Estava cansada de estar ali, a noite tinha ficado aborrecida- Meninas, quero ir embora, isto já deu o que tinha a dar- as duas concordaram comigo, fomos pagar as nossas bebidas. Sentia os olhos do rapaz a queimarem as minhas costas, mas em nenhum momento decidi olhar para trás, no momento em que íamos sair, olhei por breves segundos, e reparei num pequeno pormenor, o símbolo que estava cozido na parte de trás da sua casaca de cabedal, era o mesmo símbolo que o meu pai tinha, na dele. O rapaz apercebeu-se que eu o estava a encarar, e nos seus olhos dava para perceber que ele estava a questionar o meu ato, eu, eu apenas olhei para a frente e sai.
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