XX - O Pouso da Águia

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Balançando as rédeas, Marcus galopou até alcançar os portões e pediu que o abrissem. Mas os temerosos guardas nada fizeram.

Certamente não estavam sobre um ataque, mas a quebra de rotina deixou a todos perdidos. O mal de acomodar-se. Uma das sentinelas gritou em aviso.

- Dois indivíduos a um terço de terreno campestre! Um garoto a cavalo e outro a pé.

O coração de Marcus acelerou. Escar podia ser facilmente confundido com alguém mais jovem. Ele olhou em direção a Izidoro que finalmente recobrando o controle ordenou.

- Abram os portões!

Os guardas destravaram a enorme estrutura e começaram a abri-la. Não havia outro som além das vozes dos soldados. Ao longe Marcus os avistou. Disparou o mais rápido que pôde rogando aos deuses que não estivesse sonhando ou tendo uma alucinação.

A realidade se fez notar conforme se aproximava deles. Foi reduzindo a velocidade ao alcançar uma curta distância até os dois. Saltando do cavalo, correu e abraçou a Escar não podendo conter tamanha felicidade.

- Os soldados estão olhando, romano. - Escar o repreendeu sentindo o aperto de seus fortes braços.

Marcus o ergueu e disse em seu ouvido tomado de emoção.

- Eu seria capaz de arrancar suas vestes e fazer amor com você diante de todos. - sentiu Escar estremecer. - Sorte sua que Tristan está aqui.

- Então a sorte é sua, foi ele quem insistiu para virmos.

Marcus olhou para o garoto que parecia um pouco confuso e sentiu que gostava ainda mais dele.

***

Em meio a chuva, o trio chegou até a velha estrutura da estalagem abandonada.

Tristan foi para dentro da sede a procura de se aquecer. Tio e sobrinho chegaram até a muralha somente com um cavalo, suas vestes e um arco com algumas flechas. Izidoro gentilmente ofereceu estadia, mas eles recusaram, se limitando a saborear uma farta refeição enquanto Marcus explicava ao comandante quem era o garoto.

Eles precisavam seguir viajem de pressa de qualquer forma. Logo a notícia de três indivíduos cruzando os portões de entrada do território Imperial seria divulgada entre os postos de vigilância até chegarem aos fortes e aldeamentos.

Durante todo o percurso até ali, Marcus simplesmente não conseguia deixar de olhar para Escar que agora possuía montaria própria. Um presente de Izidoro por seus serviços prestados ao império. Escar foi alimentar os animais e Marcus após uma rápida sondada pelo terreno foi para dentro das ruínas da sede onde Tristan, que estava sentado num caixote, olhava a chuva que caía vagarosamente.

Sentia-se imensamente grato ao garoto que convenceu o tio a segui-lo. Ainda não havia trocado uma palavra com ele. Seu comportamento lhe lembrava muito o de Escar quando se conheceram.

Um fogo ardia no que fora uma chaminé deixando o ambiente mais aconchegante; o garoto era tão habilidoso quanto o tio. Marcus permaneceu na entrada até Escar retornar. A chuva transcorreu pela noite e eles foram jantar.

- Ele gosta de maçã e mel? É uma boa combinação. - perguntou Marcus para Escar.

- Não sei.

- Pergunte a ele, por favor.

Escar se voltou para o garoto e fez a pergunta. Eles estavam terminando de comer pão com nacos de presunto. Entre as provisões recebidas na muralha havia algumas guloseimas que eram verdadeiros objetos de luxo.

A Águia (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora